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Diplomata búlgara é indicada para assumir comando da Unesco

A embaixadora da Bulgária na França, Irina Bokova, venceu o ministro da Cultura do Egito, Farouk Hosni – apoiado pelo Itamaraty – na eleição para a direção-geral da Unesco, o braço cultural da Organização das Nações Unidas (ONU).

Na quinta e última rodada de votação secreta no Conselho Executivo da entidade, Irina superou Hosni por 31 votos a 27. O nome da diplomata búlgara ainda precisa ser aprovado pelos 193 Estados-membros da organização, em outubro, mas essa última parte do processo deve ser apenas uma formalidade.

Irina, 57 anos, será a primeira mulher a dirigir a Unesco. Uma da personalidades mais populares do Partido Socialista da Bulgária (ex-comunista), ela estudou em Moscou, fez especialização na Universidade de Harvard e foi ministra das Relações Exteriores de seu país entre 1996 e 1997. Também participou das negociações para a entrada da Bulgária na União Europeia e na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e era a representante de seu país junto à Unesco. Se confirmada em outubro, seu mandato de quatro anos começará em 15 de novembro, quando sucederá ao japonês Koichiro Matsuura.

A vencedora procurou imediatamente restabelecer a unidade após a disputa, dizendo que sentia “respeito e amizade pelo egípcio” – que era considerado o favorito ao cargo. “Espero que trabalhemos juntos, porque nunca acreditei na ideia do choque de civilizações”, declarou.

Hosni

A campanha desse ano foi maculada pelas acusações de antissemitismo contra Hosni, motivadas principalmente por uma declaração dele, afirmando que mandaria queimar eventuais livros israelenses com “insultos ao Islã” existentes nas bibliotecas egípcias. Hosni havia dito "lamentar" as declarações sobre queimar livros, afirmando que elas foram tiradas de seu contexto, e desmentiu ser antissemita. O ministro egípcio, no entanto, chegou a declarar que a cultura judaica é "desumana, racista e pretenciosa".

O Brasil havia decidido não apresentar a candidatura do engenheiro brasileiro Márcio Barbosa, atual número dois da Unesco, para dar mais peso à candidatura do egípcio. Em maio, o chanceler Celso Amorim declarou que a decisão de apoiar Hosni se devia "à forte política de aproximação do Brasil com o mundo árabe".

Apesar de suas declarações polêmicas, Hosni era considerado o favorito nessa eleição, que começou sendo disputada por nove candidatos. No quarto turno, realizado na segunda-feira, apenas a búlgara e o egípcio ainda disputavam a eleição. Houve empate entre os dois candidatos.

Além do Brasil, Hosni tinha o apoio de países europeus e dos Estados Unidos, que acreditavam que essa seria uma maneira de reforçar o papel de mediador do Egito nas negociações de paz no Oriente Médio.

Mas seu favoritismo começou a perder força nas últimas semanas. Intelectuais e várias associações judaicas, sobretudo na França, denunciaram o fato de que o egípcio, acusado também de praticar a censura em seu país, pudesse dirigir a organização da ONU voltada para a educação, a ciência e a cultura.

Fonte: Opera Mundi