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José Reinaldo: Foro de SP já anunciava fracasso do neoliberalismo

 “O Foro de São Paulo nunca se deixou levar pela falsa ideia de que não há alternativas ao neoliberalismo”, definiu o José Reinaldo Carvalho, secretário de Relações Internacionais do PCdoB, após seu retorno do evento ocorrido no final de agosto, na Cidade do México, quando representou o partido. Sua constatação parte do espírito central que tem marcado o encontro ao longo de seus quase vinte anos de existência: a luta contra o neoliberalismo, o imperialismo e pela integração latino-americana.

Com cerca de 520 delegados de 32 países da América Latina e Caribe, além de 38 convidados de outros continentes e um total de 63 partidos e organizações políticas progressistas e de esquerda, a 15ª edição do Foro discutiu as alternativas de esquerda na América Latina frente à crise capitalista e teve como anfitriões o Partido da Revolução Democrática e o Partido do Trabalho, ambos mexicanos. “Foi bastante positivo porque próximo de completar 20 anos de existência, em julho de 2010, e num momento em que há diversas comemorações de bicentenários de processos de independência latino-americanos e caribenhos, o FSP reafirmou sua identidade antiimperialista e antineoliberal”, explicou José Reinaldo.

Ele lembrou que, ao revisitar documentos editados anteriormente, os membros do Foro constataram que tal instância de debates “sempre condenou as políticas neoliberais, anunciou seu fracasso e os efeitos nefastos dessas políticas para a região como um todo e sempre defendeu que há alternativas não neoliberais de desenvolvimento nacional, de integração democrática, popular e socialista”.

No caso da crise econômica mundial, José Reinaldo também destacou a convergência de ideias entre as organizações do Foro e o acerto de suas análises. “Trata-se de uma opinião madura de que a crise é muito mais do que financeira e econômica; é, na verdade, uma crise do sistema capitalista como um todo”. Para ele, a crise tampouco decorre apenas da “falta de controle ou somente do esgotamento das instituições financeiras internacionais”. Este último encontro constatou, conforme relato do dirigente, que “esta é uma crise profunda, extensa e duradoura, que cobra um preço muito alto dos trabalhadores e dos povos do mundo”.

Quanto à análise política, o Foro fez um balanço do continente, constatando que “boa parte da América Latina e do Caribe vive, há mais de uma década, um profundo processo de mudanças caracterizado por lutas antiimperialistas e vitórias eleitorais de partidos membros do FSP em governos progressistas”. Esses governos “estão levando a efeito a política de defesa da economia popular e nacional com soberania e, ao mesmo tempo, voltada para a integração entre os países do continente, ainda que muito condicionada pela dependência do sistema financeiro internacional”. Para José Reinaldo, “esses governos também estão levando adiante o combate à pobreza a serviço dos povos”.

Direita contra-ataca

Segundo José Reinaldo, não obstante o FSP ter identificado esses avanços como o principal do atual momento político do continente, “as discussões advertiram para o fato de que o imperialismo e a direita latino-americana organizam um contra-ataque a fim de deter o avanço da esquerda”. Por isso, “incrementam o militarismo, a criminalização dos movimentos sociais e organizam campanhas para desmoralizar os governos progressistas. A primeira manifestação mais aguda dessa ofensiva foi o golpe de Honduras, rechaçado pelos partidos participantes do Foro”. Ao mesmo tempo, “o encontro condenou veementemente a reativação da Quarta Frota e a implantação de sete bases dos Estados Unidos na Colômbia, aprovando inclusive resolução a respeito”.

José Reinaldo destacou ainda que o FSP “rechaçou o discurso hipócrita pelo qual não se trata de bases americanas, mas de mero acordo bilateral dos EUA e da Colômbia”. Os partidos “não alimentaram nenhuma ilusão em relação às supostas garantias jurídicas de que as bases não seriam usadas para atacar países”.

Como desafios colocados pelo Foro de São Paulo às organizações da América Latina e Caribe estão a organização e mobilização popular no continente em apoio aos governos progressistas e pelo fortalecimento do processo de integração sob as formas de acordos como, por exemplo, Unasul, Mercosul, CAN, Alba, Caricom, Sica, entre outros. “Além disso, os partidos concluíram que na crise é preciso radicalizar a opção em favor do Estado, do investimento público, do mercado interno, das transformações, enfim, que mudem o modelo econômico dependente. Os partidos também propuseram reformas políticas, econômicas e sociais estruturais e ressaltam o valor da democracia, da organização popular e da participação social”.

