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Desocupação deixa mais de mil desabrigados em SP

Mais 570 famílias sem-teto foram despejadas na manhã desta segunda-feira (24/08), do acampamento Olga Benário, ocupação organizada pela Fórum de Moradia e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Fommaesp) desde 2007, no Parque do Engenho, Capão Redondo, zona sul de São Paulo. Cerca de 1.500 pessoas moravam nos cerca de 800 barracos destruídos pela ação da polícia.

Em um ano e meio, essa é a terceira reintegração de posse que a Justiça de São Paulo concede à Viação Campo Limpo Ltda (atual Viação Campo Belo), antiga proprietária do terreno. Duas delas foram suspensas com a ajuda da Defensoria Pública. Mas a 8ª Vara Cível do Foro Regional II (Santo Amaro) concedeu uma liminar à empresa que determinou a reintegração de posse nesta segunda (24/08) do terreno de 14 mil metros quadrados, antes utilizado para desmanche de carros roubados e despejo de cadáver.

Em negociações anteriores, a empresa aceitara vender o espaço para o governo federal, estadual ou municipal. O terreno, no entanto, foi retido pela Justiça devido a um processo movido pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). O imóvel – penhorado ao Banco América do Sul – acumulou uma dívida de mais de R$ 7 milhões.

A prefeitura também já havia proposto como solução ao impasse transferir os moradores da ocupação para abrigos, entretanto o movimento não aceitou a proposta e reivindica uma solução para a moradia das famílias.

"A gente não aceitou, porque tem crianças, idosos, deficientes, não tem como separar essas pessoas. E além disso, eles vão dormir nos albergues e depois voltam pras ruas", argumentou Felícia Mendes, coordenadora do Fommaesp, entidade que integra a Frente de Luta por Moradia (FLM). Segundo ela, a COHAB (Companhia Metropolitana de Habitação) prometeu a liberação de verba emergencial ou carta de crédito para as famílias, o que ainda não aconteceu.

PM diz que 90% da área já foi desocupada

O comandante do 37º DP (Distrito Policial), Carlos de Carvalho Júnior, afirmou que 90% da área de propriedade da viação Campo Limpo, sobre a qual foi erguida a favela Parque do Engenho, no Capão Redondo, zona sul de São Paulo, já foi reintegrada. Felícia relata que a ação foi truculenta e que houve confronto. Pelo menos 14 barracos foram incendiados e os desabrigados permanecem com seus pertencem na calçada da rua Ana Aslam.

Segundo a polícia, os moradores atearam fogo em 14 barracos, dentro dos quais estariam os pertences deles próprios. Os moradores negam a versão da PM e dizem que o fogo começou em razão das bombas jogadas pelos policiais. Ao menos 800 barracos serão destruídos.

Botelho disse que o trabalho de reintegração continuará até as 18h desta segunda (24/08) e, se não for concluído, recomeça às 6h da manhã de terça-feira (25).

A PM afirma que não houve disparo de tiros e que apenas bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral foram lançadas. Cerca de 250 homens da PM estão no local, inclusive do batalhão da tropa de choque.

Por Luana Bonone, da redação, com informações da Adital, Notícias UOL e Coletivo de Comunicação do MTST