Desesperada, Rosário destila preconceitos nas ruas

A candidata à Prefeitura de Porto Alegre, Maria do Rosário (PT), não consegue esconder mais seu desespero diante da possível derrota no primeiro turno. Na tentativa de virar um voto da candidata Manuela d´Ávila (PCdoB), o diário gaúcho Zero Hora

“Em uma caminhada na Vila Dique, a repórter Marciele Brum testemunhou um encontro de Maria do Rosário com uma eleitora que disse estar disposta a votar em Manuela d'Ávila (PCdoB). Rosário tentou virar o voto.


 


– Tu não podes votar numa guria de 27 anos. Ela é filhinha de papai, nunca fez nada na vida. Ela quer derrotar o Olívio.


 


A eleitora insistiu.


 


– E a Luciana Genro? Por que ela fala tão mal do PT? – perguntou.


 


– A Luciana precisa de um psicólogo. Depois que alisou os cabelos ela tirou as idéias do lugar.”


 


A nota acima, divulgada nesta segunda-feira (29) na coluna de Rosane de Oliveira, expressa bem a estratégia baseada no preconceito levada a cabo por Rosário nestas eleições. Longe de virar votos, a repercussão da tática atrasada só tem alimentado mais repulsa a candidatura petista.


 


Tiro no pé


 


“As declarações da candidata do PT, que atacam outras candidatas apelando para o preconceito merecem nosso mais veemente repúdio. Nossa sociedade tem contribuições de jovens em todas as áreas, na ciência, nas artes e também na política. Utilizar o preconceito de idade como subterfúgio para a crítica política, assim como críticas estéticas é uma tática rasteira e que deve ser banida da nossa sociedade”, comentou a presidente da UNE, Lúcia Stumpf.


 


“Por trás destes mesmos argumentos se insuflou o ódio aos negros, aos homossexuais e por muito tempo se justificou que as mulheres sequer tivessem o direito de votar. Nós não aceitamos que a disputa política permita que argumentos como esse sejam utilizados por quem quer que seja, ainda mais por quem busca administrar nossas cidades e as políticas públicas, inclusive às voltadas para a juventude”, agregou a liderança da UNE.


 


A baixaria da petista é na verdade um tiro no pé. Ela reproduz contra Manuela o mesmo preconceito que por anos se alimentou contra Lula, acusado de ''não ter experiência para governar'', e que hoje caiu por terra – vide a pesquisa Ibope desta segunda que dá novo recorde de aprovação (80%) para a administração do presidente.


 


Governar é mais que atacar os outros


 


No debate realizado pela TV Record neste domingo (28) à noite, a candidata comunista mostrou que, apesar da baixaria e insensatez nos ataques na petista, não rebaixará o nível de sua campanha.


 


Frustrando uma tentativa da petista de desacreditar a expressão “eles já tiveram a sua chance”, por conta da presença do PCdoB num dos períodos de governo liderado pelo PT, Manuela dobrou a candidata petista.


 


“A senhora conhece bem a hegemonia de seu partido, onde todos os diferentes eram excluídos do processo de administração. Governar a cidade é mais que atacar os outros. Eu uni sete partidos, não fiquei sozinha, pois acredito que juntos podemos governar a cidade”, disse Manuela à Rosário.


 


O medo do novo


 


Enquanto o desespero de Rosário foge de seu controle, crescem as chances de Manuela ir ao segundo turno. Temeroso de que a comunista vença o candidato peemidebista à reeleição para a prefeitura, José Fogaça, o senador gaúcho Pedro Simon (PMDB) chegou a admitir nesta segunda: “tenho medo é da Manuela [no segundo turno]. Ela é muito simpática, muito alegre, ela agrada”.


 


O medo não é à toa. Independente de quem enfrentará Fogaça a partir de 5 de outubro, uma coisa é certa: Manuela é o nome que mais se discute na campanha portoalegrense. É dela o comentário dos eleitores nas ruas, e é com ela que os candidatos à prefeitura mais se preocupam. 


 


Sem atacar, suas críticas estão no âmbito da política. Mesmo assim, ela segue sendo a mais atacada. O explícito preconceito flagrado pelo jornal no diálogo de Rosário esclarece o porquê: Manuela é mais uma jovem que, a exemplo de Giuseppe e Anita Garibaldi, entre tantos outros, ousou acreditar na superação das oligarquias políticas. Como já cantou a ilustre gaúcha Elis Regina, pode espernear, pode gritar, “mas o novo, o novo sempre vem”.


 


De Porto Alegre
Carla Santos