Ivina Carla –  A democratização da comunicação pode começar aqui

Nos dias 16 e 17 de outubro, Fortaleza viveu a 1º Conferência de Comunicação. Após os seminários e pré-conferências pudemos unir as propostas dos momentos anteriores e fechar um documento: A carta de Fortaleza.

Antes de iniciar as minhas impressões sobre a Conferência de Comunicação, quero fazer uma reflexão sobre o encontro do Conselho Nacional de Juventude (CONJUVE) para poder justificar algumas questões. Na Conferência Livre promovida pelo CONJUVE em Brasília pude socializar a construção das etapas estaduais com alguns participantes. Vi situações em que o decreto estava tão difícil de sair que existia um duplo esforço entre elaborar propostas e resolver a burocracia de um processo. Esse encontro nacional me apresentou um grande desafio que até então, eu acreditava que éramos atrasados com relação a isso: construir as políticas de comunicação.

O passo-a-passo da construção dessas políticas vão além de determinadas especificidades que teimamos em colocar na ordem do dia e com razão! Nunca tivemos interferência nesse setor, mas é necessário ter o discernimento entre o que é política pública de Governo e de Estado. A Prefeitura de Fortaleza tem um discurso que faz muito sentido com relação a isso, de querer construir algo a ser aplicado permanentemente na cidade no que diz respeito à comunicação.

Tivemos um grande avanço nas discussões sobre o setor municipal, acredito que o Núcleo de Comunicação Popular da Prefeitura saiu fortalecido porque reunindo tudo que aconteceu nesses últimos três meses, muitas propostas que podem até não ser prioritárias, mas poderão ser instrumentalizadas e a Prefeitura poderá dar passos mais consistentes. As ações existem e se formos comparar com gestões anteriores temos um saldo positivo no que diz respeito às políticas de comunicação. Mas achamos que precisa ir além, e eu senti que existe essa disposição. Principalmente nas propagandas dessas ações, que a população desconhece e que são iniciativas plausíveis.

Quero destacar que tivemos retrocessos que, para alguns pode ser fáceis de resolver, mas eu afirmo que não. A questão da acessibilidade foi um fator que mostra como nós, movimentos sociais, construímos os espaços e esquecemos os cidadãos e cidadãs que não enxergam, não escutam, não andam, não falam, mas como nós, têm os mesmos direitos de participar de qualquer processo que envolva os debates políticos nesse país. Isto é, nessa conferência de comunicação, nós não OS VIMOS, portanto não nos comunicamos com eles. É preciso resolver isso, porque refletir a gente sempre faz.

Em relação à Carta de Fortaleza, construímos um documento, após as discussões em grupos temáticos que, na metodologia foi direcionada para questões que estão em consonância com o temário nacional e o resultado foi socializado em uma plenária geral. Tínhamos muitas propostas para elencar as prioridades. Este foi um momento demorado dentro dos grupos e na plenária, o que mostra a riqueza do processo. Este ato coletivo será mais um recurso de luta para os movimentos sociais, que há tempos visam dentro desse processo um objetivo maior que é democratizar a comunicação. Como é uma questão política, devemos ter a concepção de que o nosso trabalho quanto Comissão Pró-Conferência passará a ser Comissão Pós-Conferência para materializar as aprovações de todo este processo.

O embate maior ainda está por vir e temos uma tarefa que necessita de uma convergência dos movimentos para que a bandeira da democratização seja abraçada pelo conjunto de quem luta pela descentralização do setor. Então o que definimos de políticas a serem executadas pela Prefeitura exige um esforço ainda de tornar real, mesmo com a disposição da gestão, mas esbarramos ai no contexto político da cidade. Tivemos um momento de grande relevância em Fortaleza e temos tudo para começar a democratização dos meios de comunicação por aqui, pela nossa cidade.

Ivina Carla é acadêmica de Jornalismo e militante da UJS