Patinhas: “O PCdoB sai mais forte após o seu 12º Congresso”

Para o presidente do PCdoB no Ceará, Carlos Augusto Diógenes (Patinhas), a avaliação sobre o 12º Congresso do Partido é positiva. Realizado entre os dias 05 e 08 de novembro em São Paulo, o encontro finalizou um processo de meses de debates e estudos. Com 948 delegados participantes e cerca de 100 representantes de delegações estrangeiras, o 12º Congresso do PCdoB foi considerado um dos mais importantes já realizados pelo Partido.

Carlos Augusto Diógenes - Patinhas _CE

Patinhas confirma que o principal tema discutido durante os debates foi o rumo que o PCdoB terá nas próximas décadas. “Ainda em 1995 atualizamos o nosso programa socialista mas nele permanecia uma interrogação: qual caminho seguir para chegar ao Socialismo?”, questionou. Segundo o dirigente, de 1995 até os dias de hoje, com as experiências adquiridas com a resistência aos governos neoliberais e com o novo ciclo político iniciado com o governo Lula o PCdoB tem acúmulo para vislumbrar um caminho de avanços na sociedade brasileira. “Através da elaboração coletiva, conseguimos aprovar um programa atualizado pensando no progresso do país e do seu povo¨.

Saltos civilizacionais

Para contextualizar a situação atual que vive o país e o PCdoB, Patinhas relembra fatos da história brasileira. “De 1500 até 1889, podemos dizer que o Brasil viveu o processo de construção da nação brasileira. Com a independência em 1822 e com a implantação da República em 1889 o Brasil deu seu primeiro passo civilizacional constituindo-se como uma nação uma e um povo uno.

O segundo passo, segundo Patinhas, surge com a Revolução de 1930. ¨As duas primeiras décadas do século XX formam uma fase de transição importante para o Brasil. O movimento tenentista representa o desejo de mudanças de setores importantes da sociedade brasileira. Com a revolução de 30 surge a industrialização, a urbanização, a conquista das mulheres do direito ao voto. Até 1964, o Brasil era o país que mais crescia no mundo”, recorda. Criado em 1922, o PCdoB não compreendeu o que estava ocorrendo no país.Isolou-se do processo político e não interferiu no seu curso.

Para Patinhas, o país está prestes a dar seu terceiro salto civilizacional. “Durante o 12º Congresso do PCdoB, reafirmamos a importância do nosso projeto que define o rumo socialista. O desenvolvimento do país desencadeado no Governo Lula, que busca a redução das desigualdades sociais e regionais, demonstra que é possível o avanço do país em questões essenciais”. Neste sentido, de acordo com o dirigente, o Partido se prepara para participar diretamente ao lado de outras forças progressistas desta necessidade concreta da sociedade brasileira: “que o Brasil se torne uma nação forte, desenvolvida, moderna, democrática, soberana e livre das desigualdades sociais e regionais”, enumera.

Para superar estes desafios, Patinhas reconhece que a caminhada será longa e difícil. “Temos clareza que o caminho para o socialismo passa por reformas estruturais e rupturas. Teremos avanços e retrocessos. Este percurso está definido na plataforma política discutida durante o 12º Congresso. A ele denominamos de Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento (NPND)”.

Conclusões do 12º Congresso

Patinhas reforça que os temas discutidos durante o encontro já vinham sendo estudados pelo Comitê Central do PCdoB desde janeiro deste ano. “Uma das conclusões que tiramos após o encerramento dos debates é de que é preciso atuar no curso do cenário político existente no país, sempre ao lado das forças avançadas e progressistas da sociedade. Só com a união do povo, teremos forças para combater os setores conservadores da sociedade¨.

O comunista destaca outra conclusão importante ressaltada durante o Congresso. “É preciso reforçar a atuação do PCdoB nas três frentes de luta (institucional, movimentos sociais e luta de ideias). Aumentar a articulação entre elas vai criar condições para a construção de um Partido grande e forte. Hoje sabemos que para exercermos um papel de destaque, precisamos de um Partido forte e com atuação articulada em todas as frentes de luta ”, reforça Patinhas.

Política de quadros

De acordo com o dirigente, o PCdoB é um partido diferenciado dos demais. “Somos um Partido nacional com funcionamento regular. No entanto, precisamos aprimorar a estruturação dos Comitês Municipais e bases. A nova política de quadros visa responder aos desafios de nossa época, que é a construção de um Partido Comunista de massas em busca da hegemonia política”, informa. Patinhas reforça que o PCdoB forma quadros políticos para todas as frentes de atuação. “Queremos aprimorar nossa política de quadros, ampliando sua visão. Para nós é importante que o Partido cresça, tenha funcionamento regular em todas as instâncias e crie ramificações em toda a sociedade e seja o mais representativo possível”.

Elaboração coletiva

Reeleito membro do Comitê Central do PCdoB, Patinhas destaca o grande envolvimento de toda a militância durante o processo de construção do Congresso. “O programa aprovado no 12º Congresso é resultado de meses de debates. Foram mais de 200 emendas analisadas e grande parte foi incorporada. Neste sentido, o programa final adquire outro formato, com a assimilação de novas idéias”, declara.

Ato político

De acordo com Patinhas, o ponto alto do 12º Congresso do PCdoB foi a realização do ato político que contou com a participação de cerca de 1.800 pessoas, além da presença do Presidente Lula, de oito Ministros, do governador do Rio de Janeiro e representantes de diversos partidos. “Isso mostra que o PCdoB conquistou prestígio no país. O evento nos deixou animados e fortificou o sentimento de que precisamos cultivar as relações com as forças democráticas e populares no Brasil. Mostrou a força da ideia da unidade”.

Eleição do novo Comitê Central

Foram eleitos 105 membros. Além de Patinhas e do Senador Inácio Arruda, que foram reeleitos, agora também fazem parte do Comitê Central o Deputado Federal Chico Lopes e a sindicalista Marta Brandão, vice-presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) no Ceará. “Tivemos um salto de 100% de cearenses na direção nacional. Notamos renovação com a escolha de muitos jovens, sindicalistas, mais de 30% de mulheres, além de representantes de 21 estados brasileiros (antes só 14 estados participavam do Comitê Central). Isso mostra a preocupação do PCdoB em renovar e formar os futuros dirigentes do Partido”, comemora.

Dentre a renovação no Comitê Central do PCdoB, Patinhas ressalta a eleição de Ana Maria Prestes, neta de Luis Carlos Prestes. “Desde os 16 anos, ela atuava na União da Juventude Socialista (UJS). Agora com pouco mais de 20 anos, a comunista não quer ser conhecida apenas pelo parentesco com o avô, mas com a continuidade que deu as suas ideias”.

Bancada cearense

“Tivemos uma importante participação durante o Congresso. Nossa delegação foi formada por 56 membros que atuaram de forma presente no encontro. Podemos dizer que o 12º Congresso do PCdoB foi vitorioso e o Partido sai ainda mais forte com o embasamento para teórico e político para as próximas décadas”, finaliza Patinhas.

De Fortaleza,
Carolina Campos