Ivina Carla – A persistência da Idade Média

Circula pela internet a história da “surpreendente” minissaia. Claro que o que me faz escrever sobre isso não é o acessório usado pela jovem, peça que surgiu nos anos 60 e que costumo usar e vejo todos os dias na minha instituição de ensino, nas ruas, enfim em qualquer lugar. O que me chamou atenção foi o preconceito, as injúrias arremessadas sobre aquela estudante.

Alguém poderia apontar um crime que esta jovem cometeu? Mas contra ela foram cometidos vários e quem será punido? Quem vai pagar os danos psicológicos sofridos por ela? É revoltante assistir que um espaço plural, de formadores de opinião como uma universidade, ainda existam reações abomináveis como essa.

O pior é que histórias assim acontecem todos os dias, de formas mascaradas e indo até os extremos desrespeitando as mulheres, gays, lésbicas, negros, índios. O respeito à diversidade não é algo tão simples e não adianta somente as políticas de inclusão pra pagar a dívida social. É necessário descobrir um mecanismo que elimine esse preconceito arraigado na nossa cultura.

É de indignar assistir aos gritos de acusação e de repulsa. Se a garota for prostituta ela merece respeito do mesmo jeito. Homens e mulheres que com certeza tem seus “tetos de vidro” despejando horrores e agindo de forma inquisitorial contra alguém que não teve nem chance de se defender, sendo escoltada pela polícia. E o direito de ir e vir? Nesse caso nem existiu.

Esse fato não deve chamar para reflexão porque estamos cansados de saber que o direito humano deve ser preservado e para isso existiram as convenções internacionais, leis e algo que deve ser imprescindível para qualquer pessoa de bem: o respeito. Um caso assim deve nos alertar para uma luta que não está ganha por mais que tenhamos algumas vitórias, mas estas ainda são poucas para o que queremos. Devemos estar firmes contra todos os tipos de opressão e que histórias repugnantes como esta não aconteçam mais. Que possamos abolir de vez essa idade média que teima em existir entre nós e alcançar outra sociedade que valorize homens e mulheres dentro de um verdadeiro sentido libertário.

Ivina Carla é acadêmica é de Jornalismo