Sem categoria

Seminário debaterá sustentabilidade da Amazônia com soberania

Estabelecer um olhar especial sobre a Amazônia levando em conta a necesidade de preservá-la, mas também de explorar suas potencialidades de maneira equilibrada, preservando a soberania nacional e inserindo a floresta num projeto nacional de desenvolviment

O evento é uma iniciativa do partido e da Fundação Maurício Grabois e contará com nomes importantes da área ambiental, bem como parlamentares e administradores públicos, como a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa. “Seu governo tem apoiado essa iniciativa, fator que consideramos essencial para a realização de um debate amplo e aprofundado”, disse Aldo Arantes, secretário de Meio Ambiente do PCdoB.


 


Debate urgente
Em função da crise ambiental – cujo aspecto central é o aquecimento global que tem como causa preponderante a utilização de materiais de origem fóssil e, nos países em desenvolvimento, as queimadas nas florestas – ganha urgência o establecimento de políticas ambientalmente sustentáveis. O PCdoB tem procurado examinar tais questões do ponto de vista dos comunistas, deixando de lado visões simplistas ou falsas sobre a preservação. Um dos passos mais importantes dado pelo partido nesse sentido foi a realização do seminário Meio ambiente e desenvolvimento, ocorrido em abril.


 


“Temos procurado nos contrapor a visões esdrúxulas que têm aparecido, como a de que Amazônia é o pulmão do mundo e que, por isso, é patrimônio da humanidade”. O pano de fundo desse discurso, denuncia Arantes, é a  “concepção hegemonista do imperialismo que pretende justamente manter suas reservas de energia, de matéria-prima, de água e de petróleo”. Segundo ele, “não foi à toa que os Estados Unidos – com a vitória de governos progressistas na América Latina, com a descoberta do petróleo na camada do pré-sal e por conta da crescente importância da Amazônia – reorganizou a Quarta Frota”.


 


Arantes ressalva, no entanto, que “nesse debate de internacionalização da Amazônia existem setores ambientalistas que, de forma ingênua, acabam fazendo o discurso dessas forças de direita”. Porém, o dirigente comunista explica que os brasileiros “é que devem pensar qual o caminho e o tipo de desenvolvimento que deve ser impresso à Amazônia. Afinal, há um processo de desenvolvimento insustentável, de degradação da floresta e é isso que não queremos”.


 



Bioma amazônico
Berço de uma riqueza incalculável, a Amazônia pode oferecer muito ao país e à humanidade se trabalhada de maneira planejada e científica. “De pé, a mata tem muito mais valor do que derrubada. Mas, precisamos conhecer essa riqueza. Hoje, de tudo que se pesquisa sobre a Amazônia, 75% está armazenado em bancos genéticos fora do Brasil”, podera.


 


Conforme destacou Aldo Arantes, “o PCdoB não aceita a perspectiva do desenvolvimento a qualquer custo, que resulte na destruição da floresta, de sua biodiversidade e das culturas tradicionais. Mas também não aceita a visão santuarista que condena o desenvolvimento”.


 


Para formular propostas que estejam sintonizadas com esse posicionamento, o seminário procurará debater a riqueza da diversidade amazônica e suas potencialidades, levando em conta as diferenças que existem dentro da mata. “Cerca de 80% da Amazônia é bioma amazônico; mas, os outros 20% são cerrado. Temos regiões em que a floresta predomina, mas temos também locais de várzeas  e  lugares onde a floresta já foi destruída. Estima-se que existam 27 microrregiões na Amazônia. Então, temos de discutir um projeto de desenvolvimento sustentável que leve em conta essas diferenças”.


 


Para além dos limites da floresta, Arantes considera que a Amazônia não deve ser apartada da realidade do restante do país e mesmo do continente. “Vamos discutir também a questão da superação das fronteiras nacionais. Afinal, a Amazônia é parte integrante do Brasil, de um projeto nacional de desenvolvimento, mas também é necessário que o Brasil se articule com os demais países da América Latina que dispõem da Amazônia em seus territórios para que haja uma cooperação no sentido de se conduzir uma política comum de preservação e desenvolvimento”.


 


Planejamento estratégico
De acordo com Arantes, a implantação do manejo na floresta pode ser uma alternativa para a Amazônia. “O bioma tem um ciclo que envolve o nascimento, o crescimento e a morte e o manejo implica justamente em você derrubar as árvores que já alcançaram sua maturidade”. Ao mesmo tempo, constata, “é preciso atentar para a presença de empresas estrangeiras nessas áreas. Não temos nenhuma garantia de fiscalização efetiva das licitações (da floresta)”.


 


Arantes defende também maior investimento científico. “Assim, o país pode se apropriar dessa rica biodiversidade e transformá-la em recursos para o povo brasileiro e para a humanidade sem exterminá-la. Isso implica uma mudança radical na priorização da questão da Amazônia”. Para isso, defende, “é preciso pôr a Amazônia em seu devido lugar já que é parte destacada de um projeto nacional de desenvolvimento. O governo, por sua vez, precisa tomar medidas decisivas de destinação de recursos, de investimentos tecnológicos e estímulos materiais para que nossos profissionais – como pesquisadores, cientistas e educadores, por exemplo – sejam incentivados a trabalharem na região”. Arantes também defende que a região possa receber determinados tipos de plantio e mesmo de indústrias. “Seriam alternativas que precisariam estar calcadas em um grande investimento tecnológico no sentido de garantir desenvolvimento com o menor prejuízo possível”.


 



Clique aqui e saiba mais sobre o seminário.


 


 


De São Paulo,
Priscila Lobregatte