Ministério cria grupo para coordenar buscar no Araguaia.



O Ministério da Defesa criou um grupo de trabalho para procurar, recolher e identificar corpos de militares e guerrilheiros mortos durante a guerrilha do Araguaia (1972-1975).


A portaria criando o grupo foi publicada em 29 de abril e saiu dias depois de a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, ligada à OEA (Organização dos Estados Americanos), entrar com ação contra o governo brasileiro na Corte Interamericana de Direitos Humanos. A ação cita a ''detenção arbitrária, tortura e desaparecimento'' durante a guerrilha.


Segundo a comissão, desapareceram 70 pessoas envolvidas no movimento contra a ditadura organizado pelo PC do B na região do Bico do Papagaio (PA, MA e TO).


Victória Grabois (filha, irmã e mulher de desaparecidos) disse que estranhou a medida porque nenhum familiar foi consultado.


O Ministério da Defesa, de Nelson Jobim, nega que a ação movida pela Comissão Interamericana tenha influído na decisão. O governo alega a necessidade de realizar novos trabalhos de campo diante do resultado limitado das expedições anteriores.


 


Fonte: Folha Online


O grupo será formado por representantes do Exército (que coordenará os trabalhos), dos governos do Pará e do Distrito Federal e uma entidade externa, provavelmente a Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil), para fiscalizar as expedições. Atuará por um ano, com a apresentação de um relatório sobre a ação.


A Defesa nega que a formação do grupo seja para atender à decisão judicial que obriga o governo a abrir os arquivos da guerrilha e revelar dados sobre os mortos.


Em 2003, o governo Lula criou uma comissão interministerial para localizar ossadas. A decisão foi criticada por membros da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, que apontaram que o maior obstáculo à localização dos cadáveres era a falta de vontade política.


Em 2004, peritos da Secretaria Nacional de Direitos Humanos buscaram corpos, mas nenhum foi encontrado.


No ano passado, o ex-soldado Raimundo Antônio Pereira de Melo, que combateu a guerrilha, disse que aquelas buscas foram feitas em áreas diferentes das indicadas: ''Aquilo foi um circo (…). Não passaram nem perto do local que marcamos e onde até hoje estão os corpos''.