George Câmara: A Conferência de Comunicação e os Barões da Mídia

São cerca de quarenta e cinco conferências temáticas realizadas ao longo dos dois governos do Presidente Lula, numa agenda democratizante que já envolve aproximadamente quatro milhões e meio de pessoas em toda a sociedade brasileira, nesses últimos sete anos, na elaboração de diversas políticas públicas.

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Um verdadeiro choque de educação militante e de participação cidadã que em muito interessa aos historicamente excluídos. Ao mesmo tempo, parece incomodar uma elite que encara o Brasil como uma grande senzala e não se conforma em ver o povo tendo acesso aos primeiros degraus da cidadania.

Por que a 1ª Conferência Nacional de Comunicação demorou tanto para ser convocada? Por que esse tema incomoda tanto? Que privilégios estão por trás de tamanha resistência ao debate transparente sobre a mídia, no Brasil?

Os embates entre os movimentos sociais e de luta pela democratização das comunicações, de um lado, e os empresários da mídia em nosso país, de outro, em torno da realização dessa Conferência estão provocando, da parte destes, reações de todo tipo. Tentativas que vão da chantagem patronal para impor posições até as ameaças de boicote.

Do alto de seu pedestal, os barões da mídia se encontram diante do risco de participar de uma conferência institucional que questione publicamente as regras do jogo para a concessão de outorgas de emissoras de rádio e televisão e que discuta alterações no marco regulatório referente às comunicações no país.

Está na hora de exigir o respeito e garantir a regulamentação de dispositivos constitucionais como o que impede a propriedade cruzada de meios de comunicação, como também o que prevê a complementaridade entre o sistema público, privado e estatal na radiodifusão.

Num país em que cinco famílias determinam o rumo da mídia, questiona-se o próprio Estado Democrático de Direito. Os Frias, da “Folha de São Paulo”; os Mesquita, do “Estado de São Paulo”; a família Marinho, da “Rede Globo”; a família Abravanel, do “SBT”; os Civita, da “Editora Abril”. Tais empresas ditam o que deve ser ou não ser “notícia” no Brasil.

Quem trabalha com a comunicação social detém o imenso poder de controlar a formação da opinião e de manipular corações e mentes. Em nosso país, os exemplos são elucidativos em relação ao papel daquilo que o jornalista Paulo Henrique Amorim chama de PIG – Partido da Imprensa Golpista.

A conspiração da extrema direita que levou ao suicídio do Presidente Getúlio Vargas. O apoio ao golpe militar de 1964 e à ditadura fascista a partir de então instalada. O boicote à Constituinte de 1988. O alinhamento absoluto à agenda neoliberal de governos entreguistas como os dois Fernandos. A manipulação grosseira em todas as eleições presidenciais, de 1989 a 2006.

No recente livro “A Ditadura da Mídia”, o jornalista Altamiro Borges afirma que “a mídia hegemônica vive um paradoxo: nunca foi tão poderosa no mundo e no Brasil, ao mesmo tempo em que nunca esteve tão vulnerável e sofreu tantos questionamentos da sociedade”.
Hoje, cresce a resistência ao poder manipulador da mídia. Tal qual no Brasil, as mentiras ditadas pela CNN e Fox para justificar a invasão do Iraque logo foram desmascaradas em todos os países.

Nos embates da 1ª Conferência Nacional de Comunicação, que vença a sociedade brasileira.

 

George Câmara, petroleiro, advogado e vereador em Natal pelo PCdoB [email protected]
www.georgecamara.com.br