George Câmara: Primeiro de maio – 123 anos

Não parece que foi ontem. A julgar pelas bandeiras de luta, inexplicavelmente atuais, está mais para hoje. Olhando para aquele maio de 1886, em Chicago, na luta pela redução da jornada de trabalho para oito horas diárias, entre outras reivindicações, é co

Neste ano de 2009, quero abordar o Primeiro de Maio sob três aspectos: o histórico, o crítico e o da luta. Do ponto de vista histórico, é preciso enaltecer a capacidade de luta daqueles que deram a sua vida por uma causa tão nobre. Homens e mulheres que escreveram na história da humanidade página tão nobre, deixando para nós um legado de lutas e conquistas, e acima de tudo uma lição: vale acreditar no sonho. No sonho de um mundo melhor, com dignidade para o ser humano.


 



 Sob o ponto de vista crítico, um questionamento: por que, no sistema capitalista, quando surgem benefícios produzidos pelos trabalhadores, estes são os últimos a usufruir, enquanto nos momentos mais difíceis, são os mesmos trabalhadores que primeiro sofrem os efeitos, sobretudo em crises como essa que estamos vivenciando?


 



Os ganhos de produtividade, por exemplo, que resultam da capacidade criativa dos trabalhadores, da sua inteligência e do seu suor, não fazem parte do cenário de direitos. Porém as mazelas do corte de postos de trabalho e/ou redução salarial, são os primeiros da fila em momentos de crise. Por que será?


 



 Quanto ao terceiro aspecto, a experiência vai demonstrando que não existe alternativa para os trabalhadores que não seja no campo da luta. Ao travar as batalhas pela sobrevivência e pelo reconhecimento de nossos direitos, vamos forjando nossa própria consciência de classe. Vamos adquirindo a certeza de que no sistema capitalista não existe futuro para aqueles que só possuem, enquanto meio de produção, a mercadoria força de trabalho.


 



 Afinal, servimos para tudo: para trabalhar, quando não estamos na rua da amargura do desemprego; para receber um salário muito aquém daquilo que merecemos na busca de uma vida digna; para assegurar aos donos dos meios de produção a apropriação daquilo que produzimos; para aguardar, na fila do exército de reserva, quando estamos desempregados. Servimos para mais o quê?


 



 Por que não servimos para governar? Para definir os rumos de nosso próprio futuro? Para construir, com a nossa consciência de classe e com a nossa luta, um mundo melhor?


 



 Neste Primeiro de Maio, é preciso olhar e aprender com as lições do passado, analisar criticamente e combater as injustiças do presente e construir na luta o futuro. Com dignidade e justiça. Como dizia o poeta, a gente não quer só comida. Queremos trabalhar, estudar, amar e usufruir de tudo aquilo que de melhor produzimos. Queremos dar um fim ao sistema capitalista e construir o socialismo, ideal dos trabalhadores e verdadeira aspiração de todos os povos.


 


 


 


George Câmara, petroleiro, advogado e vereador em Natal pelo PCdoB.
georgemetropole@yahoo.com.br