No dia 4 de novembro, os partidos membros do FSP se reúnem em atividade associada às atividades internacionais do 12º Congresso. Eles discutiram a preparação do próximo encontro, marcado para julho de 2010, em Buenos Aires.

Abaixo, os principais documentos do 15º Foro de São Paulo.

De São Paulo,
Priscila Lobregatte
 

Declaração final do 15º Encontro do Foro de São Paulo

O 15º Encontro do Foro de São Paulo teve lugar de 20 a 23 de agosto de 2009 na Cidade do México com a participação de 520 delegados de 32 países da América Latina e Caribe, e 38 convidados, representando 63 partidos e organizações políticas, forças populares, progressistas e de esquerda. O tema principal do Encontro foi “alternativas da esquerda latino-americana frente à crise capitalista”.

Com o Partido do Trabalho do México e o Partido da Revolução Democrática como anfitriões, os delegados do 15º Encontro aprovaram a seguinte declaração:

Primeiro. O Foro de São Paulo, fundado há quase vinte anos, manteve sua identidade anti-imperialista e anti-neoliberal. Nos encontros prévios houve uma reflexão permanente sobre os problemas e a crise do capitalismo e foram propostas diversas ideias para construir alternativas democráticas e populares. Se o FSP nasceu em um momento em que o neoliberalismo parecia se impor sem resistências, hoje, iniciando a comemoração do Bicentenário dos inúmeros processos independentistas latino-americanos e caribenhos, podemos afirmar que o FSP, ao largo desses anos, manteve uma luta constante contra essas políticas que demonstraram seu fracasso, através da luta para tornar realidade os sonhos e as causas dos Libertadores.

Segundo. A profunda crise capitalista que se desencadeou no ano passado, tendo seu epicentro nos Estados Unidos, impactou a todos os países do mundo e se afigura como de larga duração.

A ela se somam outras crises enfrentadas pelo mundo: a ambiental, a energética e a alimentícia, as quais tornam agudas as crises sociais e políticas, em diversos países e regiões do mundo. Cabe agregar que na América Latina e no Caribe vive-se uma grave crise de segurança pública.

Em conclusão, estamos diante de uma crise sistêmica que não só põe em questão o modelo neoliberal reinante, mas também o modo capitalista de produção. Ratificamos o que anunciamos no Encontro de Montevidéu no ano passado: “não apenas estamos diante uma época de mudanças, mas diante de uma mudança de época”.

Terceiro. A crise mundial, em todos os seus níveis e facetas, tornou mais distante o objetivo das Organizações das Nações Unidas, projetado nas Metas do Milênio, de reduzir a pobreza e a fome no mundo. O que estamos vendo e que deverá se agravar nos próximos meses será o desemprego e uma redução severa na qualidade de vida de centenas de milhões de pessoas. Cabe ressaltar a situação da mulher sobre a qual recairá a carga mais pesada.

Contudo, a crise é também uma oportunidade de mudança do mundo unipolar, uma vez que já acentuou o processo de constituição de blocos econômicos nas distintas regiões do mundo. Podemos perceber uma declinação do poder hegemônico dos EUA, ainda que continuem sendo a maior economia do mundo, detêm o maior poder militar e mantêm o controle dos principais meios de comunicação .

Quarto. A crise e o fracasso do neoliberalismo foram previstos por diferentes setores da esquerda. O FSP foi especialmente claro em assinalar os perigos que implicavam o monetarismo, o Estado mínimo, a desregulamentação, a flexibilização, a abertura comercial e financeira e o Consenso de Washington.

Não obstante, a crise atual não é somente financeira e não pode ser explicada unicamente pela falta de controles que propiciou o neoliberalismo e o esgotamento das instituições surgidas de Bretton Woods. Estamos diante de uma crise mais profunda que a de 1929 e terá longa duração. Isto se deve ao fato de que a crise acontece numa etapa de expansão máxima e hegemonia do modo de produção capitalista.

Quinto. O desenlace da crise abre um amplo leque de opções para o futuro e será resultado de dois movimentos combinados: a luta de classes em cada país e os conflitos entre os diferentes Estados e blocos regionais. É provável que desta interrelação surjam distintos modelos econômicos e políticos: uns serão conservadores, outros progressistas e outros no rumo do socialismo.

Sexto. O 15º Encontro do Foro de São Paulo saúda o 50º Aniversário da Revolução Cubana e reconhece o exemplo da Revolução Cubana a qual, com sua heróica resistência, contribuiu de maneira fundamental com a nova época de viragem à esquerda de nosso continente.

