Internet facilita compra de livros raros

Com pouco dinheiro e alguns cliques é possível renovar a biblioteca de casa. A partir do cruzamento de acervos de todo o país, os sebos virtuais facilitaram o acesso a obras usadas e esgotadas

Lembra daquele livro esgotado que você procura há meses? Na internet tem. E uma cópia mais barata daquele outro título caríssimo? Também. Os sebos virtuais vêm se tornando ponto certo para quem tem fome de livro. Por meio deles é possível cruzar informações de acervos de todo o País e encontrar obras raras e caras a preços acessíveis. Além da comodidade de receber o livro em casa, o serviço ajuda o leitor a poupar dinheiro, paciência e alguns espirros comuns a quem costuma andar nos sebos tradicionais.


 


No Brasil, o site mais popular do gênero é o Estante Virtual. Funcionando há três anos, ele reúne 1,2 mil sebos de Norte a Sul do Brasil e anuncia um acervo com mais de 18 milhões de títulos. Após a busca, a negociação é feita diretamente com os donos dos sebos. Além de comprar, os clientes cadastrados também podem comercializar, sem qualquer custo, livros que não queiram mais. Segundo o idealizador do site, André Garcia, a idéia de criar o Estante Virtual surgiu quando ele percebeu a dificuldade de encontrar livros para seu curso de Mestrado em sebos tradicionais do Rio de Janeiro.


 


“Não encontrei nas lojas de rua e fui para a internet. Tinha meia dúzia de sebos online e os preços eram muito elevados”, relembra. A ferramenta criada por ele permitiu que sebos cadastrassem seus acervos de uma maneira fácil, disponibilizando-os para todo o País. A tese era de que a reunião das informações fizesse com que os livros fossem ofertados a valores mais vantajosos para os clientes.


 


Mesmo assim, o estudante Golbery Capistrano, 27 anos, levou o hábito de pechinchar do plano real para o virtual. “Eu sempre escrevo ao vendedor perguntando o estado do livro e quanto sairá o frete. Só após isso concluo a compra. Algumas vezes negocio por e-mail e consigo um preço melhor”, diz. Apesar de considerar os valores mais baixos que os das livrarias, Capistrano ainda acha os títulos virtuais mais caros que os dos sebos tradicionais. Por isso, continua freqüentando as estantes dos alfarrábios de rua. “A diferença é que hoje eu nunca fico sem a obra que procuro. Se ocorreu uma mudança foi o fato de eu não comprar mais em livraria”, afirma.


 


Obras prediletas


Em meio a essas facilidades, há quem veja desvantagens. Amante dos sebos tradicionais, o arquiteto Rérisson Máximo, 25, ainda não aderiu à ferramenta devido à dúvida em relação ao estado de conservação das obras pleiteadas. “Já fiz buscas, mas nunca adquiri nada. É uma ferramenta muito prática, mas acho que ela faz o cliente perder um pouco o prazer de realizar uma expedição a um sebo”, aponta.


 


Para André Garcia, a popularização do sistema virtual não deve prejudicar o comércio de sebos de rua. Ele afirma que pesquisas internas do site indicam a abertura de mais lojas entre os livreiros cadastrados. “A gente ouve muitos casos de livreiros virtuais que vendem tanto que já juntaram capital de giro suficiente para se motivar a abrir uma loja, algumas inclusive em cidades que não têm nem livraria. O contrário também acontece e alguns livreiros fecham a loja para vender somente pela internet. Temos uns três casos desses e umas dezenas do outro”, afirma. Ele afirma haver mercado para todos os tipos de venda de livros usados. “Não acredito que o charme do sebo vá deixar de ser atrativo. O site existe para buscas mais específicas, mas visitar um sebo é uma experiência diferente, de flanar, garimpar, e esperar o livro te achar”, conclui.