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Zelaya visita Lula em busca de 'estratégia mais enérgica contra o golpe'

Há 45 dias afastado do cargo, o presidente deposto de Honduras, José Manuel Zelaya, chegou na noite desta terça-feira (11) ao Brasil, pedindo que os governos norte-americano e de países da América Latina adotem medidas mais enérgicas contra o grupo que assumiu o poder depois de ter liderado um golpe de Estado. Ele será recebido, na tarde desta quarta (12), pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Afirmando que sua deposição é “um delito que afeta a todo o Continente Americano”, Zelaya pediu, sobretudo aos Estados Unidos, que demonstrem seu repúdio ao governo de Roberto Micheletti de forma mais dura. Segundo ele, "70% das atividades econômicas, culturais, militares e políticas" de Honduras estão relacionadas diretamente com os EUA.

“Reconhecemos o esforço norte-americano, mas cremos que as ações foram demasiadamente tíbias, não sendo suficientes. Consideramos que o presidente [Barack] Obama pode tomar medidas mais enérgicas nos aspectos econômicos, comerciais, migratórios e mesmo em relação a diversos tratados econômicos que têm com Honduras”, afirmou Zelaya.

Sobre o encontro que terá nesta quarta com Lula, Zelaya que haverá a tentativa de "traçar uma estratégia para que as medidas contra o regime golpista sejam mais enérgicas, tanto as adotadas pela América Latina, quanto as aplicadas pelos EUA".

Zelaya chegou na terça-feira à noite em Brasília a bordo de um avião Falcon 50 de bandeira venezuelana. A reunião com Lula está prevista para as 15h30 (horário de Brasília) e será realizada no Centro Cultural Banco do Brasil da capital, onde o presidente despacha provisoriamente, já que o Palácio do Planalto está em obras.

Ao desembarcar no Brasil, Zelaya agradeceu à “firmeza com que Lula e (o chanceler Celso) Amorim, além de movimentos sociais e setores da imprensa brasileira, condenaram o golpe de Estado em Honduras”, um delito que, para ele, deve ser considerado um crime contra a humanidade.

“O povo hondurenho completa hoje mais de 40 dias de resistência cívica pacífica. Ele foi duramente reprimido, há uma dúzia de assassinatos, mais de mil presos políticos em todo o país. Há tortura e a liberdade de imprensa foi suprimida. O povo sofreu primeiro com o golpe de Estado e agora com a instalação de uma ditadura”, comentou o hondurenho.

“Não há, no âmbito internacional, legislação específica sobre golpes de Estado e o Brasil é um dos países dispostos a lutar pela tipificação de golpes de Estado como um delito de lesa-humanidade”, disse.

Desde que Zelaya foi derrubado do poder, em 28 de junho, o Brasil condenou o golpe e exigiu sua imediata restituição no poder, além de ter suspendido diversos acordos de cooperação que desenvolvia com o governo hondurenho.

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) esperam se encontrar com o presidente constitucional hondurenho. E não estaria descartada uma visita sua ao Acampamento Nacional da Reforma Agrária, situado em frente al estádio Mané Garrincha, em Brasília.

Enquanto isso, em Tegucigalpa…

As autoridades golpistas de Honduras decretaram, ontem, toque de recolher na capital Tegucigalpa, após o fim de um protesto de milhares de seguidores do líder Zelaya. A decisão foi anunciada em cadeia nacional de rádio e televisão o Governo do presidente Roberto Micheletti.

Milhares de manifestantes saíram em marcha, ontem, exigindo a restituição de Zelaya no poder, mostrando que a resistência continua firme no país.

Com agências