Ratificamos uma vez mais nossa condenação ao bloqueio do imperialismo norte-americano, e reafirmamos nossa demanda de liberação dos cinco lutadores anti-terroristas cubanos, injustamente encarcerados em prisões dos Estados Unidos.

Sétimo. Uma boa parte dos países da América Latina e do Caribe vive, há mais de una década, um processo de mudanças, desenvolvendo uma luta crescente pela sua soberania e pelos direitos e o bem-estar de seus povos. Os efeitos da crise terão um impacto e podem fazer retroceder os avanços conquistados em matéria de crescimento econômico, emprego e diminuição da pobreza. Da mesma forma, tornará mais evidentes os limites e problemas das economias primárias-exportadoras, controladas por poderosos oligopólios afastados de modelos de desenvolvimento a serviço dos povos, de seu bem-estar, progresso e liberdade.

Não obstante, há de se notar que a crise não afetará todos os países igualmente. Os países primários-exportadores e os altamente dependentes dos Estados Unidos, como o México, sofrerão uma queda acentuada de seu crescimento econômico e a crise será mais prolongada. No caso dos países governados pela esquerda, haverá melhores possibilidades de contornar os problemas, especialmente se fizerem esforços para fortalecer as economias internas e a integração regional. Entretanto, cabe assinalar que a margem de manobra destes governos pode ser reduzida, a crise pode levar ao aprofundamento das mudanças.

Oitavo. A direita latino-americana definiu diversas estratégias para deter o avanço da esquerda e para sabotar seus governos, partidos e movimentos. De um lado, está dando um novo brio ao militarismo e à criminalização do protesto sociais, com características anticomunistas e racistas. De outro, a direita se apoia no controle dos principais meios de comunicação para desprestigiar os partidos políticos e fortalecer os poderes de fato. Cabe notar, que um dos traços do processo de mudanças, especialmente na região andina, foi a luta pela incorporação dos povos nativos, indígenas e das maiorias excluídas na vida política, econômica e social mediante vigorosos movimentos sociais.

Denunciamos a estratégia da direita de utilizar como pretexto a luta contra o crime organizado para promover políticas de segurança que militarizam as sociedades, reduzem o espaço da ação política para a esquerda, criminalizam a luta social e promovem o temor entre a população, o que favorece ações cada vez mais repressivas. Este é o caso, particularmente, do que acontece no México e na Colômbia, assim como no Peru e em Honduras.

O Foro de São Paulo avaliará permanentemente as estratégias da direita para evitar que prosperem e continuará trabalhando para ampliar a força da esquerda.

Nono. O 15º Encontro teve a oportunidade de analisar a situação geral da América Latina e do Caribe e condenou a reação da direita e do imperialismo diante da crise, através da militarização crescente no nosso continente, da reativação da IV Frota estadunidense, a criminalização da política e das manifestações sociais e da pretensão de impor Convênios ou Tratados de Livre Comércio que garantam seus interesses e o controle sobre mercados e recursos naturais. Da mesa forma, analisou mais profundamente três casos específicos: Honduras, Porto Rico e Colômbia. Denunciamos que o Golpe de Estado em Honduras é uma tentativa da direita para utilizar os métodos mais brutais e assim deter o avanço das forças progressistas e de esquerda. O 15º Encontro assumiu o compromisso de continuar apoiando a luta do povo hondurenho e de exigir a libertação imediata de todos os presos políticos, o fim da repressão, a reintegração imediata e incondicional do presidente Zelaya a seu cargo, assim como da ordem constitucional e das liberdades políticas. O 15º Encontro comprometeu-se a promover a unidade de todas as forças progressistas e de esquerda em Honduras, apoiar a resistência popular e a opção para que a esquerda esteja presente nas próximas eleições.

Décimo. O colonialismo continua existindo, tanto em nível político quanto cultural e é inaceitável. O 15º Encontro compromete-se a fortalecer a luta pela plena independência de Porto Rico e sua reincorporação soberana à comunidade das nações latino-americanas e caribenhas. Exigimos a libertação dos presos políticos portorriquenhos. Denunciamos igualmente a persistência de povos americanos colonizados por países europeus: Aruba, Bonaire, Curaçao, Martinica, Guadalupe e Guiana, os quais têm direito à autodeterminação.

