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Venezuela acusa Colômbia de espionagem

A Venezuela anunciou, nesta terça-feira (27), ter capturado membros do Departamento Administrativo de Segurança (DAS) – o serviço de inteligência colombiano – em ações de espionagem e com planos de desestabilizar o governo do presidente Hugo Chávez. O país exigiu de Bogotá que cesse esse tipo de atividade, em um episódio que eleva as tensões nas já deterioradas relações entre as duas nações.

A Venezuela não deu detalhes da operação e a identidade dos presos, mas afirmou que todos eles serão processados em tribunais venezuelanos. À noite, o presidente Hugo Chávez disse que o aumento da presença dos agentes colombianos em seu país estaria relacionada a um plano arquitetado pelos EUA contra seu governo.

"Quando um governo hostil aprogunda as investigações, atrevendo-se a violara cordos internacionais, isso indica que há planos contra a Vanezuela e, atrás desses colombianos, está a mão da CIA e dos EUA", denuinciou Chávez.

"Não se engane com o que significa para nós uma situação tão séria e tão grave como a captura de integrantes do DAS colombiano em ações de espionagem contra nosso governo", alertou o vice-chanceler Arias Cárdenas. Segundo ele, as autoridades apresentariam "nas próximas horas" provas que comprovam as acusações feitas por Caracas.

Em Bogotá, o DAS emitiu um comunicado negando que seus agentes tenham recebido instruções para desenvolver atividades em território venezuelano. "Nossos funcionários são expressamente proibidos de se deslocar para o território desse país", diz o comunicado.

A embaixadora da Colômbia na Venezuela, María Luisa Chiappe, também rejeitou as acusações: "Não tenho conhecimento de que o DAS realize essas atividades na Venezuela."

Na segunda-feira, a chancelaria venezuelana já havia enviado uma nota de protesto pela "reiterada presença" de agentes do DAS no país. No documento, a Venezuela ainda exige o "fim imediato" dessas atividades. A nota foi a segunda enviada à Colômbia em menos de 48 horas. No sábado, o governo Chávez condenou as declarações do ministro da Defesa colombiano, Gabriel Silva, que afirmou que os voos relacionados ao tráfico de drogas saíam da Venezuela.

A tensão entre Caracas e Bogotá – cujas relações foram congeladas por Chávez em julho por causa do acordo militar feito pela Colômbia com os EUA – foi renovada no fim de semana depois do assassinato dos oito colombianos perto da fronteira.

A chancelaria ter negou que a acusação de espionagem esteja ligada com o incidente. Mas o vice-presidente Ramón Carrizáles afirmou que os colombianos mortos poderiam paramilitares ou agentes infiltrados na Venezuela. "A maneira com que chegaram e sua identidade como grupo nos faz pensar que são parte desses planos de infiltração de Bogotá apoiados por fatores internos", disse Carrizáles.

Bogotá não quis apontar supostos culpados pelo ocorrido. O chanceler colombiano, Jaime Bermúdez, apenas disse que "todas as hipóteses" estão sobre a mesa para discussão. Ainda ontem, o cônsul da Colômbia no Estado venezuelano de Barinas, Jairo Martínez, disse que também investiga denúncias de um massacre de cinco colombianos na região ocorrido em agosto.

Com agências

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