George Câmara: O Brasil, o Pré-Sal e a Mídia

Em recente palestra ministrada em Natal, na segunda feira 17 de agosto, o professor Emir Sader tratou de um tema absolutamente atual e inteiramente inserido no universo do desenvolvimento nacional. Abordou a Petrobrás e sua mais recente descoberta, o petróleo da camada do Pré-Sal, cujas reservas colocam o Brasil entre os primeiros do mundo no setor.

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O evento teve como título “EM DEFESA DA PETROBRÁS, POR UMA NOVA LEI DO PETRÓLEO – A importância estratégica do Pré-Sal e o ataque ideológico à Petrobrás”.

Considerando a dimensão que o assunto alcança, observando o seu caráter estratégico para qualquer país e com o olhar voltado para o que tem acontecido nas últimas décadas no Brasil, particularmente nessa matéria, a programação atrai e convida muita gente boa, comprometida com os interesses do povo brasileiro e preocupada com o futuro do país.

Ambiente oportuno para a boa luta de idéias, quando se aproxima o processo eleitoral de 2010, ocasião em que surge inevitavelmente o debate acerca dos rumos do desenvolvimento após os dois governos do Presidente Lula. Momento que propicia um balanço crítico desse período, o papel desse governo para a superação da política neoliberal, suas limitações e, por fim, os próximos passos na efetivação de um novo projeto nacional de desenvolvimento para o Brasil.

Por aqui um ano simbólico, em que comemoramos os aniversários de 25 anos do Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Norte e de 30 anos da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Entre as entidades promotoras do evento, na linha de frente o SINDIPETRO/RN e a ADURN, os dois aniversariantes, ao lado de outros atores dos movimentos sociais, partidos políticos, intelectuais e mandatos parlamentares.

A biografia do nosso palestrante lhe confere credenciais e autoridade para abordar em elevado nível temas tão palpitantes. Jornalista, sociólogo e professor aposentado da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo – USP. Atualmente é Secretário Geral do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (CLACSO) e Coordenador Geral do Laboratório de Políticas Públicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

Com várias obras publicadas, nos brindou ainda com o lançamento do seu mais recente livro, “A Nova Toupeira”, pela Boitempo Editorial. Na palestra, chamaram a nossa atenção particularmente duas questões: o domínio acerca do tema e a capacidade de relacionar a problemática da soberania nacional com a luta política e ideológica em curso no país. Destaca-se aí o papel da mídia, representante da elite golpista que não hesita em conspirar contra o Brasil.

O neoliberalismo foi tão cruel com o nosso país que, não conseguindo privatizar a Petrobrás, retirou da União o seu controle acionário. Sedento e insatisfeito com apenas a quebra do monopólio estatal do petróleo, o capital financeiro abriu o controle acionário da empresa a tal ponto que cerca de um terço de suas ações estão hoje sob controle estrangeiro.

Nesse modelo, se as reservas do Pré-Sal forem apropriadas ao patrimônio da Petrobrás toda essa riqueza poderá migrar para outras mãos como num passe de mágica. Qual o novo marco regulatório para o setor? Recuperar o controle acionário da Petrobrás ou criar outra empresa, sob o efetivo controle da União, para explorar essa nova riqueza? Emir Sader, com a sua visão estratégica, não titubeia em apontar a segunda alternativa, com a qual concordamos.

Questões de tamanha importância deveriam ocupar o noticiário de destaque se os meios de comunicação estivessem nas mãos de verdadeiros brasileiros. Porém a mídia nacional é manipulada por quatro famílias: Frias, da Folha de São Paulo; Mesquita, do Estado de São Paulo; Civita, da Editora Abril; e Marinho, da Rede Globo. Com uma elite dessas, o Brasil não precisa de inimigos.

por George Câmara, petroleiro, advogado e vereador em Natal pelo PCdoB