Artigo: Quintão fez melhor o dever de casa

Diferente do que ocorreu no Rio e em São Paulo, a calmaria marcou o primeiro debate entre os candidatos que avançaram ao segundo turno da disputa pela PBH, realizado neste domingo na Band Minas. Não houve troca de acusações, nem agressões pessoais, ass

Diversos especialistas defendem que debates na TV têm pouca influência na decisão do eleitor. Talvez por isso, os políticos não se apresentem tão preparados como poderia se esperar. Nesse ambiente, o candidato a prefeito da capital mineira pelo PMDB, Leonardo Quintão, tem se saído melhor. Alguns o acusam de ser um ator, de interpretar um personagem criado sob medida. Se como for, ele fica muito mais seguro do que Marcio Lacerda (PSB) à frente das câmeras. Mesmo que, às vezes, demonstre ser brincalhão e mesmo bonachão, o peemedebista sabe se impor melhor, transmite bem suas idéias. Ao contrário do oponente, que continua transmitindo um certo ar de incômodo. Já disse outras vezes e repito: Marcio Lacerda dá a impressão de estar fazendo algo a contragosto.


 


Outra crítica que faço ao candidato da “aliança” diz respeito à sua assessoria. A “tropa de choque” escalada para cuidar da campanha deste segundo turno precisa se preparar melhor, para não colocar Lacerda em situação constrangedora. No encontro da Band Minas, por duas vezes, o “galo cantou” errado para o peessedebista. Ao querer colocar Quintão contra a parede, Lacerda se deu mal, pois tinha a informação errada, ou não soube interpretar o que lhe informaram. Em uma das ocasiões, o candidato de Aécio e Pimentel questionou determinado item do programa de governo do rival. Afiado, Leonardo disse que tal proposta não fazia parte de seu programa, e sim do de Gustavo Valadares (DEM), derrotado no primeiro turno. Sem perder a oportunidade, ironizou Quintão: “Marcio Lacerda, leia com mais atenção minhas propostas”. Pra mim, foi o melhor momento do debate.


 


Também daria outra dica aos assessores de Lacerda. Sua candidatura, há muito tempo, tem sido uma campanha de negação. Quero dizer que ele não deveria perder o tempo que perde dizendo que não fez isso, que não fez aquilo. Falo dos e-mails e dos cartazes espalhados pela cidade, que, segundo o candidato, estão o difamando. Cá para nós, poucas pessoas têm acesso à internet. Quem tem não dá muita bola para tudo que recebe, especialmente se o texto for grande. Quanto aos cartazes espalhados, só fui me dar conta de reparar depois que Lacerda tocou nisso em uma entrevista infeliz ao jornal Hoje em Dia, na qual disse que pisaria no pescoço do responsável pela campanha contra si. Há tanta poluição visual nas ruas da cidade que ninguém repara em cartazes. Ou seja, calado, Marcio Lacerda se sairia melhor.


 


Para finalizar, vi algumas das propagandas gratuitas de TV na manhã desta segunda. Em nenhuma delas apareceram Aécio e Pimentel. Será que vai ser assim até o final?


 


Por Orozimbo Souza Júnior, jornalista e especialista em Comunicação Política.