Reeleições mostram que esta foi a eleição do “bem-estar”

O resultado do primeiro turno das eleições municipais de 2008 mostra que a tendência mais forte deste pleito foi a de vitória dos candidatos a prefeito que disputavam a reeleição e dos candidatos da “situação”. Segundo alguns cientistas políticos, este

“Aconteceu o que chamamos de efeito bem-estar, que favorece os prefeitos que estão no poder”, acredita o cientista político Paulo Kramer. Nas capitais, já no primeiro turno, 13 prefeitos conseguiram se reeleger, e os outros sete que entraram na disputa foram para o segundo turno.



Em relação à distribuição das forças políticas, o cientista político David Fleischer considera que a base aliada ao governo federal saiu vitoriosa da disputa. A maior parte dos prefeitos eleitos pertence a partidos que integram a base de sustentação do governo Lula. Juntos, PMDB, PT, PSB, PDT, PP, PRB, PCdoB, PR e outros partidos que apoiam Lula no Congresso Nacional elegeram cerca de 70% dos prefeitos do país. Já os partidos de oposição (PSDB, DEM e PPS) recuaram em relação à última eleição. O DEM elegeu 37% menos prefeitos; o PSDB encolheu 10% em prefeituras e o PPS viu sua presença nos municípios recuar 57%.



Boa parte dos prefeitos eleitos puderam contar, nos últimos anos, com uma ajuda cada vez maior do governo federal, que transferiu recursos para educação, saúde, programas sociais e, através do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), iniciou um programa de obras e investimentos por todo o país. Os administradores municipais que apoiaram e se identificaram com este esforço do governo foram recompensados nas urnas.



O líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), acredita que seu partido foi o maior vencedor da disputa e deverá ser fortalecido nas negociações para as próximas eleições presidenciais, em 2010. “Assim que a poeira assentar, vamos verificar com o presidente Lula e com os partidos da base o tamanho de cada um nas eleições de 2010 para construir um projeto”, declarou.



Até mesmo em cidades como São Paulo, onde a posição governa e que viu o prefeito do DEM, Gilberto Kassab, ir para o segundo turno com mais votos que a favorita Marta Suplicy (PT), a lógica do “bem-estar” se fez presente.



Cabe agora às forças progressistas fazer chegar ao eleitorado que votará no segundo turno em 29 grandes cidades do país, a idéia de que este sentimento de bem-estar que a população brasileira vive hoje foi conquistado graças ao trabalho de uma administração democrática e popular, tendo o presidente Lula à frente, e na retaguarda um amplo leque de forças políticas que lhe dão sustentação. Deste leque, a esquerda é quem mantém o governo avançando. É esta esquerda que deve colher os frutos dos êxitos conquistados e não as forças políticas conservadoras que desde 2002 boicotam e golpeam o governo e agora posam de aliados de ocasião.