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Honduras: EUA enviam novo negociador para retomar acordo

O governo dos Estados Unidos voltou a enviar um diplomata a Honduras para pressionar por uma saída para a crise que o país vive desde a deposição do presidente Manuel Zelaya no golpe de Estado de 28 de junho.

O vice-subsecretário norte-americano para América Latina, Craig Kelly, se reuniu terça-feira (10) com o governo golpista e o presidente deposto e continuará hoje as negociações com a comissão de verificação para “forçar os dois lados a continuar tentando um acordo antes das eleições de 29 de novembro”, segundo o anúncio do departamento de Estado dos EUA.

Kelly não quis fazer declarações sobre as reuniões com cada lado, mas entre a imprensa foi dito que a nova proposta dos EUA recomendaria uma renúncia do golpista Roberto Micheletti, que cederia o cargo a uma terceira pessoa.

Cogita-se o nome de Víctor Meza, ministro de Zelaya, para presidir um governo de reconciliação nacional até as eleições, quando o presidente legítimo seria restituído para concluir o mandato.

Depois da reunião com Kelly, o presidente deposto disse desconhecer a proposta, e acrescentou que, caso ela seja apresentada, não a aceitaria. “Minhas posições são inegociáveis”, advertiu, em referência à restituição como única mandeira de legitimar as eleições.

Kelly chega uma semana depois do fracasso dos acordos promovidos por seu superior, Thomas Shannon, e com o calendário apertado. Faltam apenas 18 dias para as eleições e, ainda que os EA apostem em validá-las para encerrar o assunto, a legitimidade do pleito fica ameaçada se Zelaya não volta ao poder.

Na terça-feira, a OEA (Organização dos Estados Americanos) descartou a possibilidade de enviar observadores para a votação. E hoje se espera uma resolução conjunta da União Europeia afirmando o mesmo.

Internamente, a tensão em Honduras fica mais intensa. A campanha eleitoral é escassa. A publicidade nas ruas e os comícios são raros, e as concentrações políticas são contadas nos dedos.

O Tribunal Supremo Eleitoral financiou um anúncio em rádio e televisão para promover o voto entre os eleitores. Em 30 segundos, a propaganda repete uma única frase: “Escolham por vocês ou por Chávez” – dando a entender que quem não participar estará apoiando o presidente venezuelano.

A afirmação tem pouco a ver com a realidade nas ruas. Nelas, muito além do debate político, vem crescendo a violência. Enquanto a frente de resistência pró-Zelaya continua denunciando hostilidades e ameaças a seus integrantes, são cada vez mais frequentes os tiroteios contra sedes de partidos e explosões de baixo impacto em centros comerciais ou veículos de comunicação afins ao regime, cuja autoria ninguém reivindica.

Ontem, incendiaram dois prédios do governo no interior do país. Em Tegucigalpa, capital dos matadores de aluguel, assassinaram José Eduardo Callejas, irmão do ex-presidente Rafael Leonardo Callejas (1990-1994), que apoiou o golpe.

É o segundo assassinato de político nesta semana. Na segunda-feira, um candidato a prefeito do Partido Nacional (conservador) foi morto a tiros. No entanto, não há confirmação de que os crimes têm relação com a crise hondurenha.

Fonte: Opera Mundi