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Bolívia: Oposição agora quer impedir até apoio internacional

Com a proximidade das eleições e a vantagem do atual presidente, Evo Morales, a oposição boliviana anda tão atônita que critica até o apoio brasileiro ao país. No sábado (22), o presidente Lula esteve na Bolívia para autorizar crédito de US$ 332 milhões à nação, para construir uma estrada. Sua presença provocou reação dos adversários de Evo, que viram conotação eleitoral. O presidente do Senado boliviano, Óscar Ortiz, chegou a pedir que governantes de outros países se abstenham de ir à Bolívia.

Ortiz é ex-integrante do grupo de direita Podemos e tem seu nome cotado para disputar as eleições – seja encabeçando uma chapa contra Evo ou apenas ocupando a vice. Segundo ele, a solicitação para que presidentes não viagem a Bolívia é para que as visitas "não sejam usadas eleitoralemente como aconteceu com Lula".

Lula esteve na Bolívia no sábado, onde assinou o acordo para o investimento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na rodovia que ficará as cidades bolivianas de Villa Tunari e San Ignacio de Moxos. A obra será construída por uma empresa brasileira e terá 306 quilômetros, ligando os vales de Cochabamba e a Amazônia boliviana. A contrapartida da Bolívia será de US$ 80 milhões para a construção da rodovia.

No futuro, a estrada também terá ligação com um corredor interoceânico, cuja construção está prevista em um acordo assinado em dezembro de 2007, entre Lula, Morales e a presidente do Chile, Michelle Bachelet. A previsão é de que o corredor se estenda entre os portos de Santos e Iquique, no Chile, passando pela Bolívia.

Lula anunciou também que seu Governo aprovou um decreto para que a Bolívia exporte seus produtos têxteis ao Brasil com tarifa zero para compensar os efeitos da decisão dos Estados Unidos de retirar determinadas preferências tarifárias do país andino. Segundo o presidente, a abertura deste mercado pode ser uma "ocasião extraordinária" para desenvolver a indústria boliviana e dar valor agregado a seus produtos.

Brasil e Bolívia também firmaram acordos nas áreas de Defesa Civil e assistência humanitária e decidiram pela construção de um centro de formação profissional para jovens bolivianos. Todos estes convênios, segundo Lula, servem para reafirmar sua aposta pela integração regional na América Latina, porque "não existe possibilidade de que um país só resolva seus problemas".

Lula lembrou que, em outras épocas, os países da América Latina pareciam um "grupo de amigos" que não confiavam uns nos outros e que ficavam esperando que os EUA ou a Europa resolvessem seus problemas. "Agora há uma geração de governantes que sabem que a única solução para nossos problemas é a integração latino-americana e o estabelecimento de boas relações entre todos nós", manifestou.

"Ou entendemos que temos que nos ajudar, construir alianças e trabalhar juntos ou passaremos mais um século vendo nosso povo pobre, sem se desenvolver e sem melhorar sua qualidade de vida", alertou Lula.

Apesar de o motivo da passagem do brasileiro pelo país ter acarretado tal benefício ao povo boliviano, a oposição usou de vários artifícios para ofuscá-la e até mesmo distorcê-la. Houve críticas ao discurso de Lula, que – defendem adversários – teria beneficiado a campanha de Morales.

Em determinado momento de sua fala, Lula comparou Evo Morales a Nelson Mandela. "Você iniciou uma nova era na Bolívia", disse Lula, afirmando que o boliviano e ele teriam origens simples, semelhantes – um cocaleiro e outro metalúrgico. Segundo o brasileiro, ambos têm que "comprovar todos os dias que têm competência para governar".

Tais colocações provocaram a ira dos oposicionistas. De acordo com Ortiz, "o cenário eleitoral não é para entregar obras". Já o deputado do MNR, Michiaki Nagatani defendeu que comparar Evo a Mandela é "violentar a história". A reação contagiou até a direita brasileira, que pegou carona no fato. O presidente do DEM, Rodrigo Maia resolveu enxergar "interferência brasileira em assuntos externos" .

Antes do ato com a presença de Lula, o senador Tito Hozde Vila, e o líder do Poder Democrático e Social (Podemos), Jorge Quiroga, afirmaram que a segurança de Lula estaria inclusive em risco na visita que contaria com a presença de produtores de folhas de coca.

Hoje, a Agência Boliviana de Informação divulgou matéria na qual o porta-voz da presidência da Bolívia, Iván Canelas, afirma que alguns setores, "agiram de forma antipatriótica, ao pretender gerar dúvidas sobre a segurança do brasileiro". De acordo com canelas, tais advertências foram desmentidas integralmente no sábado, quando Lula foi recebido com carinho e festa pelos habitantes de El Chapare, algo tradicional para todos os visitantes nacionais e estrangeiros que vão para a área.

O porta-voz avaliou que, como os adversários não conseguiram desencorajar a visita de Lula à Bolívia, manifestaram de má-fé dúvidas sobre a transparência no manejo do crédito de US$ 332 milhões. Ele lamentou que setores da política atuem com mesquinhez e contra o desenvolvimento do país. E enfatizou que tais posicionamentos fazem parte "de uma guerra suja contra o governo de Morales para impedir a reeleição do presidente na disputa de 6 de dezembro". Segundo ele, contudo, governo responderá aos ataques com obras e ações.

Sarkozy

Evo Morales anunciou sábado que o presidente da França, Nicolas Sarkozy, vai visitar a Bolívia em setembro para dar impulso à criação de uma escola de administração pública. Sarkozy vai assinar vários acordos de cooperação com a Bolívia, entre eles a criação dessa escola para funcionários públicos que terá sede em Cochabamba, região central do país. A escola terá uma gestão que vai incorporar as diversas culturas indígenas.

Com agências