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Ultimato de Aécio gera dilema para Serra

O PSDB, seu presidenciável nº 1, José Serra, e seu presidente de honra, Fernando Henrique Cardoso,estão em um dilema com dois meses de prazo para resolver. O grande trunfo remanescente do tucanato é ser governo nos dois maiores estados brasileiros, São Paulo e Minas Gerais. É ele que ameaça ir para o brejo com o ultimato de seu presidenciável nº 2, o governador mineiro Aécio Neves.


Aécio almoçou nesta terça-feira (27) com o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia, segundo informou o Valor Econômico. Reafirmou que se os tucanos não escolherem seu candidato a presidente até o fim do ano, "a partir de janeiro vai tratar da candidatura ao Senado".

Serra: "Por que a ansiedade?"

"Na conversa que teve com Rodrigo, o governador de Minas repetiu o que já teria dito num jantar com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o presidente do PSDB, Sérgio Guerra: só tem condições de 'agregar' apoios, se for escolhido candidato até o final do ano", diz o texto de Raymundo Costa, da sucursal do Valor em Brasília.

Rodrigo Maia concordou: "O Aécio não pode esperar até março. Até lá, já pode ser tarde demais".

Nesta quarta-feira (28), Serra se negou a comentar a decisão do governador mineiro."Por que a ansiedade?" – indagou, sobre sua decisão sobre 2010, argumentando que nenhum candidato se lançou formalmente.

O governador paulista também polemizou com os jornalistas que indagaram se ele estava à espera da definição dos outros para fazer a sua. "Não estou dizendo isso. Estou só dizendo que não há nada definido no Brasil nesta matéria".

Aécio: "Janela de oportunidade" que se fecha

A reportagem do Valor epresenta a pressão para que Serra se apresse como "uma janela de oportunidade" para Aécio. Pode ser, mas é uma janela que está se fechando.

Hoje, 28 de outubro, o tempo já seria curto para o governador mineiro em 11 meses projetar-se nacionalmente e atrair as simpatias e apoios que afirma ser capaz de reunir como candidato anti-Lula, ou, como ele prefere, pós-Lula. Em março, "já pode ser tarde demais".

É fato sabido que Serra não protela a decisão presidencial por temer seu rival intratucano. No que depende da cúpula do PSDB, o candidato é ele, não Aécio. A protelação se deve a outro temor: o de trocar o governo de São Paulo pela condição de presidenciável derrotado por Dilma Rousseff (PT).

É aí que os prazos não batem. Serra quer esquadrinhar as pesquisas até o prazo limite, março, já que em abril tem que se desincompatibilizar do governo estadual caso concorre à Presidência. Aécio exige tempo para construir sua candidatura, pois em março seria candidato a uma cerrota quase certa.

FHC se move por chapa pura com os dois

Nas conversas que teve em Brasília com líderes tucanos no Congresso, além do almoço com o presidente do Democratas, "Aécio voltou a descartar a hipótese de ser candidato a vice-presidente numa chapa encabeçada por Serra, que é articulada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Chegou a comentar que não vai para as eleições na 'garupa' de ninguém", informa o Valor.

"FHC, no entanto, ainda não desistiu de atrai-lo para compor a chapa com Serra. Em conversas com tucanos, FHC chegou a manifestar otimismo em relação à decisão a ser tomada por Aécio. Para o ex-presidente, segundo interlocutores no PSDB, o processo de convicção de Aécio será demorado, mas terá sucesso", prossegue a matéria.

Os temores do DEM: "A conjuntura mudou"

Na parte final, uma informação relvante: "O deputado Rodrigo Maia disse que não há divergência no Democratas em relação à aliança com o PSDB. Mas ressalta que a conjuntura atual 'é muito diferente' daquela de quatro meses atrás, quando havia até expectativa de crescimento zero da economia em 2010. Além disso, argumenta que Lula antecipou o calendário eleitoral e que a oposição precisa adequar seu cronograma".

"Por que não posso ter opinião de conjuntura que seja diferente?", questiona Maia. Na presidência do DEM, o deputado lida diariamente com correligionários que pressionam por definição rápida em função das alianças regionais, mas também, segundo apurou o Valor, com deputados que preferem que o partido não faça aliança para não terem de se contrapor a Lula.

Da redação, com Valor Econômico e agências