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 Crise econômica ameaça líderes europeus

Despencam um após outro, os governos dos países-membros da União Européia (UE). O motivo, que não outro senão a crise econômica. Os primeiros na fila foram aqueles dos países do centro e do leste. Afinal, ficou comprovado que suas economias pós "socialismo real" são bolhas que estouram.

 No início do mês passado despencou o governo da Hungria. Em seguida, após votação de moção de censura pelo Parlamento, caiu o primeiro-ministro da República Tcheca, Mirek Topolanek. Antes, em fevereiro, havia desabado o governo da Letônia, assim como o da Islândia, que não é país-membro da UE. Agora crescem o descontentamento e a tormenta social na Bulgária, onde os agricultores lideram as reclamações.

Mas o governo de Sófia não pode ser derrubado porque dispõe de uma confortável maioria parlamentar e porque agora, no verão europeu, serão realizadas eleições parlamentares regulares. Digno de curiosidade é o que acontecerá na Romênia, cujo governo recorreu ao Fundo Monetário Internacional (FMI), com quem conseguiu um empréstimo de migalhas, insuficiente para realizar qualquer plano de socorro à sua economia.

O governo da Romênia venceu as eleições recentemente. Mas conseguirá resistir às pressões da população? E a coalizão de partidos que sustenta o governo concordará em ser alvo do descontentamento popular que as exigências do FMI para conceder o empréstimo (redução de salários e de aposentadorias e pensões) provocará?

Também é preciso ver o quanto resistirão os governos da Irlanda, Lituânia e Estônia, países nos quais a redução do PIB, neste e no próximo ano, será extremamente violenta e naturalmente acompanhada por um seríssimo agravamento do nível de vida. Porém, é imprescindível que estes "talibãs" do neoliberalismo que governam os países da Europa sejam afastados, porque são incorrigíveis e não se arrependem.

Somente na França, com sua tradição de explosões sociais, a liderança política percebeu a dimensão da ameaça. "Aqueles que não mostram responsabilidade submetem todo o nosso sistema social e econômico ao risco", declarou, sem meias palavras, o primeiro-ministro François Fillon. "O mundo mudou e seria melhor que alguns executivos de nossas empresas percebessem isto, pois de outra forma serão arrasados pela sociedade dos cidadãos", declarou Renè Ricol, colaborador estreito do presidente Sarkozy. "Será derramado sangue?", se questiona, em pânico, a revista britânica The Economist, referindo-se ao ódio que existe nos EUA contra os banqueiros.

Cometem um grave equívoco os líderes europeus que, do alto de sua soberba, avaliam as reações dos povos da Europa — até agora pequenas — e julgam que poderão jogar todo o peso da crise impunemente sobre as costas dos trabalhadores, pequenos empresários e aposentados. A revelação de cinismo e bulimia dos executivos chocaram a opinião pública, que está profundamente irritada e raivosa com o parasitismo da elite econômica e obviamente não está mais disposta a se mostrar tolerante.

Alex Corsini, da sucursal da União Européia, no Monitor Mercantil