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Ipea não revisará mais previsões macroeconômicas do país

O diretor de Estudos Macroeconômicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), João Sicsú, afirmou que o Grupo de Análise e Previsões não vai mais promover revisões trimestrais das projeções macroeconômicas da instituição. De acordo com ele, hav

Sicsú usou como exemplo o déficit em transações correntes, estimado para US$ 11,5 bilhões pelo Ipea para este ano. De acordo com ele, só haverá revisão quando o acumulado no ano superar esse valor e a diretoria colegiada da instituição, formada por sete diretores, decidir que deve ser apresentada uma nova projeção, inclusive com as justificativas para o erro na previsão inicial. “O Ipea não fez revisão de projeções porque nenhuma das suas previsões foi confirmada ou desmentida pela realidade e não houve nenhuma reunião da instituição para se discutir revisão da previsão”, ressaltou Sicsú.



Mais cedo, durante a apresentação da Carta de Conjuntura de junho, técnicos do Grupo de Análise e Previsões (GAP) do Ipea afirmaram que as equipes já trabalham com novas previsões, que não haviam sido divulgadas. O coordenador do GAP, Miguel Bruno, afirmou que a não-divulgação se devia a uma decisão da diretoria colegiada do Ipea e não a uma redução da transparência do instituto.



O órgão é vinculado ao Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República e subordinado ao ministro Mangabeira Unger. Entre as projeções feitas em março estão crescimento de 4,2% a 5,2% no PIB de 2008, inflação de 4% a 5% no ano e saldo comercial entre US$ 23,8 bilhões e US$ 27,3 bilhões.



Sicsú confirmou que uma mudança na previsão oficial para qualquer das variáveis macroeconômicas analisadas pelo Ipea depende da autorização da diretoria, mas negou qualquer censura dentro do instituto. Segundo ele, os técnicos do Ipea têm total liberdade de divulgar previsões pessoais, desde que asseverem não se tratar da visão oficial do instituto.



O diretor justificou a decisão de não se revisar as previsões trimestralmente – como era praxe da instituição até agora – devido ao objetivo do Ipea de pensar o longo prazo. Para ele, caso a realidade mostre o erro nas previsões feitas em março, nada impede que a diretoria colegiada divulgue, independentemente da publicação da Carta de Conjuntura, uma nota técnica com novas previsões e explicações para o erro.



“O Ipea faz pesquisa e não opera política econômica, nem opera no mercado financeiro. Então, decidimos fazer previsões no início do ano. Vejo pouca utilidade em uma instituição de pesquisa ficar refazendo previsão sem ter cometido erro e sem ter feito análise mais profunda”, explicou Sicsú.



Fonte: Valor Econômico