George Câmara: Centenário do IFRN – Mais do que uma escola

Quer elogiar uma instituição? Chame-a de Escola. Por se tratar de um espaço que tem por objeto o saber, que convive diuturnamente com a produção e a transmissão do conhecimento, que busca propiciar o desenvolvimento da plenitude da capacidade humana, uma instituição de ensino, em princípio, estabelece com as pessoas uma relação muito especial. Sem uma boa educação não há chance de crescimento nem perspectiva de um futuro promissor para ninguém.

IFRN

Assim como a instituição família, núcleo onde o ser humano experimenta os primeiros passos de seu convívio social, a escola oferece um amálgama de maior consistência, por ser o universo em que o indivíduo aporta na fase do desabrochar de sua consciência. A personalidade se forma e se forja num contexto mais amplo, porém é na família e na escola que as pessoas edificam o seu alicerce, a base sobre a qual constroem o seu caráter.

Não há como abordar o centenário do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – IFRN – sem registrar a grande influência que essa Casa do saber exerce sobre toda a sociedade potiguar. Sem exagero, podemos afirmar que não há uma só família no Rio Grande do Norte que não tenha uma relação, direta ou indireta, com essa instituição. A magia que ela exerce sobre nós é testemunha do pertencimento que envolve essa mútua relação.

Sua rica trajetória teve início no dia 23 de setembro de 1909, por meio do Decreto Nº 7.566, criando dezenove escolas de aprendizes artífices e implantando o ensino técnico industrial em todo o território nacional. De lá até hoje, sob os postulados da recente Lei Nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008, a nossa Escola de Aprendizes Artífices não apenas muda de nome seis vezes, mas adquire maturidade enquanto instituição, ao mesmo tempo em que conquista corações e mentes por este chão potiguar, ganhando o nosso respeito e, sobretudo, o nosso carinho.

Os dados são irrefutáveis: cada fase representa novo salto, em sintonia com os desafios do processo de formação do emergente Estado Brasileiro. Acompanha e interage junto à sociedade como instrumento de acesso à cidadania para a jovem classe trabalhadora. Rumo às bases soberanas de uma nação, oportunidades de cidadania a homens e mulheres da classe média baixa pela porta da dignidade do trabalho. Senão, vejamos:

1. 1909 – Escola de Aprendizes Artífices;
2. 1914 – Liceu Industrial;
3. 1942 – Escola Industrial de Natal;
4. 1965 – Escola Industrial Federal do Rio Grande do Norte;
5. 1968 – Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte;
6. 1999 – Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte;
7. 2008 – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte.

Nessa caminhada, muita coisa chama a atenção na instituição. Porém uma marca singular sempre acompanhou a memória deste ex-aluno que escreve estas breves linhas: quando nos perguntavam “aonde você estuda?“, nossa resposta era aquela: na “Escola”. Isso diz tudo. Ainda hoje, como Técnico em Mineração, não consigo deixar de me referir a essa Casa com outro nome: é a nossa eterna Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte – querida ETFRN.

Não é à toa que até hoje todos nós enchemos o peito de orgulho quando nos lembramos dela. Parabéns à nossa longínqua Escola de Aprendizes Artífices. Vida longa ao nosso jovem Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte. Muito mais do que uma escola.

Por George Câmara, petroleiro, advogado e vereador em Natal pelo PCdoB.