Altamiro Borges: “É preciso qualificar as propostas da Confecom”

O debate promovido pelo Sindicato dos Bancários do Ceará, Sindicato do Asseio e Conservação em parceria com o Portal Vermelho na última quinta-feira (13), contou com as presenças dos debatedores Padre Ermmano Allegri da Agência de Notícias para América Latina (Adital) e do jornalista Altamiro Borges, que na ocasião lançou o livro de publicação da Coleção Vermelho “A ditadura da Mídia”.

Debate Confecom

Entidades estudantis, jornalistas, sindicalistas de diversas categorias e partidos tiveram a oportunidade de debater a luta pela democratização dos meios de comunicação no Brasil, com destaque especial para a Conferência de Comunicação. Altamiro Borges iniciou destacando a importância do papel da Adital como mídia comprometida com os movimentos sociais. “A Adital é um patrimônio da América Latina,” afirmou.

Altamiro ressaltou o esforço do Portal Vermelho de promover discussões sobre a Confecom para que os movimentos sociais possam convergir em alguns temas ganhando força na disputa que acontecerá mais adiante. Também destacou a luta pela democratização como estratégica, já que a comunicação é um direito fundamental para o ser humano.

Para Altamiro, a comunicação é um direito e a visão que a mídia tinha romantizada não existe mais. “Os grandes meios de comunicação pensam em lucro, mexem com a subjetividade humana para vender modos de vida e comportamento,” enfatizou.

O jornalista também frisou a importância de qualificar propostas e centralizar algumas como prioridades: rede pública, rediscutir concessões públicas, inclusão digital, radiodifusão comunitária, publicidade, controle social e novo marco regulatório. Ele fez referência ao projeto Rádio Favela em Belo Horizonte, que já retirou vários jovens das drogas, sendo esse exemplo um papel importante de uma rádio comunitária.

Ainda para Altamiro é preciso fortalecer os veículos de comunicação sindical, criar observatórios de imprensa nas escolas para que os estudantes possam analisar as matérias veiculadas nos jornais de grande veiculação. “Sem ilusão que vamos democratizar o que está aí nessa conferência, mas temos a oportunidade de formular políticas públicas que direcione para a comunicação que queremos,” concluiu.

É importante repercutir o que não saí na grande mídia

O diretor executivo da Adital, Padre Ermmano Allegri, falou sobre a criação da Adital que nasceu em 2001 e tendo como um dos objetivos a bandeira da democratização da mídia. Disso surgiu uma agenda social para América Latina e Caribe com uma visão construída pelos movimentos sociais.

Pe. Ermmano destacou que, com todos os esforços, a agência chegou a um bom número de participação nessa discussão da democratização podendo sair com resultados positivos levantando a bandeira da mídia independente. “O que mudou na América Latina é resultado de um trabalho corpo-a-corpo disseminando ideias e valores que acreditamos,” afirmou.

O diretor de comunicação do Sindicato dos Bancários, Clécio Morse, enfatizou a importância do tema no meio sindical que deve ir além de mídia impressa, TV e rádio. O sindicalista destacou projetos que o sindicato realizou como a Caravana da Cidadania que pautou várias reivindicações dos movimentos sociais e também o programa que o Bancários investem na Rádio Universitária.

Para Clécio é importante que outros segmentos e categorias tenham iniciativas de realizar momentos de esclarecimento sobre a Conferência para que as pessoas possam participar de forma ativa no processo de transformação da comunicação no Brasil. “Democratizar é dar vez a quem nunca apareceu na mídia e quem nunca teve chance opinar sobre ela. Por isso precisamos nos apoderar desse debate,” alertou.

De Fortaleza,
Ivina Carla (Acadêmica de Jornalismo)