Quarto maior banco de investimentos do EUA abre falência

O quarto maior banco de investimentos dos Estados Unidos, Lehman Brothers, anunciou nas primeiras horas desta segunda-feira (15) que abrirá falência no decorrer do dia, ''a fim de proteger seus ativos e maximizar seu valor''. O Lehman solicitará

''Os clientes do Lehman Brothers, inclusive os de sua filial, o Neuberger Berman Holdings, poderão continuar a negociar seus títulos ou adotar qualquer decisão que lhes pareça necessária no que se refere a suas contas'', diz o comunicado.

Candidatos a comprador recuaram

Depois de anunciar perdas de US$ 60 bilhões, na seqüência da crise do crédito imobiliário, o Lehman Brothers buscou um comprador, com o aval do Federal Reserve (o Fed, banco central dos EUA), mas no domingo achou-se em um beco sem saída com o recuo dos compradores potenciais.

O banco britânico Barclays  confirmou em um comunicado que tencionava investir no Lehman, mas desistiu. O Bank of America (BofA),  tido como potencial comprador, segiu o mesmo caminho, mas a falta de garantias suficientes do Fed contra perdas potenciais fez com que ele recuasse, conforme noticiou o The New York Times.

Bank of America será o maior do mundo

O BofA negocia no entanto a aquisição de outro grande banco de investimentos estadunidense, o Merrill Lynch, pela soma de US$ 50 bilhões. A incorporação dará nascimento à maior instituição financeira do mundo, com ativos da ordem da mais de US$ 2,5 trilhões.

O acordo também transformará o BofA em proprietário de cerca da metade do fundo de investimentos BlackRock, que gere em seu portfolio cerca de US$ 1,4 trilhão.

''É uma grande oportunidade para nossos acionistas'', comemorou Ken Lewis, presidente do Bank of America, num comunicado. Merrill Lynch, presidente do Merrill Lynch, também expressou contentamento com a perspectiva de colaboração com o comprador de seu banco, para criar ''aquela que será a maior instituição financeira do mundo''.

Pelos termos do acordo, três executivos do Merrill Lynch passarão a integrar o conselho de administração do BofA. A incorporação foi aprovada pelos conselhos de administração das duas empresas, mas ainda deve ser validada pelos acionistas antes de receber o sinal verde das autoridades de controle do mercado financeiro. O meganegócio deve ser concluido no primeiro trimestre de 2009.

O Merrill Lynch, terceiro maior banco de investimentos de Wall Street, perdeu US$ 52 bilhões de dólares desde o início da crise dos ''subprimes''. Somente na últiima sexta-feira sua cotação na bolsa despencou 12%. No acumulado do ano o recuo das ações atingiu 68%.

Consórcio salva-vidas de US$ 70 bi

As fusões e aquisições de empresas, tanto como as falências, fazem parte do cenário clássico das crises econômicas do capitalismo. Enquanto alguns concorrentes naufragam, outros ampliam as fronteiras de seus impérios. No início do ano, o JPMorgan Chase comprou outra instituição em apuros, o Bear Stearns, numa operação semelhante, embora alguns bilhões de dólares mais modesta.

Já a quebra do Lehman Brothers acrescentará algumas pitadas de nervosismo ao mercado financeiro nos EUA e no mundo. Durante todo o fim de semana as negociações entre banqueiros prosseguiram nos escritórios do Fed, buscando uma restruturação que terminou por se mostrar impossível.

Diante do abalo sísmico  desta segunda-feira, os pesos-pesados do mundo financeiro anunciaram um consórcio para fazer empréstimos de emergência a outras empresas que não consigam fechar suas contas. O Bank of America, Barclays, Citibank, Credit Suisse, Deutsche Bank, Goldman Sachs, JP Morgan, Merrill Lynch, Morgan Stanley e UBS entrarão com US$ 7 bilhões cada um – totalizando US$ 70 bilhões, visando ''ajudar a elevar a liquidez e diminuir a volatilidade e outros desafios que afetam a economia global''.

Greenspan: é a pior crise

Segundo o comentário feito neste domingo por Alan Greenspan, que presidiu o Fed por 19 anos e é considerado um monstro sagrado do mundo das finanças, a crise atual é a pior dos últimos 50 anos e talvez também do século passado. ''Não há nenhuma dúvida de que isso está perto de superar tudo o que já vimos, e ainda está longe de se resolver, ainda deve durar algum tempo'', agourou.

Greenspan defendeu limites para as tentativas intervencionistas do poder público. Disse que o governo federal americano ''não pode estender uma rede de segurança debaixo de todas as instituições financeiras que quebrarem''. Para ele, a maior probabilidade é que a crise leve os EUA para a recessão.

Da redação, com agências