Décimo-primeiro. O 15º Encontro rechaça a reativação da IV Frota do comando sul dos Estados Unidos e condena energicamente o acordo entre o governo dos EUA e o governo da Colômbia que permite o uso de bases militares ao longo de todo o território nacional colombiano. Este acordo atenta contra a soberania colombiana e constitui uma ameaça direta ao Equador, à Venezuela e à Bolívia, afetando a estabilidade e a convivência pacífica de toda a região latino-americana e caribenha. Convocamos os partidos e forças populares, progressistas e de esquerda do continente e de todo o mundo a se opor à presença militar norte-americana e a mobilizar-se contra a militarização. Somamo-nos à convocatória de atividades contra as bases militares, que foi impulsionada pelos Partidos integrantes do FSP, em especial na Argentina, na Venezuela e na Colômbia. Da mesma forma, denunciamos o aval que os governos do México e do Peru deram a esta medida, evidenciando sua subordinação aos interesses dos EUA.

Décimo-segundo.
A esquerda está presente no povo em luta e organizado, assim como em seus partidos, seus representantes parlamentares e seus governos municipais, estaduais e nacionais. A principal força reside na organização e na mobilização popular, que continua sendo expressada de diversas formas na América Latina, especialmente o papel dos povos indígenas e nativos, como na Bolívia, e na importante luta travada pelos povos amazônicos do Peru.

A crise exige dos governos populares, progressistas e de esquerda a radicalização de sua opção em favor da ação do Estado, da inversão pública, do mercado interno, da mudança do modelo econômico primário-exportador sob o controle das corporações transnacionais, devendo impulsionar a integração regional. Ações mais decisivas deverão ser realizadas para defender a economia popular, combater a pobreza e a desigualdade. Urge por em prática reformas profundas para mudar as estruturas econômicas e políticas imperantes, assim como deter a deterioração ecológica.

As ferramentas para a mudança são mais democracia, participação e organização social. A participação popular deve ser aprofundada nas lutas sociais e no resgate da gestão do Estado. Temos também a responsabilidade de forjar e consolidar em cada um dos nossos países a unidade das forças políticas e sociais que são a favor da mudança pelo progresso, a justiça e a democracia participativa.

Décimo-terceiro. Os governos e as forças populares, progressistas e de esquerda da América Latina e do Caribe devem aprofundar a integração regional, assim como a criação de organismos supranacionais de gestão política, econômica, social, cultural e ecológica. Devemos avançar na construção de um bloco de nações que possa negociar unitariamente seu lugar pelo mundo afora. Para isso devemos impulsionar, complementarmente os distintos processos de integração e fortalecer os instrumentos de integração que já existem: UNASUL, MERCOSUL, CAN, ALBA, CARICOM, SICA etc., e assim alcançar nosso objetivo estratégico de uma verdadeira integração latino-americana e caribenha.

Décimo-quarto. É necessário que os partidos e governos populares, progressistas e de esquerda da América Latina e do Caribe participem do debate sobre a nova ordem mundial que surgirá depois da crise e que já é assunto de disputa. Trata-se de propor a criação de novas regras e instituições mundiais que possibilitem aos países de todo o mundo, especialmente os em desenvolvimento, maior capacidade para financiar suas economias e regulamentar o comércio, o investimento e os fluxos de capital.

Décimo-quinto. O 15º Encontro do Foro de São Paulo aprovou um plano de trabalho para o próximo ano, que se propõe a:

1. Acompanhar os governos progressistas e de esquerda, organizando um debate e o intercâmbio permanente de informação entre os dirigentes dos partidos do FSP sobre a evolução da situação na América Latina e dos governos da região criando para isso um Observatório de Governos de Esquerda e Progressistas.

2. Apoiar decididamente a esquerda hondurenha nos termos da resolução referente aprovada por este 15º Encontro.

3. Contribuir para fortalecer os movimentos sociais, assim como a plena articulação destes com os povos indígenas e nativos na América Latina e no Caribe.

4. Forjar e consolidar, em cada um dos nossos países, a unidade das forças políticas e sociais que apoiam as mudanças para o progresso, a justiça e a democracia participativa.

5. Fortalecer os partidos e movimentos sociais e políticos com mecanismos de efetiva democracia interna, formação de gerações de renovação e firmes vínculos com os movimentos e dirigentes populares, desenvolvendo com estes uma relação horizontal e integradora. Promover a unidade das forças políticas e sociais que apoiam as mudanças, como base para a vitória, impulsionando a luta de ideias contra o capitalismo e espaços de unidade de ação que favoreçam a unidade.

