Lilian Martins! Presente na luta e na memória dos comunistas!

Reverenciar hoje a sua memória é relembrar uma trajetória ímpar entre a militância comunista em São Paulo. Dedicou trinta e três dos seus cinqüenta e sete anos de vida à luta dos trabalhadores e trabalhadoras e pela construção cotidiana do nosso Partido.

Historiadora formada pela USP, engajou-se no final dos anos 70 na luta de resistência à Ditadura Militar. Costumava nos lembrar que o ano em que passou a militar nas fileiras comunistas, 1976, foi o mesmo da trágica Chacina da Lapa, que ceifou a vida de dirigentes históricos do nosso Partido e arrastou para as masmorras daquele Regime vários outros camaradas.

Como professora da rede pública estadual, deu sua especial contribuição para a formação e consolidação do que é hoje um dos maiores sindicatos do Brasil, a APEOESP, sempre levando para o seio da sua categoria, no convívio cotidiano, assembléias e diversos fóruns internos, a opinião dos comunistas sobre os rumos da educação brasileira e sobre os problemas e interesses específicos da carreira do magistério. Ainda, e principalmente, sua atuação em sala de aula permitiu a milhares de alunos e alunas, filhos e filhas do proletariado paulistano, o acesso a uma visão progressista sobre a História em geral e sobre a trajetória do Brasil como nação. Vários dos seus colegas de profissão e vários dos seus alunos engrossaram as nossas fileiras durante os anos em que atuou diretamente na educação pública!

Lilian participou ativamente da construção do nosso espaço político na Câmara Municipal de São Paulo, chefiando o gabinete da nossa liderança no início dos anos 90, cumprindo tarefas voltadas para que aquele mandato tivesse um grande êxito. Naquele mesmo período deu também sua cota de contribuição para a constituição da União Brasileira de Mulheres, sempre defendendo a consignia: nenhum direito a menos, muitos direitos a mais!

Presidiu o Comitê Municipal de Santos e buscou dedicar-se à tarefa de compreender a importância econômica daquela cidade para o desenvolvimento do nosso estado e do Brasil, graças à dinâmica do seu porto, movimentado pelos braços de seus estivadores, categoria pela qual ela desenvolveu um enorme carinho militante plantando ali, após décadas de ausência, o trabalho político do Partido dos Comunistas de maneira mais intensa e consistente.

Nos últimos anos, à frente do trabalho de formação no Comitê Estadual, já com sua saúde dando claros sinais de fragilidade, empenhou-se na construção da seção estadual da Escola Nacional de Formação e ainda mais recentemente, na seção paulista da Fundação Maurício Grabois, cuja coordenação seria por ela apresentada nesta plenária da Conferência Estadual.

Não apenas por ser professora, mas acima de tudo por compreender a importância da formação político-ideológica da militância comunista, a camarada Lilian, buscou, nessa última e relevante tarefa, dedicar-se a estruturar cursos, debates e seminários, notadamente para que pudéssemos, coletivamente, compreender de maneira mais ajustada as características do nosso Estado, colhendo subsídios para que a nossa direção possa desenvolver um projeto político ainda mais qualificado, em sintonia ainda maior com a realidade econômica, social e política de São Paulo.

Nos últimos dias, a saúde frágil obrigou-a a recolher-se à cidade de Santos. Às vésperas do início da nossa Conferência, em contato com camaradas do Secretariado Estadual, lamentou profundamente a impossibilidade estar entre nós neste derradeiro debate estadual sobre os temas do 12º Congresso. Seu último compromisso firmado como militante comunista foi a de buscar superar a doença que atingia seus frágeis pulmões. Não foi possível! Não está mais entre nós!

Se a sua partida repentina nos chocou e entristeceu profundamente, sua vida, por outro lado, é um exemplo, como o de tantos outros camaradas, de que, sim, é possível fazer política em defesa de uma nação soberana, em defesa da liberdade no seu sentido mais pleno e pela construção de um mundo mais justo, humano, socialista!

Por fim, camaradas, deixo aqui as palavras do poeta comunista alemão, Bertold Brecht, que definem bem como devemos compreender a vida da nossa camarada Lilian Martins:

"Há homens (e mulheres) que lutam um dia, e são bons;
Há outros que lutam um ano, e são melhores;
Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;
Porém há os que lutam toda a vida
Estes são os imprescindíveis"

De São Paulo, Altair Freitas

O corpo da camarada Lilian Martins, esta sendo velado no Velório São Pedro, situado na Av. Francisco Falconi, 837 – Vila Alpina – São Paulo e será cremado as 16h no crematório da Vila Alpina