Porto Alegre: ataques de Rosário só reforçam Fogaça

''Causou estranheza a pesquisa Ibope divulgada neste sábado (27)'', disse Zero Hora. Com relação ao último levantamento, a nova pesquisa deu um crescimento de dois pontos para o candidato a prefeitura José Fogaça (PMDB). Manuela d´Ávila (PCdoB) c

Analistas políticos apontam dois fatos que podem explicar este crescimento contra toda a lógica. Um é o comportamento cordato e quase simpático que parte do grupo que apóia a candidata do PT tem tido para com o atual prefeito. O outro é a postura justamente oposta que a mesma petista tem tido contra a candidatura de Manuela.


 


Os ataques constantes de Rosário a Manuela, e de Luciana Genro a ambas, além de não beneficiar as candidatas da PT e do Psol – que seguem estagnadas já há três levantamentos nas pesquisas – só favorecem o insosso Fogaça que ileso continua surfando na liderança.
 


Rosário: estagnada e sozinha


 


Mais do que isso, os ataques de Rosário já sofrem a reação nas ruas. Em agenda na badalada rua Lima e Silva, centro da capital, na última sexta (26) à noite, Rosário, após declarar que o “que o vermelho não vai ficar roxo [cor da campanha de Manuela]”, foi atingida por água e detergente jogado pela janela de uma das residências da rua.


 


Ao se andar pela cidade se percebe uma significativa diminuição de volume da campanha petista. Há uma nítida sensação de que o MPT (Movimento PT), que inchou a ponto de derrotar a DS (Democracia Socialista) – corrente majoritária no PT gaúcho – nas prévias petistas, agora está menor e sozinho.


 


Para ampliar o isolamento, Rosário declarou neste sábado (27) que não apoiará o PPS num possível segundo turno em Porto Alegre, mesmo sabendo que em outros 61 municípios do estado o seu partido está coligado com a sigla já no primeiro turno. O resultado dessa estratégia desastrada, longe de fazer a petista crescer, deixou-a estagnada nas pesquisas.


 


Porto Alegre é pelo amor


 


Esse cenário pode indicar que o eleitor portoalegrense, antes afeito a agressividade movida pelo tradicional embate entre o PT e os “outros”, agora mudou. Ele parece privilegiar candidatos mais propositivos, associados à unidade e com campanhas ligadas a temas mais humanos.


 


Foi assim que o coração, símbolo da campanha de Germano Rigotto (PMDB), ganhou a Prefeitura de Porto Alegre em 2000 e foi assim, à margem de rinhas eleitorais, que Fogaça elegeu-se para a prefeitura em 2004.     


 


Ciente destas mudanças, Manuela procura manter-se longe das provocações estimuladas por Rosário e Luciana Genro. De olho no segundo turno, no lugar de agressões ela expressa consensos. Ao seu favor, e para desespero de Fogaça, estão muitos fatores. Entre eles, o repúdio à reeleição para a Prefeitura de Porto Alegre. Nunca em sua história a capital reelegeu um prefeito.


 


O termômetro das ruas


 


A candidata comunista também é a única entre os quatro mais bem colocados nas pesquisas que sempre se manteve fiel a um partido. Rosário era do PCdoB e foi para o PT, Fogaça era do PPS e foi para o PMDB, Luciana Genro era do PT e hoje está no Psol. Além disso, Manuela reuniu o maior arco de alianças destas eleições. Sete partidos compõem sua coligação.


 


A capacidade de diálogo, a atitude propositiva e o espírito de unidade contribuem para que a candidata não seja tratada apenas como um político pela população. Como disse o Zero Hora deste sábado: “Manuela já é uma celebridade, a namoradinha de Porto Alegre”.


 


Assim, querida pelos portoalegrenses, a campanha de Manuela cresce nas ruas e vem ganhando a adesão de importantes figuras da cidade. O presidente do Grêmio, Paulo Odone, os blogueiros Ricardo Noblat, Jorge Moreno e Ricardo Kostcho estão entre eles. O último, inclusive, tem repetidas vezes convocado outros jornalistas de peso a “manuelar” com ele pela vitória da comunista.


 


A farsa das pesquisas


 


Portanto, não há nenhum fato novo e de grande relevância que possa justificar a leve queda de Manuela registrada nas últimas pesquisas. Talvez por isso, já de longa data, a população da capital gaúcha veja com muitas reservas as pesquisas as eleitorais.


 


Em 1988, contrariando todas as pesquisas divulgadas até o último minuto e também todos prognósticos, o então candidato à Prefeitura de Porto Alegre Olívio Dutra (PT) vence as eleições, derrotando o candidato favorito, na época deputado federal peemidebista, Antônio Britto, que acabou em terceiro lugar sendo passado pelo então deputado federal Carlos Araújo (PDT).


 


Mais recentemente, em 2002, o vencedor da disputa para a Prefeitura de Porto Alegre, Germano Rigotto (PMDB), aparecia em terceiro lugar na última pesquisa divulgada no primeiro turno. Já em 2006, até um dia antes da disputa no primeiro turno para o Palácio Piratini as pesquisas indicavam a atual governadora Yeda Crusius (PSDB) em terceiro lugar.


 


Estes são apenas alguns exemplos das reviravoltas que costumam marcar as eleições dos pampas.  2008 ainda promete muitas emoções. Um fato, esse sim novo e até agora ainda não medido por nenhuma pesquisa, pode mudar o cenário contra Fogaça. Trata-se das denúncias de corrupção que levaram a saída do chefe de campanha do prefeito, o deputado estadual Luiz Fernando Záchia (PMDB), a uma semana do fim do primeiro turno.


 


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De Porto Alegre,
Carla Santos, com a colaboração de Gustavo Alves