Messias Pontes – Chega de impunidade!

Ao receber os jornais locais na última quarta-feira, pensei que os editores haviam resolvido brincar com seus leitores, por ser o dia da mentira. Preferia que fosse, mas infelizmente era verdade. Foi o segundo 1º de abril mais sem graça que passei em toda

O primeiro foi há 45 anos, quando os militares fascistas rasgaram a Constituição Federal e deram o golpe de Estado, depondo o presidente João Goulart, constitucionalmente eleito. Foram 21 anos de uma feroz – menos para a Folha de São Paulo – ditadura. O segundo foi este ano, com a notícia de primeira página da absolvição do ex-presidente do Banco do Nordeste do Brasil, Sr. Byron Queiroz, e outros cinco ex-diretores que praticaram vários crimes contra o BNB e contra os direitos humanos.



Nunca fui funcionário do BNB, mas por sempre ter tido uma grande admiração por essa instituição que muito tem contribuído para o desenvolvimento da nossa sofrida região e lá ter muitos amigos, certamente fui contaminado pela sensação de decepção e revolta que dominou os funcionários e ex-funcionários desse Banco, bem como de seus familiares.



Aprendi com meu querido pai, Vicente Araújo Pontes, que o crime não compensa. Mas começo a duvidar dessa assertiva, levado pela posição da Justiça do meu País que em muito tem contribuído para que a impunidade reine absoluta. Impunidade para bandido de colarinho branco, diga-se a bem da verdade. E o exemplo mais patente (ou patético?) é a celeridade com que o  presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, concedeu dois habeas corpus para soltar o megaguabiru Daniel Dantas. E isto é deveras revoltante. Daí alguns chamarem o presidente do STF de Gilmar Dantas como o fez mais de uma vez o jornalista Ricardo Noblat.



De acordo com o Ministério da Justiça, mais de 211 mil presos em todo o País, ou a metade da população carcerária, poderia esperar o julgamento em liberdade à exemplo do que foi concedido ao megaguabiru do Banco Opportunity. Contra Daniel Dantas há provas concretas de gestão fraudulenta, espionagem ilegal, formação de quadrilha, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e uso de informações privilegiadas, entre outras. Mas ele está soltinho da silva.



Os crimes hediondos cometidos pela ditadura Vargas ficaram impunes e essa impunidade encorajou os generais fascistas a repetirem os mesmos crimes durante os 21 anos de ditadura militar, notadamente depois do golpe dentro do golpe de 13 de dezembro de 1968, quando foi instituído o terrorismo de Estado. Tivessem o sanguinário Felinto Muller e seus asseclas sido severamente punidos em 1945, com certeza os generais entreguistas não teriam se aventurado em 1º de abril de 1964, e principalmente cometido as atrocidades que cometeram depois do famigerado AI-5.



Os crimes de lesa pátria cometidos durante o desgoverno tucano-pefelista (1995 a2002) continuam impunes. Ao invés de estar fazendo companhia ao Fernandinho Beira-Mar, o outro Fernando, o Coisa Ruim, continua lépido e fagueiro tramando contra o Brasil e fomentando a cizânia. Até quando ficará impune?



O único consolo que temos é que ele está morrendo de inveja da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tanto interna quanto externamente. O presidente norte-americano Barak Obama dizer que Lula “é o cara” e o presidente mais popular da Terra, foi como um golpe abaixo da linha da cintura no Coisa Ruim que entrou pra história como o presidente mais impopular do Brasil.



É por demais frustrante para as pessoas de bem a decisão da Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região de absolver Byron Queiroz e os cinco ex-diretores da BNB das acusações de crimes contra o sistema financeiro, gestão temerária e formação de quadrilha.



Segundo o boletim da Associação dos Funcionários do BNB, “a acusação a que respondiam na Justiça era material: o rombo de mais de R$ 7 bilhões aos cofres do Banco do Nordeste, o que equivale ao rombo de recursos que seriam aplicados no desenvolvimento de uma região carente por políticas públicas efetivas, cujo povo ainda sofre com o atraso social”.



Prejuízos maiores que o rombo de R$ 7 bilhões foram a desagregação de várias famílias através de transferências arbitrárias, as demissões em massa, o assédio moral, a subtração de sagrados direitos e as mortes causadas pelo terrorismo implantado por Byron Queiroz e sua súcia. Pelo menos um suicídio (na Paraíba) e dezenas de enfartos, com vários óbitos, causados pelo terrorismo byroniano clamam por punição. Até quando?



Chega de impunidade!


 


Messias Pontes é jornalista e colaborador do Vermelho/CE