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Mensalão tucano será julgado pelo plenário do STF

Mais um duro golpe no ninho tucano. Não bastasse a instalação de uma CPI para investigar esquema de corrupção envolvendo a governadora Yeda Crusius (RS), o ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu encaminhar para julgamento no plenário da Corte o processo no qual o senador Eduardo Azeredo (PSDB) é acusado pelo crime de peculato e lavagem de dinheiro durante sua campanha para reeleição, diga-se sem sucesso, ao governo de Minas Gerais em 1998.

O caso ficou conhecido como mensalão tucano. O parlamentar vai virar réu caso a denúncia contra ele seja aceita pelos ministros. A denúncia ao STF foi oferecida pelo então procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza contra 15 acusados.

Além de Azeredo, foram denunciados o publicitário Marcos Valério e o ex-ministro Walfrido dos Mares Guia que era vice-governador. Na época, ele teria atuado como coordenador financeiro de Azeredo.

Em maio passado, o ministro Joaquim Barbosa desmembrou o processo devido o senador mineiro ser o único com foro privilegiado. Os demais serão julgados pela Justiça de Minas Gerais.

No site do STF, o relator Joaquim Barbosa informou que o inquérito possui quarenta e dois volumes principais e quarenta e dois apensos, “que se multiplicarão ao longo da eventual instrução criminal, caso a denúncia seja recebida contra todos os acusados”.

De acordo com ele, o STF possui vários precedentes de ações e procedimentos criminais com número expressivo de pessoas envolvidas, nos quais apenas um dos muitos réus detém a prerrogativa de foro, tendo a Corte desmembrados os processos.

Azeredo cita recursos para FHC

Segundo a denúncia, cerca de R$ 3,5 milhões foram desviados das estatais mineiras para o caixa dois da campanha de Azeredo. Só o publicitário Duda Mendonça teria recebido R$ 4,5 milhões, embora a coordenação de campanha tenha declarado à Justiça Eleitoral que pagou a ele somente R$ 700 mil.

Numa entrevista concedida ao jornal Folha de S.Paulo, Azeredo declarou oficialmente ter gasto na campanha R$ 8,5 milhões, dinheiro usado para bancar a campanha de deputados e senadores da sua coligação e do então candidato à Presidência Fernando Henrique Cardoso. “Ele não foi a Minas, mas tinha comitês bancados pela minha campanha”, disse, referindo-se a FHC.

Azeredo também declarou que as prestações de contas da campanha eram mera “formalidade” e sem “rigor”. Apesar de Mares Guias negar, o senador mineiro admitiu que contou com o apoio dele para a captação de recursos.

De Brasília,
Iram Alfaia