Deputado Osmar Junior fala da importância da Transnordestina para o Piauí

O deputado federal Osmar Júnior falou à imprensa piauiense sobre a importância da Transnordestina para o Piauí. Ele rebateu ainda as críticas do tucano Firmino Filho sobre a obra. Abaixo os argumentos de Osmar Júnior na defesa deste projeto para o No

O traçado da ferrovia está correto porque integrará ao nordeste brasileiro, e através dos portos, ao mundo, esta vasta região do Brasil compreendida pelo oeste da Bahia, leste do Tocantins, sul do Maranhão e extremo-sul do Piauí. Esta região sempre produziu muito pouco, porque isolada, não tinha como escoar sua produção. Bom para nós piauienses que o centro dinâmico da região integrada esteja em nosso Estado, tendo como pólos as cidades de Eliseu Martins (centro intermodal), Bom Jesus (centro comercial e de serviços) e Uruçui (centro industrial), sendo que estas últimas estão entre as cidades que mais crescem no Brasil de hoje;



O traçado também atenderá às regiões de São Raimundo Nonato, São João do Piauí, Paulistana e Simões, todas com grandes potencialidades para a mineração, sendo que já há exploração comercial em Capitão Gervásio Oliveira (níquel) e Caracol (fosfato);



A ferrovia se ligará a uma rede rodoviária que cobrirá toda a região integrada. Hoje estão em obras de asfaltamento a BR – 135 (Jerumenha/Bertolínia), a PI – 247 (Bertolínia/Sebastião Leal/Uruçui), a PI – 240 (Uruçui/Antonio Almeida/ Marcos Parente), a PI – 392 (Ribeiro Gonçalves/ Baixa Grande do Ribeiro), além da ponte sobre o rio Parnaíba em Uruçui. Estão previstos no projeto do OGU/2009 (Orçamento Geral da União) recursos para asfaltar as BRs 135 (Bertolínia/Eliseu Martins), 235 (Bom Jesus/Caracol), 235 (Gilbués/Santa Filomena) e a ponte sobre o rio Parnaíba em Santa Filomena;



A região do extremo-sul piauiense não produzirá apenas soja (como alguns pensam). Hoje já temos a melhor produtividade em algodão, estamos introduzindo a silvicultura (madeira/celulose), há grande potencialidade para a cana de açúcar (etanol), além da fruticultura irrigada;



O processo de industrialização (agregação de valor) não vai começar, já começou. A instalação da BUNGE foi apenas o primeiro passo. Tem ela hoje, com a primeira etapa implantada, capacidade de processar 600 mil toneladas de soja/ano, chegando, quando concluída a segunda etapa, a 1.200.000 toneladas/ano, e completando o processo de fabricação do produto final.



Ocorre que, dos 11 milhões de hectares que formam a região do extremo-sul do Piauí, dos quais aproximadamente 4 milhões são agricultáveis, apenas 350 mil (3,18% da área total, e 11,42% da área agricultável) foram desmatados e estão plantados, gerando uma  produção de pouco mais de 700 mil toneladas de grãos. É imperioso o crescimento da produção de grãos para atender à capacidade já instalada, e permitir a vinda de novas empresas processadoras, impedindo o monopólio na região. O crescimento da produção também incrementará atividades econômicas na área da produção de biodisel, carnes (frango/suíno), insumos, implementos agrícolas, embalagens, além dos serviços, gerando o bem mais desejado na região: emprego;



Destaque-se que este crescimento da produção deverá se dá no mais completo respeito à legislação ambiental do país, considerada uma das mais avançadas do mundo. Dispomos de tecnologia que permite a redução dos impactos causados na natureza pela intervenção do homem, cabendo aos governos federal (IBAMA/INSTITUTO CHICO MENDES) e estadual (SEMAR), se aparelharem dos recursos técnicos que permitam licenciar com segurança e fiscalizarem com rigor a implementação das regras estabelecidas;



A transnordestina vai aumentar a receita de tributos, porque vai incrementar a atividade econômica. O Padre Antonio Vieira dizia que um exemplo vale mais do que mil palavras. Vamos ao exemplo. Quando da instalação da BUNGE em Uruçui, fomos acusados (aqueles que defendiam a instalação da empresa) de que estaríamos impedindo o Estado e o município de arrecadar impostos. Passados menos de 10 anos, Uruçui, que a época estava entre os municípios que menos arrecadava ICMS, hoje ocupa a segunda colocação no Estado, atrás apenas de Teresina, ultrapassando Parnaíba, Picos e Floriano, os mais tradicionais centros econômicos do interior na história do Piauí. Portanto, falar em perda de receita é desconhecer o que está acontecendo na região;



Pensar em trazer para Teresina as indústrias processadoras de grãos é querer reproduzir o modelo concentrador da atividade econômica que, infelizmente, o nosso país adotou ao longo de sua história e cuja conseqüência foi: concentrar riqueza e espalhar pobreza. É também desconsiderar as diferentes vocações, possibilidades, que cada uma das regiões que formam nosso Estado têm de se integrarem ao processo econômico do país e do mundo. Afirmo também que se tal fato acontecesse, seria retirar do Gurgueia, sem dúvida a região menos assistida pelo poder público estadual, a oportunidade de dar um salto na direção do seu desenvolvimento;



Por fim, acho salutar o debate sobre tão importante tema para nosso Estado e para nossa região nordeste. Porém, entendo que devemos evitar que esta discussão se transforme num debate estéril, marcado por corporativismo, bairrismo, desinformação, até porque, se existe um problema identificado por todos aqueles que se preocupam com este empreendimento é a lentidão dos procedimentos que permitam o início da obra, e nestes tempos de crise financeira mundial, onde a frase mais citada é “cortes de gastos”, poderemos ver o projeto adiado para quando o país tiver tempos melhores, perdendo, mais uma vez, a oportunidade de termos uma obra estruturante para o nosso desenvolvimento. Isto sim, é prejudicial para o Piauí. Isto sim, é inaceitável.



Osmar Junior
Dep. Federal/PI