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Yeda anuncia “gabinete de transição” no RS e critica PF

 A governadora Yeda Crusius (PSDB) anunciou, segunda-feira (9), a criação de um gabinete de transição coordenado pela própria e formado por um representante de cada um dos cinco partidos que compõem a aliança partidária de governo – PSDB, PMDB, PP

Após o fracasso do “novo jeito de governar”, slogan adota pela governadora para definir sua gestão, vem aí o “novíssimo jeito de governar”. A própria governadora é quem define o papel do gabinete de transição: “formulará critérios de participação partidária na Governança do Estado para a execução de políticas públicas e a defesa do projeto referendado pelos gaúchos nas urnas do pleito de 2006”.



Segundo ela, “está garantida a continuidade da atual política administrativa inovadora, e que tem o ajuste fiscal como um dos seus pilares para promover o desenvolvimento de políticas públicas sociais que geram oportunidades de emprego e renda para os gaúchos e que têm recebido apoio da Assembléia Legislativa e de importantes instituições como o Banco Mundial”.



A decisão é resultante das conversas que o governo manteve nos últimos dias para tentar assegurar a própria sobrevivência. Yeda decidiu também desencadear uma ofensiva midiática, especialmente nos veículos do grupo RBS. Na tarde desta segunda, convidou repórteres da rádio Gaúcha para anunciar as medidas. À noite, foi a entrevistada especial do Conversas Cruzadas, em um programa especial que marcou a apresentação dos novos cenários da TVCom (RBS TV). Essa é uma das idéias básicas das decisões anunciadas segunda-feira: apresentar um novo cenário ao fundo para que a âncora possa seguir apresentando o show de “inovação administrativa” que se assiste hoje no Rio Grande do Sul.



Críticas ao trabalho da PF



Na entrevista, Yeda Crusius voltou a manifestar contrariedade com o trabalho da Polícia Federal na Operação Rodin. Ao falar da sucessão de denúncias que atingiu seu governo, Yeda disse que elas, em parte, são resultado do “novo jeito de governar” que estaria contrariando “interesses do velho jeito de fazer política”. E reclamou do clima de Big Brother (“invenção de um autor dos anos 1970”, afirmou). “O que faz uma voz, uma imagem, uma foto”, acrescentou, referindo-se à queda de seu secretário do Planejamento, Ariosto Culau, flagrado tomando um chopp com o lobista Lair Ferst, um dos acusados de integrar a quadrilha que roubou o Detran.



“Ninguém está sabendo o que o lado de lá tem gravado”, disse em tom de queixa, referindo-se ao trabalho da PF. Indagada sobre a razão pela qual nunca fez uma condenação à atuação de ex-dirigentes de seu governo presos pela PF, a governadora observou: “são pessoas caídas, tombadas, que sofreram muito, a maneira como foram presos pela Polícia Federal, algemados, levados em camburão”. Yeda também criticou a CPI do Detran, referindo-se a ela como uma “CPI midiática”.



E chamou o presidente da comissão, deputado Fabiano Pereira de “irresponsável” por ter levantado suspeitas sobre a compra da casa nova da governadora. Sobre a polêmica da casa, Yeda mais uma vez criticou a Polícia Federal. “Houve um erro de origem nos interrogatórios da Polícia Federal. Eles persistiram em perguntar sobre um cheque de Lair Ferst. Comprei uma casa digna, que ficou muito bonita depois da reforma. Passa um invejoso na calçada que nunca trabalhou e fica dizendo, hum, essa casa…”



A governadora não informou como ficou sabendo que a Polícia Federal interrogou Lair Ferst sobre a casa.



Vice-governador desmente governadora



Ainda na segunda-feira, o vice-governador Paulo Feijó (DEM) desmentiu Yeda Crusius (PSDB) e confirmou que o empresário e lobista tucano Lair Ferst captou recursos na campanha eleitoral de 2006. Indagado sobre esse tema, Feijó respondeu que assim como ele ajudou a captar recursos junto a amigos para a campanha de Yeda, Lair Ferst também fez o mesmo junto “a pessoas do networking dele”. “Ele freqüentava quase que diariamente o comitê de campanha”, acrescentou.



É a primeira vez que um integrante do núcleo do governo confirma a participação de Ferst na parte financeira da campanha. A governadora Yeda Crusius já negou várias vezes essa participação, garantindo que Lair atuou apenas como militante da campanha. Na entrevista coletiva que concedeu sábado, Yeda Crusius reafirmou essa tese, dizendo que o lobista foi apenas mais um militante. “Esteve perto, segurou bandeira”.



Na entrevista coletiva, Feijó acusou o ex-chefe da Casa Civil, Cézar Busatto, de tentativa de cooptação em troca de vantagens. “Este mesmo senhor já tinha me feito outras propostas escusas, propondo que eu abrisse mão de posições minhas em trocas de cargos. Gravei a conversa para me proteger de mais uma tentativa de cooptação. Eu sabia que ele vinha com aquela conversa de novo. É importante que não se perca o foco nos acontecimentos. Na conversa fica claro quem é Busatto, diz uma coisa para a população e quando tem o poder faz outra”.



Além disso, acusou Busatto de integrar um submundo adepto de práticas mafiosas e defendeu sua decisão de fazer a gravação: “De que outra forma este submundo seria posto às claras. Não posso aceitar mafiosas. Já foi feito um bem em não ter essa pessoa no governo.



MP cria grupo para investigar denúncias



O Ministério Público do Rio Grande do Sul anunciou a formação de um grupo de trabalho em conjunto com o Ministério Público Especial de Contas e o Ministério Público Eleitoral para investigar as denúncias sobre irregularidades em órgãos públicos do Estado. O anúncio foi feito segunda-feira pelo Procurador-Geral Mauro Henrique Renner. A prioridade do grupo será a investigação de desvios de recursos públicos. Para Mauro Renner, essa é uma grande oportunidade para o saneamento das instituições públicas do RS, “rechaçando qualquer tipo de corrupção que possa estar ocorrendo”.



O Procurador-Geral anunciou ainda que, nos próximos dias o vice-governador, Paulo Afonso Feijó, comparecerá ao Ministério Público para dar seu depoimento sobre os fatos ocorridos e colaborar com informações e dados que tenha conhecimento. “Precisamos com muita serenidade e cautela, expurgando todos os fatos de interesse político e pessoal, chegar a uma conclusão com seriedade e comprovação dos delitos, para dar uma resposta satisfatória ao povo gaúcho”.



* Fonte: http://www.cartamaior.com.br