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Lula adota cautela com a crise e pede diálogo no Oriente Médio

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (12) que os primeiros meses do ano serão “preocupantes” para o Brasil por causa da crise financeira internacional. Em seu programa semanal de rádio, ele voltou a defender a manutenção dos

Lula também reafirmou os esforços do governo brasileiro no sentido de promover a paz no Oriente Médio, e disse defender um amplo diálogo entre palestinos e judeus para se chegar a algum tipo de acordo que acabe com a matança em curso na Faixa de Gaza.



Leia abaixo a íntegra do programa desta segunda-feira:



Presidente, o Brasil está empenhado em construir um acordo de paz na Faixa de Gaza. O ministro Celso Amorim foi enviado a Israel, Palestina, Síria e Jordânia e iniciou uma série de conversas neste final de semana. O que o ministro vai discutir por lá, presidente?
Luciano, primeiro, eu gostaria de dizer ao povo árabe, ao povo judeu e aos brasileiros que nós gostaríamos que, no Oriente Médio, árabes e judeus vivessem como vivem árabes e judeus aqui no Brasil. A segunda coisa, Luciano, que nós precisamos dizer, é que nós precisamos deixar claro o nosso reconhecimento pela existência do Estado de Israel e a nossa disposição de ajudar a construir o Estado Palestino. É plenamente possível a existência de dois Estados que possam ser Estados que tenham relações diplomáticas, que possam se desenvolver, progredir; e eu acho que o povo palestino merece essa chance. Nós precisamos detectar quem quer os conflitos, colocar essas pessoas numa mesa de negociação, junto com as forças políticas que têm influência tanto na autoridade palestina, sobretudo no Hamas e no povo de Israel, para que a gente possa começar uma conversação e encontrar uma fórmula para que eles possam viver em paz e cada um desenvolver o seu país. E eu acho que neste aspecto é que a ONU [Organização das Nações Unidas] precisa exercer um papel importante. A decisão do Conselho de Segurança de definir, sabe, a necessidade de um acordo de paz é importante que seja respeitada tanto pelo lado palestino quanto pelo lado de Israel.



O senhor defende a realização de uma conferência de emergência com vários países sobre esta situação em Gaza. Isso pode ser feito em pouco tempo, presidente?
Olha, o que nós gostaríamos é que nós colocássemos na mesa todas as pessoas que estão envolvidas no conflito. É importante que a gente coloque não apenas Israel e a autoridade palestina, mas que a gente coloque, também, aqueles que dentro de Israel e dentro do território palestino são conflitantes. Que não querem a paz e que estão fazendo exigências, eu diria, demasiadas. Essa gente tem que sentar na mesa com os países que querem construir a paz. É preciso que a gente envolva todas as pessoas que tenham a ver com os conflitos no Oriente Médio para que a gente possa encontrar um caminho; e por isso que eu estou defendendo que a gente reagrupe aquele grupo de Anápolis, que se reuniu e que participam vários países, além dos Estados Unidos e do Conselho de Segurança, para que a gente possa encontrar um caminho. Ou seja, eu mandei o Celso Amorim visitar o Oriente Médio para dizer que o Brasil está interessado em participar ativamente para que a gente possa encontrar definitivamente o caminho da paz naquele território, naquele espaço geográfico.



Presidente, nessa nossa primeira conversa de 2009 um outro assunto, infelizmente ainda presente, é a crise internacional. O senhor tem falado sobre a necessidade de se manter os investimentos públicos e privados como forma de enfrentar os efeitos dessa crise internacional sobre a economia brasileira. Por que a manutenção dos investimentos é importante para o país?
Porque nós precisamos gerar empregos, porque nós precisamos distribuir renda e porque nós precisamos fazer a economia brasileira crescer. Da parte do governo, nós vamos cumprir o nosso compromisso de manter todos os investimentos e, quem sabe, até fazer mais alguns investimentos. Nós temos que motivar a iniciativa privada a continuar fazendo investimentos e precisamos trabalhar para que o crédito volte à normalidade, ou seja, o grande problema dessa crise hoje é a questão do crédito. Nós vamos convencer a iniciativa privada a continuar investindo. Por isso, nós vamos colocar mais recursos no BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social]. Ao mesmo tempo, nós precisamos resolver o problema do spread bancário. Nós precisamos reduzir o spread bancário para facilitar que as empresas brasileiras, sobretudo, as pequenas e médias empresas possam ter acesso ao crédito bancário. É importante lembrar o que eu falei no ano passado. Ou seja, essa crise tem que ser encarada pelo povo brasileiro como uma oportunidade. Quem se preparar melhor pra sair da crise, será o grande ganhador quando essa crise acabar nos Estados Unidos e na Europa; e o Brasil é um país que está preparado. Eu tenho algumas reuniões esta semana na área econômica. Nós vamos ter um trimestre preocupante, mas que o governo tomará todas as medidas necessárias para que essa crise afete menos o povo brasileiro. Nós precisamos garantir empregos, garantir salário e garantir renda. Esses são três componentes extraordinários para que a economia brasileira continue a crescer e o povo não seja vítima de uma crise que não foi causada pelo Brasil.



Muito obrigado, presidente Lula. Até a próxima semana.
Obrigado a você, Luciano, e até a próxima semana.



Fonte: Agência Brasil