Messias Pontes – Barões da mídia brasileira contra o mundo

Na contramão da realidade, mais uma vez a grande mídia conservadora, venal e golpista brasileira deixa muito claro de que lado está quando o que está em jogo é a democracia. Tendo à frente as organizações da famiglia Marinho, tudo é feito para confundir a opinião pública brasileira. Por isso inverte os fatos e mascarara a realidade.

Foi assim na trama que levou Getúlio Vargas ao suicídio em agosto de 1954, na tentativa de impedir a posse de João Goulart, com a renúncia de Jânio Quadros, em 1961; com a demonização do governo de Goulart, que culminou com o quartelada de 1º de abril de 1964; na tentativa de fraudar o resultado da eleição de Brizola no Rio de Janeiro, em 1982; com o incondicional apoio à ditadura militar durante os seus 21 longos anos; no incondicional apoio à tragédia tucano-pefelista que desmontou o Estado brasileiro; na corrupção desenfreada da privataria; e na tentativa de desestabilizar os governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos últimos sete anos.

Com o golpe de Estado em Honduras, em 28 de junho último, os jornalistas amestrados e colonizados brasileiros passaram a defender os golpistas daquele país. No clássico e tradicional antijornalismo, o baronato da mídia tupiniquim orientou seus editorialistas e colonistas a justificarem o golpe e chamar de governo interino o que realmente é governo golpista.

Defensores históricos de uma democracia sem povo, a direita brasileira – PSDB, DEMO, PPS e sua grande mídia conservadora, venal e golpista -, descaradamente, tenta mais uma vez menosprezar a inteligência dos brasileiros ao justificar a truculência golpista em Honduras. A invasão da residência presidencial, o seqüestro e a deportação do presidente legitimamente eleito, Manuel Zelaya, que saiu de pijamas e com uma metralhadora na cabeça, simplesmente foram fatos ignorados por essa gente.

Honduras sempre foi governada por uma minoria oligárquica. Manuel Zelaya foi eleito por um partido conservador, de centro-direita, sendo ele um rico latifundiário. Mas a partir do momento em que ele decidiu olhar um pouquinho para a maioria excluída do seu país, e ao se relacionar cordialmente com os presidentes democráticos da América do Sul, a direita passou a tramar o golpe de Estado.

O que na realidade pretendia o presidente legítimo Manuel Zelaya era propor à população se aceitava a convocação de uma assembléia constituinte para modernizar a carta magna do país. A consulta não previa modificação para garantir a reeleição de Zelaya nas eleições de novembro próximo. Contudo os colonistas, desonestamente, omitem esse fato e dizem o contrário.

Outro fato importantíssimo é o repúdio mundial ao golpe de 28 de junho. Nenhum país do mundo reconhece o governo golpista. Até mesmo os Estados Unidos e Israel, tradicionais apoiadores de governos golpistas de direita, repudiaram publicamente a quartelada hondurenha. A Organização dos Estados Americanos (OEA), a Organização das Nações Unidas (ONU) e o seu Conselho de Segurança não só condenaram o golpe de Estado como exigiram o retorno de Zelaya à presidência do seu país.

Com retorno de Manuel Zelaya a Tegucigalpa, o presidente Lula, através da Chancelaria, concedeu-lhe abrigo na embaixada brasileira, agindo como verdadeiro chefe de Governo e de Estado. A decisão não poderia ser diferente. Claro que a posição soberana do governo brasileiro desagradou à direita hondurenha e brasileira. Em represália, o governo golpista cercou a embaixada do Brasil, cortando a água, a energia elétrica e impedindo a entrada de alimentos, mas teve de recuar.

A truculência dos golpistas hondurenhos não tem limite. A brutal repressão já fez milhares de vítimas, com a prisão e tortura de muitos deles. Até dois mortos já foram contabilizados. Para completar o quadro dantesco, os golpistas fecharam uma estação de rádio e uma de televisão. Enquanto isso a tendenciosa Associação Interamericana de Imprensa que defende os interesses das oligarquias, simplesmente cala diante da agressão à liberdade de imprensa naquele país.

É oportuno ressaltar que o golpe de Estado em Honduras abre um precedente perigosíssimo para todo o continente que viveu a tragédia de ditaduras militares nas décadas de 60 e 70 do século passado, inclusive aqui no Brasil, cujas feridas abertas ainda não cicatrizaram.

Ao dizer que o Brasil não aceitava a imposição do governo golpista para definir o status de Zelaya no prazo de dez dias, mais uma vez o presidente Lula agiu como estadista. Essa soberana posição do presidente Lula foi e continua sendo apoiada pela comunidade internacional. O mundo inteiro condenou o golpe de Estado em Honduras, mas a grande imprensa conservadora, venal e golpista brasileira continua na contramão. O editorial da edição de ontem da Folha de São Paulo é simplesmente vergonhoso.

Messias Pontes é jornalista e colaborador do Vermelho/CE