Ceará tem energia garantida para 10 anos

Com crescimento de 5%, em média, da economia, o Ministério de Minas e Energia faz projeções de demanda e oferta para os próximos 22 anos

Dentro do Sistema Elétrico Interligado Nacional (SIN) e das projeções do Ministério de Minas e Energia (MME), o Ceará tem fornecimento de energia elétrica garantido para mais 10 anos, conforme informou o diretor de Estudos da Energia Elétrica da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), José Carlos de Miranda. A estimativa leva em consideração o crescimento médio de 5% da economia e vale para todo o País.


 


''Na realidade, o atendimento ao Estado do Ceará se dá dentro de um contexto nacional, na medida em que a operação do sistema é vista de uma maneira nacional para evitar racionamento em qualquer ponto do País. O Ceará, assim como o Sistema Interligado Nacional, tem garantia de atendimento ao seu mercado nos próximos 10 anos sem nenhuma perspectivas de dificuldades'', assegurou o diretor da EPE.


 


José Carlos explica que, para além de 2018, o Plano Nacional de Energia 2030 (PNE-2030) busca avaliar como será da demanda por eletricidade, pelo menos, nos próximos 22 anos. ''Já estamos começando a olhar até o ano 2035 para encontrar alternativas de atendimento ao crescimento de mercado em função das necessidades de crescimento da socioeconomia nacional.''


 


A matriz hidrelétrica, por exemplo, deve dobrar seu uso nesse período no País, diz. Atualmente, o Brasil tem um potencial de 260 mil MW, mas utiliza algo em torno de 100 mil MW. De acordo com projeções do PNE, o País deverá dobrar o uso da matriz hidrelétrica. ''Com hidrelétricas ambientalmente sustentáveis. É um desperdício não aumentar o seu potencial hidrelétrico'', ressalta.


 


No que diz respeito ao maior potencial cearense, a matriz eólica, José Carlos confirma estar sendo analisada a realização de leilões próprios. ''Nós estamos estudando a energia eólica na busca de viabilizar leilões para energia eólica para o próximo ano. É uma diretriz no Ministério de Minas e Energia para encontrar uma forma para que a energia eólica se torne mais competitiva e também que ela venha a ter um papel relevante na matriz energética nacional.''


 


O grande entrave da geração de energia a partir dos ventos é o preço, principalmente por conta dos equipamentos, a parte do investimento mais importante e mais onerosa. O diretor cobra esforço de fabricantes e empresários, no sentido de tornar a energia eólica mais competitiva.


 


Por outro lado, o que está sendo observado, lembra, é que há uma maior diversificação das fontes de oferta de energia elétrica e pouca variação nos preços em todos os leilões.


 


''Embora o setor elétrico trabalhe com preços crescentes, está havendo uma estabilidade nos preços desde 2005, observando um pequeno declínio. Isto tem feito com que o preço da energia para os consumidores tenha decaído em várias regiões do Brasil.''


 


As informações foram repassadas no seminário ''Água e energia no Nordeste: presente e futuro'' – projeto da Fundação Gilberto Freire -, ontem, na Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec). Na próxima terça-feira, dia 30, o debate ocorrerá em Salvador e o assunto será a transposição das águas do Rio São Francisco.