Ceara poderá ter usina nuclear 

Segundo a EPE, estudos para a usina nuclear nordestina começam entre outubro e novembro próximos

O Ministério de Minas e Energia (MME) inicia, até o fim do ano, estudos para definir a localização de uma usina nuclear no Nordeste do País. A planta, com capacidade instalada de 1.000 MW, faz parte do Plano Nacional de Energia, que prevê a implantação de duas usinas nucleares na região até 2030. O Ceará parte na frente nesta disputa, por conta da jazida de urânio de Itataia, localizada no município de Santa Quitéria, a 222 km de Fortaleza, segunda maior reserva do Brasil, com exploração prevista para 2012.


 


´Os estudos de localização de uma futura planta nuclear vão se iniciar em outubro ou novembro deste ano. A definição (de onde se construirá a usina) deve se dar até o próximo ano´, afirmou José Carlos de Farias, diretor de Estudos da Energia Elétrica da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao MME. Miranda foi um dos palestrantes do seminário ´Água e Energia no Nordeste: presente e futuro´, promovido ontem pela Fundação Gilberto Freyre, na Federação das Indústrias do Estado (Fiec).


 


O engenheiro destacou que o preço competitivo viabiliza investimentos em geração nuclear no País. ´Angra 3, por exemplo, tem custo de R$ 150 o Megawatt hora (MWh). Se você retirar os investimentos que a Petrobras fez no projeto, esse custo de geração cai para R$ 100 a R$ 120 o MWh´. Em 2020, as plantas de geração tendo o combustível radioativo como fonte representarão cerca de 2,7% da matriz nacional.


 


Respondendo às questões sobre impactos e segurança ambiental de um investimento nuclear, Farias destacou que os riscos de acidentes com resíduos radioativos no mundo são baixíssimos. ´Com as novas tecnologias, o resíduo anual de uma usina cabe em uma xícara média de café. Eu viajo três vezes por semana de avião e o risco de um acidente aéreo é o mesmo de uma usina, levando em conta as estatísticas da 700 plantas nucleares em operação no planeta´, comentou.


 


Faturamento em Itataia


 


Quando iniciar suas operações, no primeiro trimestre de 2012, a mina de Santa Quitéria deve ter um faturamento anual de pelo menos US$ 525 milhões, com a extração de fosfato e urânio. A previsão é da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), a qual cabe a exploração do combustível nuclear. Apesar de representar apenas 1% do produto explorado, o urânio, depois de separado de outros materiais e concentrado, transforma-se em um sal amarelo, o ´yellowcake´, cujo valor no mercado internacional chega a US$ 150 mil por tonelada.


 


Quando estiver em sua produção plena, serão extraídas cerca de 1.500 toneladas por ano, que renderão faturamento de US$ 225 milhões. Estima-se que sejam retiradas da mina cerca de 240 mil toneladas de fosfato por ano, o que representa um faturamento de mais US$ 300 milhões.


 


COM REGASEIFICAÇÃO
Oferta de GNL tem potencial de ampliação


 


A planta de regaseificação de Gás Natural Liquefeito (GNL) da Petrobras, no Porto do Pecém, abre a possibilidade de mudança na participação do combustível na matriz energética nacional. Mais do que isso: a unidade vai aumentar a oferta do gás em todo o Nordeste e, especialmente, no Ceará, possibilitando a diversificação de seu uso.


 


´O gás hoje participa com 11,5% da matriz e pode chegar a 20%, conforme estabelecido no Plano Nacional de Energia. Mas este é um dado defasado, tendo em vista a unidade do Pecém´, comentou José Carlos de Farias, diretor de Estudos da Energia Elétrica da EPE.


 


Para o engenheiro, o grande desafio da Petrobras é procurar comprar o GNL de vários países, para não ficar dependente do fornecimento, como acontece com o gás natural boliviano. ´O GNL pode vir da Nigéria e de outros produtores´, disse. Hoje, o preço médio da geração termelétrica a partir do gás natural está em torno de R$ 120 a R$ 130 o MWh.


 


A planta de GNL do Pecém vai permitir o atendimento às usinas térmicas já instaladas no Pecém (TermoFortaleza e TermoCeará), incluindo também a nova usina a gás que ganhou o leilão do MME em 17 de setembro, a José de Alencar, que entra em operação em 2011, com potência instalada de 300 MW e preço de R$ 131,44 o MWh.


 


´A unidade de gaseificação vem garantir a oferta de gás natural para todo o mercado do Ceará e Nordeste, por conta da interligação, que existe através do Gasodudo Nordestão´, frisou. O terminal do Pecém tem capacidade para regaseificar 7 milhões de m³/ dia e representa um investimento de R$ 300 milhões da Petrobras.