Vereadora propõe Medalha Boticário Ferreira para Bergson Gurjão

A vereadora Eliana Gomes (PCdoB), deu entrada, no dia 27 de agosto, a um requerimento na Câmara Municipal de Fortaleza, que concede a Medalha Boticário Ferreira (in memoriam) ao estudante cearense e ex-combatente da Guerrilha do Araguaia, Bergson Gurjão Farias. A sessão solene ainda terá a data confirmada pelo cerimonial da Casa.

Bergson Gurjão

Bergson Gurjão Farias tornou-se um desses brasileiros ilustres e imprescindíveis ao dedicar sua jovem vida à defesa das liberdades democráticas em nosso País e à luta por dias melhores para o povo brasileiro.

Nascido em 17 de maio de 1947, terceiro dos quatro filhos de Luísa Gurjão e Gessiner Farias (os outros eram Gessiner Júnior, Ielnia e Tânia), Bergson residiu com sua família na Rua Dom Joaquim, no centro de Fortaleza. Sua vida estudantil iniciou-se na escola Pathernon Santa Luzia e estudou também no Colégio Brasil, no Colégio Batista Santos Dumont e no Colégio Castelo Branco — curso preparatório para vestibular que frequentou. Do jovem que praticava natação, tênis e basquete no Náutico Atlético Cearense ao estudante de Química da UFC, afável e querido líder estudantil eleito vice-presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFC, em 1967, Bergson deixou marcas de sua presença por onde passou.

Bergson foi preso durante o 30º Congresso da UNE, em lbiúna (SP), em outubro de 1968, e expulso da UFC com fundamento no Decreto-lei 477. Ainda em 1968, no Ceará, foi ferido na cabeça quando participava de manifestação estudantil.

No dia primeiro de julho de 1969 foi condenado a dois anos de reclusão pela Justiça Militar. Com isso, passou a atuar na clandestinidade e mudou-se para a região do Araguaia, onde passou a residir na área de Caianos, na confluência do Bico do Papagaio, em plena selva amazônica. De acordo com o Projeto Memórias Reveladas, do Ministério da Justiça, existem controvérsias entre diferentes publicações e documentos quanto ao assassinato desse líder estudantil cearense.

Foi a primeira baixa fatal entre os quadros do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) deslocados para o Araguaia. Acerca da data de sua execução, em 1972, há controvérsias: o dia oito de maio sempre constou nas listas de mortos e desaparecidos políticos, entretanto, publicações mais recentes, fundamentadas em trechos de documentos secretos das forças repressivas, indicam dois ou quatro de junho.

Mas não há dúvidas sobre as circunstâncias desta execução: conduzido do local onde foi metralhado quando protegia a retaguarda da sua unidade no Destacamento C da Guerrilha, seu corpo foi pendurado em uma árvore, de cabeça para baixo, para ser agredido por pára-quedistas e outros agentes das forças repressivas.

O desaparecimento de Bergson foi denunciado em juízo pelos presos políticos José Genoíno Neto e Dower Moraes Cavalcante.

Genoíno afirmou que lhe mostraram o corpo sem vida de Bergson, com inúmeras perfurações, durante um interrogatório.

Dower, já falecido, informou ter sido preso e torturado junto com Bergson e confirmou a versão de Genoíno para a sua morte. Segundo depoimento de Dower, o general Antonio Bandeira de Melo lhe disse que Bergson estaria enterrado no Cemitério de Xambioá.

Sua execução foi registrada no Relatório da Operação Sucuri, de maio de 1974; no Relatório do Ministério da Marinha, de 1993; pelo citado general Bandeira, então comandante da 3ª Brigada de Infantaria; e no “livro secreto” do Exército, divulgado em abril de 2007.

Efetivamente, Bergson foi enterrado no cemitério municipal de Xambioá (hoje município de Tocantins), de onde foi exumado em 1996 numa expedição que levou seus restos físicos para Brasília, onde permaneceram num caixote de papelão até 2009, quando, no mês de julho, foram identificados.

Em Fortaleza, terra onde Bergson dedicou sua vida as causas da liberdade, a Medalha Boticário Ferreira é sua pioneira, significativa e merecida honraria.

Sobre a Medalha

A Medalha Boticário Ferreira é uma honraria nascida na trajetória construtiva de um brasileiro nascido em Niterói, Antonio Ferreira Rodrigues, farmacêutico, que aportou em Fortaleza em 1825, quando o Nordeste já se fazia engrandecido pelas ações do movimento revolucionário, de caráter emancipacionista e republicano da Confederação do Equador. É, desde sua instituição, uma honraria que se confere a pessoas notáveis, às quais se dedica uma gratidão qualificada por sua grandeza e representatividade social.

Fonte: Assessoria de Imprensa da vereadora Eliana Gomes