Cachoeiro 2005 a 2008 e o governo que não foi

As vésperas de mais uma eleição em Cachoeiro de Itapemirim, no estado do ES, seria natural que todas as questões relativas ao pleito do próximo mês de outubro estivessem girando em torno do atual mandatário do município. Entretanto, as últimas pes

As possíveis explicações sobre esse desempenho tão inexpressivo são múltiplas, entre elas constam: a excessiva centralização da atual administração em um super-secretario (materializada na figura do filho do prefeito), os 16 anos longe da administração municipal afastaram Valadão e seu grupo político da realidade de Cachoeiro, o ritmo lento da tomada de decisões e execução de ações cotidianas, o envelhecimento dos principais quadros do PMDB cacheirense, enfim, as prováveis explicações são variadas e uma complementa as outras.


 


Podemos analisar ainda que as próprias expectativas criadas pelo eleitorado da cidade – que deu uma vitória incontestável ao atual prefeito – começaram a ser frustradas logo nos dois primeiros anos do atual mandato. Isso porque, em relação aos seus principais oponentes da disputa de 2004 (Jathir Moreira e Carlos Casteglione) Valadão se destacava exatamente pela sua amplamente divulgada  experiência administrativa anterior (1983-1988).


 


Dessa forma, após tomar posse, em vez de colocar em prática sua experiência administrativa, o discurso do prefeito passou a se concentrar apenas em torno dos problemas que haviam sido herdados das “administrações anteriores”.


 


Assim, a incapacidade de superar esses ditos problemas e imprimir uma marca clara na prefeitura foram os fatores iniciais que determinaram a rápida diluição dos índices de popularidade herdados da época da eleição de 2004.


 


Outros erros cometidos pelo prefeito também tiveram um peso considerável nesse processo de desgaste. Como no episodio das denúncias do Ministério Público sobre os casos de nepotismo na prefeitura e a despreocupação em relação as articulações políticas em torno da eleição da mesa diretora da Câmara Municipal.


 


Em três anos e meio de gestão os problemas foram se avolumando. Nesse sentido, a ocupação das dependências da sede do governo municipal por agentes da Polícia Federal, no último dia 20 de junho, que estariam investigando supostas irregularidades envolvendo verbas federais destinadas as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) foi o ato que, simbolicamente, determinou o fim da administração do atual chefe do executivo.


 


Isso porque a poucas semanas do inicio da campanha eleitoral restaram como aliados do PMDB apenas partidos políticos ligados por questões fisiológicas (cargos na administração). Essa sucessão de equívocos permitiu que seu principal e eterno rival eleitoral (deputado Theodorico Ferraço) acumulasse números cada vez mais positivos nas pesquisas eleitorais. Resumidamente, por seus próprios erros o atual prefeito foi o principal “cabo-eleitoral” do ex-prefeito.


 


O desgaste do chefe do executivo junto aos cachoeirenses é tal que o lançamento de inúmeras candidaturas a sua sucessão é um sinal evidente que a bandeira do anti-ferracismo – por décadas empunhada hegemonicamente pelo prefeito – está sendo disputadas por novos atores políticos.


 


O isolamento e o desprestigio do prefeito junto ao conjunto da população é tamanho que não será surpresa se as candidaturas de Casteglione (PT), Glauber Coelho (PR) e Lazaro Costalonga (PCdoB) superarem a do atual prefeito na disputa de outubro. O que imprimiria uma marca melancólica a uma carreira política de mais de quatro décadas.


 


*Pedro Ernesto Fagundes é membro do Comitê Municipal de Cahoeiro do Itapemirim no ES.




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