Adriano Francisco: Tocantins-2010, quem sai na frente.

 Tocantins-2010, quem sai na frente?

*Adriano Francisco de Lima

A semana passada a revista Veja publicou, edição 2099, numa coluna de política, uma notinha sobre a possível vice da chapa do pré candidato José Serra. A Senadora Kátia Abreu é colocada como um dos nomes dos quais o DEM disporia e , além disso, um dos prediletos dos tucanos, Serra representando a oligarquia financeira rentista e industrial, cujo o supra sumo está em São Paulo, o candidato da Avenida Paulista e Kátia representando, como diz sua biografia na sua página no sítio do Senado, quase 40 % do PIB nacional no setor do agronegócio e de um estado que é fronteira agrícola. A chapa dos sonhos do tucanos corre risco, a Veja não sabe más o objetivo central da Senadora parece ser o Palácio Araguaia e os motivos veremos adiante.

Dona de uma carreira meteórica, oito anos após a primeira disputa chegou ao Senado Federal. Ela fez história no agronegócio da região. Após ficar viúva, a psicóloga Kátia Abreu colocou a mão na massa e administrou com cabresto curto a propriedade que herdou. Pioneira na inseminação artificial no sul do estado, se tornaria pioneira no classismo também. Foi a primeira mulher a presidir um sindicato de produtores e uma federação nos idos da década de 1990. Logo após assumir o mandato na Câmara foi líder da Frente Parlamentar da Agricultura. E em 2008 é eleita presidente da Confederação Nacional da Agricultura, entidade que representa os ruralistas do Brasil. No institucional também foi em PG(progressão geométrica) a escalada, em 1998 suplente de federal assumiu quando sua amiga Nilmar se elegeu prefeita. Em 2002 teve a maior votação do estado mesmo a custa de desafetos tipo Antônio Jorge, Vicentinho, Paulo Mourão entre outros que tiveram suas bases invadidas pelo furacão Kátia Abreu e depois de bater de frente durante três anos derrotou Eduardo Siqueira em 2006.

Tida como pré candidata do governo Marcelo( nada mais justo ela foi uma das primeiras lideranças a dar apoio ao rompimento Marcelo-Siqueira, inclusive tomando o PFL na época presidido do João Ribeiro e garantindo que Brito Miranda não deixasse o partido); ela teve participação decisiva na derrota do governo estadual em Palmas. Porém não se desgastou, saiu ilesa. Os siqueiristas ao que parece devem ser seus principais adversários ou aliados, depende de que lado a dupla Marcelo-Brito irá colocar a “força” da máquina. Se o governo optar por Paulo Sidnei nada mais justo que ela se reaproxime de seu primeiro padrinho Siqueira e forme com ele e João Ribeiro uma chapa dura de encarar. Essa reaproximação seria bem vista e verticalizaria, mesmo sem imposição da lei, a chapa nacional, ela leva vantagem pelo fato de João Ribeiro assim como Leomar, Marcelo e outros não tem o carisma e o perfil de quem tem a palavra final, é “outro que manda”. Ela além de ser dona do próprio nariz deixa isso transparente.

A UT está mais viva do que muitos imaginam, elegeu prefeitos de importantes cidades e tem em seus quadros o ex-governador Siqueira. O Governo tem força mais não sabe canalizar, já é possível ver a ala pró-Kátia e pró-Sidnei dentro do centro das decisões palacianas. O PT que foi salvo do isolamento nos 45 do segundo tempo pelo Bloco de Esquerda durante as pré convenções de 2008, tem seu bastião a reeleição de Raul Filho, porém o segundo mandato começou igual ao primeiro. Circulo de consulta restrito a três ou quatro pessoas e muita tecnocracia no comando das ações. O PT ainda se dá ao luxo de isolar Paulo Mourão nome de peso em qualquer chapa majoritária e que garantiria ao partido da estrela uma participação honrosa caso Raul não decole, o que é bem provável.

O certo que a Senadora que sempre alvo de repugnantes comentários e brincadeiras de mau gosto desqualificando sua história, inclusive e principalmente nos círculos de poder no Tocantins, saiu na frente para a corrida ao Araguaia. Na política mirar no que se vê e acertar o que não vê, quase sempre, funciona.

* Adriano Francisco de Lima, 28, presidente estadual do PC do B e membro da Comissão Pólítica desde 1997.