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Petrobras aplicará US$ 2,4 bilhões na Argentina

A Petrobras deve manter o orçamento de investimentos na Argentina, onde tem a maior operação da América Latina fora do Brasil. Há um programa em andamento, no valor de US$ 2,4 bilhões para o período 2008-2012 no país vizinho e enquanto não houver nenhuma

Entre os investimentos previstos, estão dois novos projetos para exploração de gás na área de El Mangrullo, província de Neuquén, onde se estima que poderão ser extraídos cerca de 1 milhão de m3, dependendo dos resultados das perfurações. 



A produção atual de gás da subsidiária argentina da Petrobras está entre 8 milhões e 9 milhões de m3. 



Os dois projetos serão realizados dentro do Gás Plus, um programa lançado no ano passado pela presidente da Argentina, Cristina Kirchner, para fomentar a produção de gás natural em áreas em fase de exploração ou inexploradas, com características geológicas específicas (“tight sand”). 



Pelo programa, o gás retirado poderá ser comercializado a um preço entre US$ 3 e US$ 5 o milhão de BTU, bem acima dos US$ 0,5 a US$ 2,50 permitidos atualmente pelo governo. O governo escolheu a indústria como público alvo deste gás mais caro. 



Na área de petróleo, a Petrobras está investindo US$ 200 milhões em dois outros projetos (US$ 100 milhões cada) em parceria com as principais petroleiras da Argentina – Repsol YPF e PanAmerican Energy. As três empresas anunciaram no fim do ano um acordo para exploração de petróleo no mar. 



Juntas, elas vão explorar dois blocos, um na região da bacia Malvinas, próximo à província da Terra do Fogo, e outro no golfo San Jorge, no limite marítimo entre as províncias de Chubut e Santa Cruz, ambos no extremo sul da Argentina. A Petrobras terá 33% de participação em ambos os projetos enquanto a maioria das ações (67%) ficará com a YPF. 



No último balanço divulgado, referente ao período de janeiro a setembro de 2008, a Petrobras Energia Participações, controladora (com 75,82%) do capital da subsidiária argentina, registrou uma forte melhoria de seus ganhos no país. O lucro líquido mais que duplicou, para 885 milhões de pesos argentinos (aproximadamente US$ 275 milhões), comparado a 367 milhões de pesos no mesmo período do ano anterior. 



Segundo a fonte da estatal brasileira, a melhora dos resultados da companhia se deveu a uma combinação de elevados preços internacionais do petróleo até antes da crise, com reajustes dos preços domésticos autorizados pelo governo argentino. O valor das vendas totais aumentou de 9,5 bilhões de pesos para 11,7 bilhões (cerca de US$ 3,7 bilhões). A Petrobras detém uma participação de 10% do mercado argentino de combustíveis. 



Apesar dos sucessivos anúncios de planos de investimentos das petroleiras instaladas no país, a produção de petróleo e gás na Argentina continua em queda. Um relatório elaborado pela consultoria Economia Y Regiones com base em dados da Secretaria de Energia, divulgado na semana passada, mostra que a produção de gás voltou a cair em 2008, em 1% comparado a 2007 quando já havia sido registrada uma baixa de 1,3%. No ano passado o país produziu 50,5 milhões de m3 de gás – produto que domina a matriz energética da Argentina, com mais de 40% de participação. 



A situação se repete com o petróleo. A produção do país vem caindo há sete anos consecutivos. Em 2008 não foi diferente: foram produzidos 36,6 milhões de m3, 1,8% menos que em 2007. Desde 1998, a queda acumulada na produção de petróleo na Argentina é de 25,6%. 



Na análise dos economistas da Economia Y Regiones, os números revelam “falta de investimentos em exploração”, o que seria a principal causa da contração registrada pelo setor nos últimos anos. “Entre as razões que vem desalentando os investimentos, se encontram as sucessivas intervenções do governo nacional no mercado de hidrocarbonetos desde 2002”, através de normas e acordos que regulam os preços de comercialização, limitam as quantidades exportadas e aplicam retenções às exportações, informa o documento. Segundo a consultoria, as intervenções oficiais “deterioraram a rentabilidade do negócio” durante um período em que o preço do petróleo praticamente quadruplicou no mercado internacional. 



Fonte: Valor Econômico