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O acordo Braskem e Quattor e a alergia ao Estado

A possibilidade de uma grande aliança num setor estratégico da economia – o da petroquímica – entre a Braskem e a Quattor – é o mais recente episódio que revela a alergia que os apologistas do capitalismo concorrencial têm da criação de empresas fortes e com participação de capital estatal.

Por Renata Mielli, na Janela sobre a Palavra*

Venda da Quattor levanta dúvidas sobre reestatização alerta manchete do Estadão, que além da notícia traz no editorial Risco de Monopólio um rosário de argumentos para criticar as ações de Lula que “tem procurado comandar não só nas decisões da Petrobras, mas também as de companhia privadas, como a Vale e a Embraer”.

Os fiéis seguidores do neoliberalismo

O xeque-mate dado pela crise econômica internacional no mandamento neoliberal do Estado mínimo – que pregava um Estado enxuto, na verdade raquítico e subordinado à iniciativa privada, que deveria prevalecer em todas as áreas da economia – tem trazido uma boa dor de cabeça para seus seguidores mais fiéis.

Com a onda de socorros multibilionários a bancos, seguradoras, montadoras e toda a sorte de empresas em vários setores econômicos, os argumentos contra o papel central do Estado como indutor da economia e impulsionador do desenvolvimento ficaram desgastados e enfraquecidos. Mesmo assim, seus porta vozes continuam batendo os tambores na tentativa de aponta os perigos do crescimento do Estado.

Em meio às baboseiras que pode se ler sobre o assunto, vale dar uma olhada no artigo de Vinicius Torres Freire, em que ele critica a hipocrisia do setor privado e seu “chororô sobre o peso estatal” na sociedade.

Sempre o mesmo discurso

“Procura-se iniciativa privada” parece ser um desabafo de quem está cansado dessa lenga-lenga que se reproduz como um disco riscado. Das 100 maiores empresas do país, dois terços são de capital nacional ou misto. Dessas, metade são estatais ou contam com o governo como acionista, elenca. Uma parte delas é porque o Estado “para falar francamente, as salvou da bancarrota”, dispara Freire. A minoria nasceu e permanece privada, porque a maioria recorreu em algum momento ao Estado para crescer ou se recuperarem de tombos.

E vai desfiando os vários setores da economia que não contam com a iniciativa privada como indutora do crescimento e desenvolvimento. Ao final, questiona: “No país do pré-sal, onde estão as empresas inovadoras na química? Talvez a esperar um subsídio (direto, indireto, “informal” ou “estratégico”) do Estado”. Ironia?

* Fonte: http://renatamielli.blogspot.com