Queda da liminar contra cotas gera alívio na UnB

Mais uma batalha ganha, mas a a luta continua. Esse é o sentimento do Centro de Convivência Negra (CCN) da Universidade de Brasília (UnB), após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de indeferir a medida cautelar apresentada pelo Partido Democratas que questiona a constitucionalidade do sistema de cotas da UnB.

Pixação racista na UnB

A União Nacional dos Estudantes compartilha dessa sensação. A UNE defende as cotas sociais, por considerar que é parte da política de inclusão de estudantes da rede pública nas Instituições de Ensino Superior (IES). Apenas com a adoção de cotas sociais, incluindo as raciais, será possível reduzir o abismo educacional existente no país.

“Recebemos com alivio a decisão do STF. Há cinco anos a UnB adotou o sistema de cotas, por perceber a ausência de negros e indígenas na universidade”, desabafou Deborah Santos, assessora de Diversidade e Apoio aos Cotistas da UnB e coordenadora do CCN, tido como um ambiente de promoção da igualdade racial dentro do campus. Mas a professora é cautelosa. Afinal, existe um longo caminho a percorrer, já que o pedido de liminar feito pelo DEM ainda deverá ser julgado finalmente pelos 11 ministros do STF (em data indefinida).

Para o ministro Gilmar Mendes, que indeferiu o pedido, apesar da importância do tema “neste momento, não há urgência a justificar a concessão da medida liminar”. A decisão de Mendes se mostrou ponderada, pois o pedido ocorreu após a divulgação do resultado final do vestibular do segundo semestre de 2009, que aprovou 654 estudantes pelo sistema.

“Seria um contrassenso cancelar a matrícula de quem já entrou na universidade”, afirma Wesley Pereira, aluno de artes plásticas, ao comentar que a liminar prejudicaria muito os alunos. Ele ingressou na UnB na primeira turma beneficiada pelo sistema de cotas, em 2004. O futuro artista plástico, que faz estágio no CCN, começou a entender a relação das cotas no país naquele ano, mas hoje já tem uma opinião formada – e bem sólida. “O sistema de cotas é uma conquista para vivermos numa sociedade mais justa. Porque acredito que quando a justiça reina, é para todos, independente de cor, raça ou classe social”, conclui.

E a UNE concorda. “Acreditamos que somente com a popularização da universidade brasileira alcançaremos uma instituição mais comprometida com os interesses da maioria do povo brasileiro e da construção de uma nação mais desenvolvida”, afirma Augusto Chagas, novo presidente da entidade.

Procurado para comentar o resultado do STF, o Partido Democratas evitou se pronunciar. A reportagem tentou, sem sucesso, contato com a assessoria do senador democrata goiano Demóstenes Torres, que deu entrada no pedido da liminar e é um dos principais opositores das cotas étnicas.

Desde que foi implantado, 3225 alunos entraram para o sistema de cotas da UnB, e 170 já estão formados.

Fonte: site UNE e UBES (www.une.org.br)