6. Apoiar os processos eleitorais de 2009 e 2010, com dois objetivos: não ceder nenhum governo para a direita e ampliar os espaços da esquerda. Para isso, tomou-se a resolução de enviar observadores eleitorais.

7. Dar atenção especial à situação do México, da Colômbia e do Peru, realizando no decorrer de 2010 uma reunião do Grupo de Trabalho em cada um destes países, com o objetivo de debater as respectivas situações nacionais e o que o Foro de São Paulo pode fazer em termos efetivos.

8. Convocar um grande Encontro Continental dos Movimentos Sociais e partidos políticos populares, progressistas e de esquerda, integrantes do Foro e das organizações da sociedade civil, pela paz e contra a presença militar imperialista na região, especialmente a instalação das bases militares dos Estados Unidos na Colômbia e a Quarta Frota.

9. Realizar um evento de cúpula, de caráter continental, onde o tema central e único seja o problema do colonialismo na Nossa América.

10. Articular a ação do Foro de São Paulo com a luta dos imigrantes latino-americanos e caribenhos nos Estados Unidos;

11. Reformar a Secretaria Executiva do Foro de São Paulo, para que futuramente seja composta por uma Secretaria Executiva indicada pelo Grupo de Trabalho e por três secretarias adjuntas indicadas pelas secretarias regionais (Cone Sul, Andino-Amazônica, Centro-americana e Caribenha), de acordo com resolução específica.

Décimo-sexto. Durante o 15º Encontro, pela primeira vez foi realizado, paralelamente, o Primeiro Encontro da Juventude do FSP, que é considerado um avanço de grande importância para a esquerda latino-americana e reconhece o empenho, a visão e a capacidade política dos jovens do FSP, para que este Primeiro Encontro pudesse se tornar realidade. Apoiamos as resoluções tomadas neste Primeiro Encontro Juvenil e consideramos que estas ações devem ser permanentes, receber uma grande atenção e todo o apoio necessário.

O 15º Encontro torna suas as resoluções dos encontros de autoridades nacionais; parlamentares; das escolas e fundações; dos movimentos sociais, dos povos nativos e afrodescendentes; culturais e de mulheres. O Grupo de Trabalho fará o necessário para promover e levar à prática as resoluções adotadas

Décimo-sétimo. O 15º Encontro do Foro de São Paulo prestou homenagem ao companheiro Armando Chavarría, dirigente histórico do PRD mexicano, covardemente assassinado no dia da abertura do Foro. De mesma maneira, fez um caloroso reconhecimento a Juan Bosch e Mario Benedetti, que simbolizam a coragem e a alma da luta por una nova América.

Décimo-oitavo. Convocamos O 15ºI Encontro do Foro de São Paulo que será realizado na cidade de Buenos Aires, Argentina, em agosto de 2010, coincidindo com a celebração do nosso XX aniversário.

Décimo-nono. Os delegados participantes do 15º Encontro do FSP patentearam seu reconhecimento ao esforço dos partidos anfitriões, o PT e o PRD do México, para a realização deste importante e exitoso encontro da esquerda latino-americana.
Cidade do México, D.F., 23 de agosto de 2009

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Resolução contra as bases militares estadunidenses na Colômbia, a Quarta Frota Naval e a militarização da região

O 15º Encontro do Foro de São Paulo, reunido na Cidade do México nos dias 20 a 23 de agosto de 2009, após análise da situação geopolítica e geomilitar da região, no contexto da situação econômica mundial, declara:

– Que a presença dos EUA nos nossos países se intensificou devido, fundamentalmente, à aplicação ativa do Plano Colômbia, à implementação dos acordos que permitem a instalação de sete bases militares na Colômbia e à reconstituição da Quarta Frota Naval norte-americana. Estas determinações de ingerência somam-se às bases militares já existentes em Guantânamo, Aruba, Curaçao, Porto Rico, Honduras, entre outras.

– Estes fatos constituem uma ameaça à paz, à segurança e à soberania regionais. Afetam também a democracia e a vigência de governos democráticos, progressistas, anti-imperialistas e socialistas. Constituem, ademais, uma grave interferência para deter os processos integracionistas que tais governos impulsionam.

– Estes acontecimentos demonstram o aumento do intervencionismo norte-americano, de seu poderio militar e das tentativas de converter nossos territórios em plataformas de guerra e impedir os processos de mudança. Portanto, não se trata de um fenômeno que diz respeito apenas aos EUA e à Colômbia, como afirmam os defensores da dupla-moral, mas, pelo contrário, é algo que envolve o conjunto dos nossos países, porque as ameaças são feitas a todos.

