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“Domínio Público” permite acesso gratuito a mais de 15 mil livros

Ao longo desta semana que acaba circulou pela internet um apelo quase dramático para os internautas visitarem o portal www.dominiopublico.gov.br, que estava ameaçado de ser desativado por falta de uso. “Mas péra aí! Este site não foi divulgado, muito menos pela imprensa! Como vamos acessá-lo?”, perguntava a indignada missiva cibernética.

Não tem nada disso. Segundo a Capes, responsável pelo portal trata-se de um “spam” e não é que a primeira vez que ele invade a rede. Mas o “Domínio Público”, uma biblioteca virtual já com mais de 130 mil títulos, é, de fato, um dos bons projetos de Educação à Distância do governo federal que carece de divulgação. E mais do que isso: para o diretor de Infraestrutura em Tecnologias Educacionais do Capes, o professor José Guilherme Moreira Ribeiro, ele comprovou a viabilidade da filosofia adotada pelo MEC de permitir o acesso de estudantes, professores e da comunidade em geral ao conhecimento produzido pela humanidade.

“O número de acessos ao portal já superou os 800 mil mensais. Já foram feitos mais de 24 milhões de down loads de livros, mapas, vídeos, hinos, músicas orquestradas, enfim peças em todas as mídias da produção artística, científica e literária que são de domínio público e agora começam a ser também de conhecimento público”, comemora o entusiasta José Guilherme. “Qualquer estudante de qualquer cidadezinha de 50 mil habitantes, que muitas vezes não tem nenhuma biblioteca, hoje pode ler Shakespeare. Qualquer professor de geografia do país tem acesso aos atlas mais modernos e também aos primeiros mapas desenhados do Brasil, que são obras raras”.

A idéia inicial, que remonta a 2004, era utilizar os recursos da internet para facilitar o acesso de estudantes e professores à produção literária de domínio público – aquelas cujos autores morreram há mais de 70 anos e que não estão mais protegidas por direitos autorais. Começou com um acervo modesto de 500 títulos restritos aos clássicos da literatura de língua portuguesa mais manuseados nas salas de aula, como Machado de Assis, José de Alencar, Artur de Azevedo e Fernando Pessoa. Rapidamente, no entanto, a prateleira virtual se expandiu para outros autores também da literatura mundial e hoje já são mais de 15 mil títulos só nessa categoria. Machado de Assis ganhou um “hot site” produzido especialmente para o portal por um “pool” de instituições especializadas no estudo de sua obra. Outras já trabalham num projeto idêntico dedicado a Graciliano Ramos.

Sem contar segmentos específicos como literatura infantil e a literatura de cordel. Reproduzidos no formato PDF, estão ali, para quem quiser apreciar, 32 reproduções de raríssimos livrinhos impressos em xilografias, com as sagas fantásticas contadas em verso por geniais artistas populares nordestinos. Quer conhecer “As Proezas de Um Namorado Mofino”, a “Peleja do Cego Ederaldo com Zé Pretinho” ou “O Romance do Pavão Misterioso”? Vai lá.

No rastro do sucesso do Domínio Público, o Capes lançou um outro portal de difusão de conhecimento, este voltado especificamente para professores: o objetoseducacionais.mec.gov.br – assim mesmo, sem www – com ferramentas de apoio pedagógico para serem utilizadas dentro das salas de aula. Entre as sete mil peças já disponíveis há, por exemplo, simulações de efeitos físicos desenvolvidos pelo Centro de Pesquisas Espaciais e brinquedos pedagógicos para o pré-escolar, desenvolvidos e cedidos para o portal por instituições de pesquisa de 20 países. No Portal do Professor, outro ambiente virtual do MEC, os professores aprendem como utilizá-los dentro dos seus contextos curriculares, inclusive com sugestões de aulas.

Pode não ser tudo, mas é um bom começo para o país poder comemorar o Dia do Professor.

Fonte: Brasília Confidencial