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Comunidade internacional exige restituição de Zelaya, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso na 64ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a necessidade de o órgão ter mais firmeza no combate a anacronismos como o embargo a Cuba e a golpes de Estado, como o que houve em Honduras. Segundo Lula, a comunidade internacional exige que o presidente deposto Zelaya assuma imediatamente.

No discurso de abertura da Assembleia – tradicionalmente feito pelo presidente do Brasil -, ele reiterou ainda que é preciso estar atento à "inviolabilidade" da embaixada brasileira na capital hondurenha, Tegucigalpa, onde Zelaya está abrigado desde a última segunda-feira.

"A comunidade internacional exige que Zelaya reassuma imediatamente a Presidência de seu país e deve estar atenta à inviolabilidade da missão diplomática brasileira na capital hondurenha", disse Lula, sendo em seguida bastante aplaudido pelos líderes presentes na sede da ONU.

Segundo ele, é necessária uma organização representativa o suficiente para "enfrentar ameaças à paz mundial". Ele disse que, sem vontade política, não será possível evitar "situações que conspiram contra a paz, o desenvolvimento e a democracia" no mundo.

"Sem vontade política persistirão anacronismos como o embargo contra Cuba. Sem vontade política continuarão a proliferar golpes de Estado como o que derrocou o presidente constitucional de Honduras, José Manuel Zelaya, que se encontra, desde segunda-feira, refugiado na embaixada do Brasil em Tegucigalpa", colocou.

Reformas

Embora tenha feito declarações em relação à crise em Honduras, o discurso de Lula foi dominado pela defesa de reformas em organismos internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial. Ele afirmou que é preciso construir “um novo mundo” após a crise financeira mundial. Lula destacou que “a crise financeira, a nova governança mundial e a mudança de clima” são os temas preponderantes do futuro.

“Os temas que estão no centro das nossas preocupações, a crise financeira, a nova governança mundial, e a mudança de clima têm um forte denominador comum. Ele aponta para a necessidade de construir uma nova ordem internacional sustentável, multilateral, menos assimétrica, livre de hegemonismos e dotada de instituições democráticas. Esse mundo novo é o imperativo político e moral”, disse.

"A maioria dos problemas de fundo não foi enfrentada. Há enormes resistências em adotar mecanismos efetivos de regulação dos mercados financeiros", afirmou Lula pediu integração de um mundo “multipolar, seguindo experiências de integração regional como ocorre na America do sul com a Unasul.”

"Apenas agências internacionais mais democráticas e representativas serão capazes de abordar problemas complexos, como reorganizar o sistema monetário internacional", afirmou. O presidente citou também o Conselho de Segurança da ONU, o principal órgão de decisão das ONU. Para Lula, o conselho "não pode continuar funcionando sob a mesma estrutura imposta depois da Segunda Guerra Mundial". O Brasil reivindica um assento permanente no Conselho de Segurança.

Crise financeira

A crise financeira internacional foi um dos principais temas do discurso de Lula na ONU. O presidente brasileiro afirmou que mais do que a crise do “brandes bancos essa é a crise dos dogmas. O que caiu por terra foi a concepção econômica política e social tida como inquestionável”.

Lula voltou a criticar os países desenvolvidos e a defender os países pobres e em desenvolvimento. “Não é justo que o custo da aventura especulativa seja assumido pelos que nada tem a ver com ela, os trabalhadores, as nações pobres ou em desenvolvimento”, disse. Lula declarou considerar “incompreensível a paralisia da rodada de Doha”.

“Há enormes resistências em adotar mecanismos de regulação. Países ricos resistem em realizar reformas em organismos multilaterais como o FMI”, criticou. Lula citou a “demonização” das políticas sociais e disse que ainda não há disposição, no âmbito multilateral, de enfrentamento das “distorções” econômicas.

Brasil

O presidente citou que o Brasil foi um dos primeiros a se recuperar da crise financeira. “O Brasil, um dos últimos, felizmente, a sentir os efeitos ad crise, é hoje um dos primeiros a sair dela. Não fizemos nenhuma mágica. Simplesmente tínhamos preservado o nosso mercado financeiro do vírus da especulação. Passamos da condição de devedor para credor”.

Segundo Lula, o país se recuperou graças a políticas de estímulo do consumo, aumento do salário mínimo, aprofundamento dos projetos sociais, “especialmente os de transferência de renda”, disse. “Nossa economia retomou seu ímpeto e anuncia um 2010 promissor.”

Clima

Lula voltou a cobrar uma atuação maior dos países ricos no combate às mudanças climáticas. "Todos os países devem empenhar-se em realizar ações para reverter o aquecimento global."

E prometeu que, mesmo com a descoberta do pré-sal, "o Brasil não renunciará à agenda ambiental para ser apenas um gigante do petróleo". Lula falou sobre o uso do etanol no combustível brasileiro, do uso do carro flex, da proibição do plantio de cana em mata nativa, das metas nacionais audaciosas em emissões e uso de energia renovável como medidas benéficas ao meio ambiente.

Governança

O presidente declarou que nações com políticas representativas e democráticas devem ser modelos com futuros bem sucedidos. Ele condenou hegemonia de alguns países e fez apelo pela ajuda a países mais pobres como o Haiti. Além disso, falou sobre o papel da ONU em enfrentar ameaças à paz mundial.

Com agências