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Investimento das estatais é o maior dos últimos dez anos

O governo federal divulgou nesta segunda-feira (2) o balanço bimestral dos investimentos das estatais. A novidade é mais um recorde de aplicações. Os investimentos de janeiro a abril são os maiores dos últimos dez anos. No total, as empresas desembolsaram

O valor de investimentos, em março e abril, no patamar de R$ 7,6 bilhões é superior aos realizados nos dois primeiros meses de 2008, que somaram R$ 5,9 bilhões. Já no quadrimestre deste ano, o valor investido foi de 21,3% do montante anual autorizado de R$ 62,9 bilhões. Este orçamento engloba execução de obras e serviços em 364 projetos e 272 atividades.



Em contrapartida, mesmo os investimentos recordes e os dois títulos de investment grade não devem ser suficientes para o Brasil repetir a taxa de crescimento alcançada em 2007. A constatação é do economista e professor da Universidade de Brasília (UnB) Roberto Piscitelli. Para ele, os problemas na economia mundial, a desaceleração nos Estados Unidos e o aumento esperado da taxa de juros na reunião desta semana do Comitê de Política Monetária (Copom), para conter a inflação, devem influenciar negativamente o crescimento do país.



Apesar da evolução expressiva de investimentos, o crescimento não foi satisfatório para fazer as aplicações atingirem o patamar considerado ideal. Caso a execução orçamentária fosse linear, um cálculo proporcional dos quatro primeiros meses em relação ao ano inteiro mostra que se o ritmo dos investimentos continuar o mesmo, ao final do ano, as estatais devem aplicar R$ 40,2 bilhões, ou seja, 64% dos recursos autorizados. “Neste caso, as companhias deveriam pisar mais fundo no acelerador”, avalia Piscitelli.



Boas perspectivas



O economista acredita que a execução de obras e aquisição de equipamentos poderia ser ainda maior. “Se os investimentos forem feitos linearmente durante o ano, o valor fica abaixo dos 2/12 esperados, ou seja, de 16,7%”, argumenta. No entanto, Piscitelli pondera que maiores aplicações podem estar previstas nos próximos meses e que, mesmo assim,  seria necessário conhecer o plano de investimento das empresas para se ter certeza. De qualquer forma, o economista espera um aumento dos gastos por ser ano eleitoral.



Dos gastos realizados com investimentos neste ano, 77,2% do total foi financiado com recursos das próprias empresas. Em relação à dotação anual, os recursos próprios equivalem a 86,4%. São 67 companhias estatais federais, sendo 58 do setor produtivo e 9 do financeiro. Das empresas do setor produtivo, 16 pertencem ao Grupo Eletrobrás, 20 ao Grupo Petrobras e as 22 restantes estão agrupadas em outras companhias.



Os investimentos das estatais são responsáveis por uma parcela significativa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Conforme divulgou reportagem do Contas Abertas no último domingo, dos R$ 503,9 bilhões previstos para serem investidos em infra-estrutura para o país entre 2007 e 2010, cerca de R$ 436,1 milhões são decorrentes de empresas estatais e da iniciativa privada. Os outros R$ 67,8 bilhões são do Orçamento Geral da União (OGU), aplicados diretamente pela administração federal.



Os investimentos da administração direta mais que duplicaram se comparados com o mesmo período de 2007. As aplicações governamentais por intermédio do PAC passaram de R$ 1,4 bilhão, nos cinco primeiros meses do ano passado, para R$ 2,9 bilhões no mesmo período de 2008.



No entanto, as aplicações do PAC contabilizadas no OGU, também não estão com a execução ideal, a exemplo dos investimentos das estatais. O economista afirma que considerando o PAC como o carro-chefe do governo federal, a execução está longe do esperado. “Precisa evidentemente de um ‘chacoalhão’, popularmente falando, para que atinja os objetivos a que se propôs (acelerar o crescimento de forma sustentável)”, afirma.



Maiores investimentos



No segundo bimestre deste ano, 36 programas foram contemplados com investimentos. No quadrimestre, o destaque foi para o setor petrolífero por aplicar, até abril, R$ 11,2 bilhões. Outro destaque foi o setor de energia elétrica com R$ 832,5 milhões de gastos com infra-estrutura. O programa Luz para Todos, por exemplo, coordenado pelo Ministério de Minas e Energia com participação da Eletrobrás e de suas empresas controladas, investiu R$ 39,4 milhões, até o segundo bimestre.



Ao Ministério de Minas e Energia (MME) estão vinculados 89,2% dos investimentos de estatais. O órgão é responsável por um montante anual no valor de R$ 56,1 bilhões. Deste total, o ministério aplicou R$ 7,3 bilhões no segundo bimestre do ano. A pasta obteve o melhor desempenho dentre os órgãos ao realizar, até o final de abril, investimentos da ordem de R$ 13 bilhões, o equivalente a 23,1% da programação anual das empresas vinculadas ao ministério. O Grupo Petrobras, subordinado ao MME, é líder de investimentos. No primeiro quadrimestre, investiu R$ 12,2 bilhões, um coeficiente de desempenho de 24,2%, se levado em conta o orçamento autorizado de R$ 50,2 bilhões.



Na seqüência, o Ministério da Fazenda (MF) cumpriu 9,6% da sua programação. Dos R$ 3,1 bilhões previstos para ações de empresas vinculadas à pasta, R$ 295,5 milhões foi aplicado até abril deste ano. Entre as unidades subordinadas ao órgão, a Caixa Econômica Federal, que apesar de ter realizado os maiores investimentos na comparação com as outras entidades vinculadas à Fazenda, aplicou, até abril, somente 7,8% (R$ 73,8 milhões) dos recursos autorizados para o ano de R$ 948,9 milhões.



Por sua vez, o Ministério da Defesa (MD) apresentou 3,6% (R$ 79 milhões) de desempenho no primeiro quadrimestre se comparado à dotação autorizada para o ano de R$ 2,2 bilhões. A Infraero, estatal vinculada  ao MD, aplicou, até abril, R$ 79,1 milhões. Já no primeiro bimestre, os investimentos foram da ordem de R$ 45,1 milhões. A Indústria de Material Bélico do Brasil (Imbel) investiu R$ 642,2 mil, um desempenho de 35,7% frente ao orçamento anual de R$ 1,8 milhão.



Fontes: Contas Abertas