Tocantins: Fim de feriado trará prejuizo hístórico-cultural.
O projeto de lei do deputado estadual Agnolin prevê o fim da comemoração ao dia da Autonômia, 18 de março, decretada por Dom João a 200 anos. O decreto assinado pelo monarca criou a Comarca do Norte de Goias.
Publicado 20/02/2009 12:50 | Editado 04/03/2020 17:22
Os professores Junio Batista, de História e Geografía do Tocantins, e Zezuca Pereira, da Universidade Federal do Tocantins – tocantinense que acompanhou de perto a luta dos pioneiros do Estado – dizem considerar que o fim do feriado do Dia da Autonomia do Estado (18 de março) pode ser positivo economicamente, mas culturalmente trará prejuízos. A proposta do deputado Angelo Agnolin (DEM) foi aprovada nessa quarta-feira, 18, na Assembleia Legislativa.
A comemoração do Dia da Autonomia remete a 1809 quando o príncipe Dom João assinou um ato que dividia a província de Goiás em duas comarcas administrativas: a de Goiás e a do Norte.
As opiniões sobre a matéria não diferem. Eles consideram que pode haver uma perda, do ponto de vista histórico, para o Estado. Por outro lado, são solidários aos setores da indústria e comércio, que argumentam ser prejudicados com tantos feriados.
“Economicamente, é interessante, por outro lado, pode apagar a história antiga” declarou Batista.
Ele aponta que o Tocantins só fica atrás do Acre em número de feriados estaduais. Além do Dia da Autonomia, o Estado comemora também o dia de sua criação – 5 de outubro – e o Dia da Padroeira, 8 de setembro. Essas datas comumente geram as costumeiras “emendas de feriados”. Isso porque em Palmas e outros quatro municípios, o dia seguinte ao feriado de Autonomia, 19 de março – é dia do padroeiro. Assim como o dia da Padroeira do Estado, que sucede o dia da Independência do Brasil.
Por esses fatores, ele afirma que é compreensível que os comerciantes se sintam prejudicados. A opinião também é compactuada por Zezuca Pereira, mas ele avalia que do ponto de vista histórico haverá grande prejuízo. “Na minha interpretação, essa foi uma proposta que talvez não tenha considerado esse fator histórico, a questão da luta pela autonomia. Há um prejuízo de caráter histórico”, comentou.
Para Pereira, as pessoas que participaram do movimento para emancipação do Tocantins vão questionar o porque de ter sido escolhido justamente este feriado para ser extinto.
Um fator que os dois professores atentaram foi para o fato de o projeto não prevê a extinção do caráter de data comemorativa do dia 18 de março. A proposta de Agnolin mantém preservada a incumbência aos poderes de promoverem ações objetivando comemorar a data, “organizando festividades nas diversas comunidades do Estado, com mais ampla participação popular”. Porém, Junio Bastista destacou,que para que a data não seja esquecida, será necessário o real empenho do poder público no sentido de incentivar a comemoração principalmente nas escolas. “É preciso que haja ações para que não caia no esquecimento da população”, avaliou Batista.
Para que o Dia da Autonomia deixe de ser feriado, o projeto aprovado na Assembleia terá que ser sancionado pelo governador Marcelo Miranda (PMDB).
fonte:www.clebertoledo.com.br