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Aos 80 anos, PC do Peru e PC Peruano unem-se pelo socialismo

Com o mote “orgulhosamente comunista”, o PC do Peru-Patria Roja e o PC Peruano festejaram, no dia 7 de outubro, seus 80 anos. Assim como no Brasil, os dois partidos se separaram na década de 1960. As duas agremiações trabalham, agora, pela unificação e

Pelo Patria Roja, participou seu secretário-geral Alberto Moreno Rojas e pelo PC Peruano, o secretário-geral Roberto de la Cruz Huamán. “Celebramos o aniversário de dois partidos que têm um destino em comum”, disse Rojas. Ele destacou que “estamos vivendo uma fase de acumulação de forças nos campos político, social e ideológico”.


 


O dirigente do Patria Roja lembrou ainda que a estratégia comunista no Peru deve estar calcada na obra do histórico dirigente Jose Carlos Mariátegui (1894-1930). “Ele nos legou a concepção de um partido com força e vontade coletivas, enraizado na vida do Peru, um partido forjado para uma nova consciência e cultura”.


 


Rojas salientou que Mariátegui defendia ser impossível um terceiro caminho entre o capitalismo e o socialismo. “Tinha uma visão criativa e dizia que o socialismo no Peru não poderia ser uma cópia de modelos externos, mas sim uma criação heróica de seu povo”.


 


Com relação à união das duas agremiações comunistas, Rojas disse que “nenhuma batalha se ganha com a divisão das forças revolucionárias e a divisão corresponde aos desejos de espíritos mesquinhos”. O dirigente foi enfático também ao afirmar que “é preciso reconhecer que o movimento revolucionário cometeu graves erros no passado e por isso sofreu derrotas”. Por isso, ponderou, “é urgente o reencontro dos dois partidos guiados pelas idéias de Mariátegui”.


 



Pela transformação do Peru
Recordando grandes líderes do movimento comunista peruano – como o próprio Mariátegui, Saturnino Huillca, Pedro Huilca Tecse e Crista Rubila Fernández – Roberto de la Cruz Huaman, do PC Peruano, citou versos do intelectual comunista Gustavo Valcárcel: “já somos muitos, mas seremos mais; e transformaremos o Peru desde a lágrima; e transformaremos o peru desde a pedra”. 


 


Huaman, lembrando o legado de Marx sobre o capital, falou da atual crise econômica. Salientou que os liberais dizem que “a culpa é do Estado, que não regulou corretamente a economia, como se não tivessem sido eles aqueles que preconizaram a redução do Estado”. E hoje, disse, “se tornaram estatistas para salvaguardar sua ganância, para premiar os corruptos e ladrões”. A concepção liberal, lembrou, “guarda uma diferença abismal com nossa concepção de Estado, cuja função deve ser a de estar a serviço de toda nação”.


 


Referindo-se a Mario Huamán – secretário-geral da Central Geral dos Trabalhadores do Peru perseguido pelo governo de Alan Garcia e vítima de atentado terrorista – o dirigente disse que “a direita parasitária, para manter-se no poder, cada vez mais se bestializará, convertendo-se em uma fera sedenta de sangue, disposta a degolar, assassinar e destruir a imagem de um revolucionário que luta pelos direitos dos trabalhadores, pela justiça e a liberdade de nossa pátria”.


 


Para dar conta da batalha contra a direita e o imperialismo, Huamán disse que é preciso “avançar na unidade programática mostrando ao nosso povo que é possível uma nova ordem social, mais justa e soberana”. Com este objetivo, os partidos estão trabalhando pela construção da Assembléia Nacional dos Povos, a fim de mobilizar os peruanos por mudanças estruturais em sua sociedade. Por último, disse, “nos une a luta contra o imperialismo, contra a coalizão de direita que nos governa, contra a corrupção. Então, nada nos divide. Iniciemos o caminho da unidade na palavra e na ação, como queria Mariátegui”.


 


Ombro a ombro
José Reinaldo Carvalho, secretário do PCdoB, saudou os 80 anos de história, o diálogo e a união entre os dois partidos e declarou que “nada nos põe mais longe da morte do socialismo e do fim do comunismo como uma celebração como esta. É uma lição para todos o valor de sua decisão de ter resistido, passando por cima de todas as dificuldades”.


 


Se por um lado o imperialismo continua sua ofensiva, pontuou José Reinaldo, por outro “é certo também que depois de uma década e meia de retrocessos em nosso movimento – período marcado por não pouca confusão ideológica, fragmentação e renegação dos princípios revolucionários – ressurgem as condições para um novo despertar dos povos e das forças do progresso social, da paz e do socialismo”.


 


O dirigente comunista brasileiro assinalou que “o surgimento de novos pólos contrários à hegemonia estadunidense e a agudização das contradições interimperialistas demonstram que está em gestação um novo cenário geopolítico de lutas e conflitos”.


 


Ao homenagear os mártires comunistas peruanos, José Reinaldo chamou atenção para a contribuição de Mariátegui. “Homem de pensamento e ação, beligerante contra o conservadorismo, o dogmatismo, o eurocentrismo e as teorizações artificiais, polemista incomparável e semeador de novas idéias, ele via muito além de sua época”.


 


Mariátegui, disse, “deu uma das mais fecundas contribuições à produção original do marxismo-leninismo na América Latina, formulou um projeto de nação para o Peru, compreendendo que era impossível transitar ao socialismo se não fosse tomando em consideração – como fator principal para a elaboração de uma estratégia e uma tática corretas – as peculiaridades nacionais”.


 


Concluindo sua homenagem aos camaradas peruanos, José Reinaldo disse que o PCdoB “manifesta o orgulho de estar ombro a ombro com vocês na mesma tarefa de enfrentar os desafios de assimilar as novas condições de nossa época, descobrir as novas linhas de acumulação  e abrir caminho à nova luta pelo socialismo”.


 


 


De São Paulo,
Priscila Lobregatte