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Ex-viceministro de Pinochet defende censura a Mercedes Sosa

O deputado Alberto Cardemil, ex-viceministro do Interior do ditador Augusto Pinochet, justificou o decreto de 1988 em que proibiu a entrada no Chile da cantora argentina Mercedes Sosa. Todos sabemos que dona Mercedes, que descanse em paz, era uma ativista ligada à extrema esquerda", argumentou, em defesa do decreto que vetou também a americana Joan Baez.


Para Cardemil, Mercedes era "tal como outros artistas; todos conhecíamos como começavam [suas apresentações] e nunguém sabia como terminavam". Ele defendeu, em entrevista ao diário digital Cambio 21, que a proibição, de 18 de julho de 1988, deu-se "por algo".

Conforme o deputado da RN (Renovação Nacional, principal partido da direita pós-pinochetista), o veto ("Proíba-se o ingresso no país de Mercedes Sosa, Constantin Becar e Joan Baez”) foi dado "por ordem do presidente da República", o general Pinochet.

O deputado alegou que foram essas medidas repressivas que permitiram levantar o país. "Precisamente medidas de exceção como esta fizeram com que um país, que ficara destruído, recuperasse a democracia em que estamos agora", sustentou.

Numerosos artistas foram proibidos de se apresentar no Chile durante a ditadura. Até o ator americano Christopher Reeve (Superman) chegou a ser detido, depois de participar de protestos. Outros, como Joan Manuel Serrat e Pablo Milanés, prometeram que não pisariam no Chile enquanto a ditadura durasse.

Mercedes Sosa (1935-1974), morreu no domingo (4) e foi cremada nesta quarta-feira (7) em Buenos Aires e terá suas cinzas espalhadas em diferentes pontos da Argentina. A presidente do Chile, Michelle Bachelet (centro-esquerda) também rendeu homenagem à música desaparecida.

Considerada "inconfundível símbolo da música argentina" e "férrea defensora dos direitos humanos e das causas justas", Mercedes, ou La Negra, foi uma pioneira da integração dos povos latino-americanos. Uma das interpretações clássicas de Mercedes é a de Volver a los 17, da também rebelde chilena Violeta Parra. Outra, Coração Americano, do brasileiro Milton Nascimento.

Da redação, com Cambio 21