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Paralisações crescem no Brasil e já mobilizam 40 mil metalúrgicos

As paralisações por aumento real nos salários (acima da inflação) se ampliaram, nesta semana, em diversas montadoras e no setor de autopeças. Sem proposta das empresas, sindicatos de metalúrgicos dos estados de São Paulo e Paraná já mobilizam mais de 40 mil trabalhadores — que se mantêm em paralisação ou em estado de greve.

As paralisações por aumento real nos salários (acima da inflação) se ampliaram, nesta semana, em diversas montadoras e no setor de autopeças. Sem proposta das empresas, sindicatos de metalúrgicos dos estados de São Paulo e Paraná já mobilizam mais de 40 mil trabalhadores — que se mantêm em paralisação ou em estado de greve.

Só na quinta-feira (10), mais de 10 mil trabalhadores paralisaram o turno da manhã da Mercedes-Benz, Scania, Ford, Rassini, Mahle Metal Leve e Karman Ghia — todas de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Munidos de bandeirolas e placas de protesto com frases como "Aumento, já" e "Chega de enrolação", os metalúrgicos começaram a se reunir antes das 6 horas da manhã, em torno do carro de som do sindicato.

Houve uma passeata de quase um quilômetro na avenida 31 de Março, nos arredores da Mercedes, em São Bernardo, e uma manifestação na portaria da Scania, onde se concentraram funcionários da montadora e da Karman Ghia. "Se for necessário, vamos tomar as ruas novamente", advertiu o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sergio Nobre.

Em Taubaté, 7.200 operários da Volkswagen e da Ford estão em "estado de greve", e 2 mil metalúrgicos de autopeças aderiram na quinta aos protestos na região. No estado de São Paulo, são 220 mil metalúrgicos em campanha salarial.

Ainda no interior paulista, o Sindicato dos Metalúrgicos do São José (filiado à Conlutas) informou que cerca de 8 mil dos 8.300 funcionários da GM (General Motors) aderiram à paralisação desta quinta-feira, cruzando os braços por 24 horas, devido ao impasse nas negociações salariais. A categoria quer 14,65% de reajuste — o que representa 8,53% de aumento real.

Para São José, porém, as montadoras apresentaram proposta rebaixada, com reposição apenas da inflação, de forma escalonada. O índice cheio valeria apenas para quem ganha até R$ 6 mil. A partir daí o índice seria ainda menor. "É provocação", avaliou o presidente do sindicato, Vivaldo Moreira. "Além de ser o que mais se beneficiou da ajuda do governo com isenção de impostos, o setor automotivo ainda demitiu trabalhadores."

Greve em Curitiba

Em Curitiba, se as negociações com a Volvo do Brasil não evoluírem, os 2.600 metalúrgicos da empresa podem iniciar uma greve na segunda-feira por tempo indeterminado. Na quinta, houve paralisação de uma hora, no início da manhã, como forma de protesto contra a proposta apresentada pela montadora.

A Volvo reajuste de apenas 4,44% e R$ 1,5 mil de abono em setembro. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, os trabalhadores não teriam nenhum aumento real com essa proposta da empresa. A categoria quer 10% de reajuste — o que inclui aumento real além da inflação, e abono de R$ 2 mil.

Os cerca de 8.500 mil trabalhadores da Volkswagen/Audi e da Renault/Nissan, ambas em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, mantiveram a greve por tempo indeterminado. Na Volkswagen, a paralisação começou no dia 3, enquanto na Renault os trabalhadores pararam no dia seguinte. Os metalúrgicos devem se reunir em assembleia na segunda-feira, independentemente de haver novas propostas das empresas.

Mais manifestações

Novas paralisações ocorreram nesta sexta-feira. Em Diadema, mais de 2,2 mil metalúrgicos pararam o primeiro turno nas fábricas de autopeças Delga, TRW e Autometal. Nas duas últimas, a categoria se juntou em um ato unitário. Os trabalhadores na Toyota em São Bernardo também paralisaram o trabalho por mais de duas horas.

“O prazo dos patrões termina na manhã deste sábado. Se eles não apresentarem uma proposta com aumento real, vamos realizar novas paralisações”, avisou David Carvalho, coordenador da Regional Diadema do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. “Essa é a língua que eles entendem.”

Nas manifestações, os dirigentes sindicais salientam que não ignoram os efeitos da crise econômica mundial. Mas ressaltaram que os trabalhadores deram uma grande contribuição no primeiro semestre para atravessar os piores momentos da turbulência econômica.

Data-base

Em meio à retomada gradual da economia, os movimentos grevistas voltaram ao cenário nacional. Com data-base em 1º de setembro, os metalúrgicos pressionam as empresas na tentativa de romper o impasse nas negociações da campanha salarial. Em reunião na quinta-feira, as montadoras insistiram na proposta de reposição das perdas com a inflação — cuja variação deve ficar ao redor de 4,7% no acumulado de 12 meses até setembro.

Os metalúrgicos do ABC e de outros sindicatos ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT) no estado de São Paulo exigem aumento real de salários em índice a ser definido na negociação. No ano passado, a categoria recebeu 3,6% de aumento, além de 7,5% para repor as perdas da inflação, e abono de R$ 1.450.

Da Redação, com agências