Luís Gustavo Guerreiro – A nova ofensiva imperialista

Outro dia escrevi sobre o equívoco de se encarar Barack Obama como salvador do mundo na era pós-Bush. Naquele momento, Obama havia colocado um ex-oficial linha dura, alinhado com os interesses de Israel na sua chefia de gabinete, sinalizando o rumo da política externa estadunidense.

Quis apenas alertar sobre um problema clássico da sociologia: a individualização do processo social; tão bem teorizado por Norbert Elias e Louis Dumont. O que caracteriza o lugar do indivíduo em sua sociedade é a extensão da margem de decisão que lhe é conferida pela estrutura e pelo processo histórico ao qual se insere. E aquilo que denominamos “poder” não passa da amplitude dessa margem de decisão. Obama é um exemplo clássico. Ao contrário do que se pensa, ele é o governante do establishment e da política “suave e inteligente”.

Previsão confirmada: basta ver o abrandamento das críticas ao governo golpista de Honduras e a instalação de três bases militares estadunidenses na Colômbia, que possui 1.644 km de fronteira com a Amazônia brasileira. Trata-se de um enorme problema para a soberania nacional, pois a ação militar se dará sob o falso pretexto de “combate ao narcotráfico e ao terrorismo das Farc”. Justificativa usual nas ações imperialistas militares dos EUA no restante do mundo. Não é de hoje a cobiça sobre a Amazônia. Também não é de se estranhar que as bases serão instaladas em um país cujo presidente está na contra-mão do quadro político regional.

É real o perigo de instabilidade militar, política e de agressão à soberania dos países vizinhos. O governo Lula deve assumir o papel de protagonista no enfrentamento dessa questão na próxima reunião de cúpula da Unasul, no Equador. No âmbito interno, deve reforçar o Comando Militar da Amazônia. Caso falhe, teremos um novo foco de tensões internacionais, onde a Colômbia poderá a cumprir o mesmo papel de Israel no Oriente Médio. E não é isso que a nação colombiana, nem as sofridas nações latinas precisam nem desejam.

Luís Gustavo Guerreiro Moreira é Sociólogo do Observatório das Nacionalidades – UFC/Uece