Plano de enfrentamento ao HIV para homossexuais é lançado

Apesar do avanço da epidemia de Aids em todos os segmentos da sociedade, 40% do total de homens infectados pelo HIV mantêm relações sexuais com outros homens. Com o objetivo de reduzir a incidência do virus entre essa parcela da população, a Prefeitura de Aracaju está construindo o Plano Municipal de Enfrentamento da Epidemia de HIV para os homossexuais.

Nesta sexta-feira, 11, representantes de ONGs GLBT, da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), da Secretaria Municipal de Educação (Semed), do Centro de Combate a Homofobia e do Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis estiveram reunidos em oficina para a construção do plano de enfrentamento. O encontro aconteceu no Centro de Educação Permanente da Saúde (Ceps).

Aracaju é a primeira capital do Brasil a iniciar a elaboração de um programa dessa natureza voltado especificamente para o público homossexual masculino. A iniciativa está em sintonia com o plano de ações sugerido pelo Ministério da Saúde (MS). Na oficina realizada esta tarde, foi feito o mapeamento da epidemia no território aracajuano; discutiram-se alternativas para melhorar os serviços de diagnóstico e assistência a pacientes com HIV/Aids; e, por fim, foram elaboradas estratégias para alcançar grande parte da população homossexual da capital sergipana.

De acordo com o coordenador do Programa Municipal DST/Aids, Andrey Roosevelt, desde 2000 o Ministério da Saúde vem realizando ações para redução dos números de infecção por HIV em grupos vulneráveis. "Como o número de soropositivos entre homossexuais não foi reduzido, percebeu-se a necessidade de um plano específico de ação para esse segmento. Com esse objetivo, foi lançado em 2007 o Plano Nacional de Enfrentamento da Epidemia do HIV para essa população", explicou Andrey.

Ainda segundo ele, o plano de enfrentamento que está sendo construído abrange gays e travestis. "Esse segmento possui identidade e orientação sexual mais definidas, diferente dos homens que têm experiências homossexuais, mas não se identificam como gays", pontuou o coordenador do Programa Municipal DST/Aids.

Riscos

Segundo o assessor técnico do Departamento Nacional DST/Aids do MS, Oswaldo Braga, os homossexuais tem muito mais chances de contrair o vírus da Aids. "Em termos gerais, a cada 100 mil habitantes 19,4 pessoas são infectadas pelo HIV. Entre 100 mil homossexuais, 226 contraem o vírus. Isso significa que os homossexuais estão 11 vezes mais vulneráveis", observou o técnico.

Considerando esses fatores, é notória a importância dos profissionais e dos serviços públicos em saúde no que diz respeito ao acolhimento, orientação e tratamento, deixando de lado toda e qualquer espécie de homofobia. "Essa iniciativa é de suma importância porque contempla as nossas necessidades. Eu creio que com este plano, as travestis serão mais bem tratadas nas Unidades de Saúde da Família, hospitais e demais serviços de saúde do município", destacou a Líder da Associação das Travestis na Luta pela Cidadania (Unidas), Jéssika Taylor.