Neste contexto, propomos:

– Expressar a mais absoluta solidariedade ao povo colombiano e aos povos e países diretamente ameaçados pelas políticas belicosas do eixo militar norte-americano – Uribe.

– Convidar os governos progressistas latino-americanos para que atuem nos espaços multilaterais – Grupo do Rio, UNASUL, OEA -, desenvolvendo um amplo debate sobre as implicações da presença das bases militares para a estabilidade e a paz na região, pondo em marcha ações que favoreçam a restituição de espaços de convivência pacífica na América Latina.

– Apoiar a iniciativa da legislatura equatoriana a respeito da auditoria da base de Manta, cujos marines norte-americanos deixaram há pouco.

– Impulsionar a realização de uma campanha regional e continental para impedir a presença das bases militares na Colômbia e para que a Quarta Frota suspenda suas operações. Neste sentido, apoiamos as iniciativas dos movimentos sociais e políticos, tais como a Aliança Social Continental, a Campanha pela Desmilitarização das Américas e o Conselho Mundial da Paz.

– De maneira particular e de imediato, deverão ser apoiadas as seguintes ações: Mobilização em Bariloche (Argentina), dias 27 e 28 de agosto, por ocasião da Reunião de Cúpula do 1º Conselho de Defesa do Sul; Reunião de partidos políticos em Caracas, nos dias 7 a 9 de outubro; Encontro de partidos políticos e movimentos sociais em favor da retirada das bases militares na Colômbia, no mês de outubro próximo; implementação de seminários e oficinas acadêmicas e de intelectuais que tratem de assuntos sobre os conflitos da região andina, que serão realizados no primeiro trimestre do próximo ano.

O 15º Encontro do Foro de São Paulo condena as políticas militares que pretendem desestabilizar a vida democrática da região; proclama sua determinação em favorecer a paz e convoca os partidos políticos do Foro de São Paulo, os povos e governos da América Latina a impedir o militarismo.

Contra a política de guerra do imperialismo e das oligarquias, defendemos a democracia, a soberania e a paz.

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Resolução de condenação do golpe em Honduras e solidariedade com os partidos progressistas e de esquerda

O Foro de São Paulo, reunido no 15º Encontro na Cidade do México nos dias 21, 22 e 23 de agosto de 2009, com a participação de 250 delegados, 63 partidos políticos e organizações de esquerda de 32 países, com base nos acontecimentos ocorridos a partir do dia 28 de junho do ano em curso na República de Honduras:

– Condena energicamente o golpe de Estado realizado contra o presidente Manuel Zelaya, presidente constitucional de Honduras, o qual é uma estocada às liberdades democráticas e se une às denúnicas da comunidade internacional;

– Denuncia a participação dos Estados Unidos no dito golpe, com a intermediação da Costa Rica, que experimenta uma nova forma de golpes de Estado e de intromissão em assuntos internos das nações latinoamericanas e caribenhas, prejudicando a soberania e o direito à livre autodeterminação e que, ademais, se converte em ameaça à estabilidade da região e aos processos de democracia e fortalecimento da soberania dos povos da América Latina e Caribe.

– Denuncia a violação dos direitos humanos do povo hondurenho, em seu direito à livre expressão, livre organização, livre mobilização e liberdade política.

Pelo anteriormente expulso, manifestamos a necessidade:

– Do eminente retorno à constitucionalidade, reestabalecendo, de maneira incondicional ao presidente Manuel Zelaya e a outros funcionários eleitos democraticamente, entre eles e os prefeitos e prefeitas.

– Do respeito irrestrito dos direitos humanos do povo hondurenho, o que implica a liberdade imediata das e dos presos políticos.

– De nossa solidariedade total e incondicional à luta de resistência do povo hondurenho e o acompanhamento político pelo retorno às liberdades democráticas.
– De saudarmos a firmeza da mobilização de organizações sociais em defesa das liberdades democráticas e dos direitos civis, políticos e sociais do povo hondurenho.

– De manteremos missões de observação e acompanhamento ao povo de Honduras, particularmente as organizações sociais, ao Partido Unidad Democrática, membro do Foro de São Paulo e outros partidos progressistas.
– De instarmos aos governos da América Latina e Caribe e as organizações internacionais a que aprofundem as medidas para que este golpe de Estado de novo tipo não se repita.

– O Foro de São Paulo apoia as manifestações contra o golpe, a começar pelas mobilizações e manifestações que vão ocorrer em 28 de agosto.

Cidade do México, 23 de agosto de 2009